08 outubro, 2013

Rui Moreira, fiel a si próprio, ou refém de Rui Rio?

Quem, como é o meu caso, escreve publicamente, não pode, mesmo que o queira, dissimular durante muito tempo as suas simpatias ideológicas. Digo ideológicas e não políticas, porque apesar de em teoria ainda subsistirem aspectos importantes a diferenciá-las, não me revejo no que os partidos portugueses ditos de direita e de esquerda, têm feito pelo país. Se os primeiros, continuam estupidamente esclerosados,  dando razão e restaurando a tese marxista da exploração do homem pelo homem, enferrujando as suas já muito estafadas teorias, a esquerda moderada não consegue resistir à atracção dos modelos capitalistas, salpicando-a, para sobreviver, aqui e ali, de avulsas reformas sociais de efémera longevidade.

Se polarizei a política nacional entre esquerda e direita e esqueci o centro, é porque não encontro nenhum partido que corporize essa ideia de centro. Sobre os partidos da oposição, nem vale a pena falar, porque há muito desistiram de se tornar numa alternativa ao PS e ao PSD/CDS. Para quem escolheu a política partidária [remunerada] como modo de vida, é manifestamente pouco.

Aqui chegado, parece-me inútil explicar por que é que as eleições autárquicas se revestem de uma importância transcendental aos próprios partidos, comparativamente às legislativas. A maior aproximação dos autarcas ao povo permite-lhes uma liberdade de accção que os governantes não possuem e que muitas vezes até evitam. Da capacidade de liderança de um presidente da Câmara depende o destino de uma cidade ou de uma região. É por isso e apenas por isso, que vou ficar expectante em relação à gestão de Rui Moreira na Câmara do Porto. 

Tenho um bom exemplo na família do qual muito me orgulho [passe a imodéstia] que de certa maneira vem de encontro à minha expectativa. O meu avô paterno. Ele soube sempre distinguir muito bem o seu papel de militar do de político. Não foi por ter servido o Estado Novo, que recusou a continência da praxe a um determinado ministro, mas que o deixou de mão estendida à espera de um aperto de mão que nunca aconteceu... Não foi por isso que perdoou a comparência em tribunal de um presidente da Câmara da época, que tudo tentou para o evitar... Nem foi por isso que o Estado português lhe recusou a mais alta condecoração militar: a Ordem de Torre e Espada.  Pela mesma ordem de razões, ainda não desisti de acreditar que é na têmpera, mais que na partidarite, que se burilam os grandes Homens. 

Aguardemos pois para saber se Rui Moreira é muito mais que a soma das partes que politicamente o apoiaram. Eu gostava de acreditar que sim, embora não acredite no Pai Natal há muitos anos. Aguardo para ver...

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