01 março, 2010

Não haverá mesmo nada para inventar para o bem estar da Humanidade?

Continuar a falar da esquerda política vinte e um anos após a queda do Muro de Berlim [Berline Mauer] e do regime comunista que a idealizou, parece-me completamente despropositado. O socialismo, quer se goste ou não, foi corporizado pelos partidos comunistas de todo o Mundo que acabaram por se constituir na principal referência que definiu a esquerda.
Foi a partir dessa referência «padrão» que surgiram todas as outras esquerdas que entretanto se fundiram e confundiram com extremismos de esquerda e de direita, que o eleitorado nunca levou muito a sério. Até hoje.
Com o andar do tempo, à esquerda do comunismo ortodoxo, foi-se implantando outra esquerda, mais soft, mais simpática e humanizante, escondida atrás de um socialismo cheio de ambiguidades que o tempo se encarregou de desmascarar apesar de hoje ainda sobreviverem [dificilmente] um pouco por toda a Europa.
Já poucos acreditam no comunismo. Começando pelos próprios comunistas que perceberam a tempo que a sua sobrevivência a nível político-partidário dependeria do reconhecimento de um papel secundário no cenário dos partidos nacionais, que pouco mais podia ser do que um partido de protesto. Há, contudo, um vazio ideológico que continua por ocupar esse espaço perdido pelos comunistas que tem sido desperdiçado por todos os partidos políticos. Não há um único com ideias novas!
Não será dramática esta pobreza ideológica. O que é verdadeiramente dramático, é que esse vazio ideológico, económica e socialmente falando, permaneça respaldado num conceito de vivência ambíguo prisioneiro da palavra Democracia. A Democracia é muito mais que uma palavra, é verdade, porque teoricamente nos "garante" a liberdade de expressão e opinião, mas não é de per si um regime estruturalmente sólido, no que concerne a gradual melhoria da qualidade de vida das populações. Há quem interprete esta lacuna organizacional como a maior virtude da Democracia que deixa a cada cidadão a liberdade de construir os alicerces do seu próprio futuro e assim contribuir para o futuro do país. Pessoalmente, considero esta teoria demagógica e um pouco pretensiosa. Em cada homem há uma forma diferente de ver a vida, mas todos têm o mesmo direito de a disfrutar, importando para tal que se criem condições consensuais.
As tristes figuras que os políticos continuam a fazer nas barbas do Povo não auguram nada encorajador para o futuro próximo. Os Governos não governam e as oposições limitam-se a opôr-se, sem ideias nem convicções. Discutem os mexericos, conspiram e regressam a suas casas convencidos de terem prestado um alto serviço ao país. Aquele é o seu emprego. Sólido e com estatuto. A ambição "política" está longe de abraçar as grandes causas.
Mantenho por isso a convicção de que a Democracia não pode ser a derradeira estação a partir da qual as sociedades se podem reorganizar. Tal como está, com regras incumpridas e valores subvertidos, a Democracia vai-se assemelhando a uma espécie de anarquia fétiche onde cada um só não faz o que lhe dá na gana porque ainda há uma «autoridade» policial disponível para intervir caso o património dos mais poderosos seja ameaçado. A Democracia não pode continuar a servir de escudo para os que mais abusam dela. Se continuarmos a tolerar o constante estado de embriaguez política e governativa com o álibi chantagista de fazer perigar o regime democrático se o contestarmos estaremos com isso a contribuir para a sua própria degradação.
A Democracia pode até ser o pior dos regimes à excepção de todos os outros, mas também, temos de o admitir, porque salta aos olhos, pode não ser o melhor...
Se tivéssemos do progresso tecnológico o mesmo olhar conservador que revelamos com o progresso social, hoje os computadores continuariam a ser aqueles armários monstruosos e lentos dos anos 80, ou nem sequer teríamos computadores. Se a tecnologia avança, não existe nenhuma razão para não avançar uma nova ordem mundial. Se esta mudança não acontece há uma única explicação para isso: a ganância capitalista.

4 comentários:

  1. Caro Rui!

    Corroboro consigo e no excelente texto que publicou, e tenho a opinião de que o vazio ideológico existe em todos os quadrantes partidários! Porque temos uma classe politica (maioria) que enveredou pela politica para ter um emprego!

    Na minha opinião é imperioso que nasça da sociedade civil exemplos que provoquem a roptura do actual estado desta situação, a exemplo do que aconteceu recentemente com a candidatura de um Homem, aparentemente, liberto dos partidos politicos!

    Abraço

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  2. Pegando na ideia do Nightwish, porque não um partido pirata a partir do Porto, para quebrar o ciclo vicioso?

    Que aparecem os homens notáveis, ou pelo menos os que estão sempre na C.Social.

    Um abraço

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  3. Há: Gènises

    Adão e Eva no paraíso sem o pecado
    Original.

    Depois esperar.


    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...