13 outubro, 2008

Comentário/Post de B) e o esquilo de sky ...

Continuo a achar que o Metro do Porto não vai ter uma única linha de extensão e que toda esta encenação não passa de propaganda política para o PS conquistar a CMP.

O PSD está à deriva e MFL já deu absolutamente todos os sinais de que não quer empreender mais diligências na administração do partido do que um administrador de massa falida empreende numa empresa que busca um novo dono. MFL gere os negócios correntes do partido, mantém a coisa a funcionar e espera que alguém pegue nele e lhe dê novo ânimo. Entretanto, dado que ninguém do aparelho Lisboeta está disposto a pegar no partido, pois sabem que não têm hipótese contra Sócrates em 2009, deixam os provincianos ir gerindo a coisa.

É neste contexto que o concurso para a liderança do PSD se tem desenrolado. Curiosamente quase todos os candidatos de nome são pessoas de fora do aparelho central: Rui Rio, Alberto João Jardim, António Borges são apenas alguns dos nomes que já se mostraram disponíveis para avançar contra o PS em 2009.
De entre estes nomes existe um que suscita temor: Rui Rio. Alberto João Jardim padece de ser tratado pela comunicação social olissipocêntrica como um boçal (coisa que não é) que defende com unhas e dentes a sua terrinha para ganhar dinheiro com o imobiliário (como se o estado central não o fizesse; mas avanti). António Borges não goza de grande prestígio fora dos meios financeiros; seria um excelente ministro da economia ou finanças mas não granjeia paixão junto do publico. Resta Rui Rio.

Curiosamente Rui Rio goza de uma opinião relativamente favorável junto da opinião pública. O escândalo do FCP e a distanciação ostensiva que realizou de Pinto da Costa (inegavelmente a pessoa mais odiada do país) tinha como propósito despegá-lo de uma imagem de autarca regionalista para a de um político em ascensão com ambições e capacidades nacionais. Para além disso, foi cultivando uma imagem de rigor, de transparência, de seriedade que agradou de sobremaneira a um certo eleitorado, que se habituou à imagem de um Norte corrupto e futebolizado promovido pela comunicação social. Promoveu essa imagem e com isso foi conquistando o eleitorado nacional.
Rui Rio é o candidato ideal do PSD para ir às eleições em 2009. O PS, fragilizado pela crise dos combustíveis, pela crise financeira e por recentes derrotas como a OTA, sente medo deste hipotético candidato, temendo uma revolução como aquela que ocorreu em 2001 quando Rio conquistou a CMP contra todas as expectativas. Há que afastar Rui Rio ou, pelo menos, queimar-lhe a imagem!
A melhor maneira consiste em fazer dele um outro Alberto Joao Jardim. O Metro do Porto foi o instrumento escolhido. De um dia para o outro, o Sr. Jamé passou de uma crise financeira para abrir os cordões à bolsa e dispersar largos milhões de euros em linhas caríssimas com planos de execução alargadíssimos (recordo que o calendário vai até 2020) e sujeitos às oscilações partidárias.
Rui Rio compreendeu que isto é um embuste e está a tentar denunciar este embuste. Isso tem dois efeitos perversos: (1) cola a imagem dele à de um autarcazinho a ver se consegue umas carruagens para o gáudio da sua população; (2) permite ao PS usar o Metro do Porto como isco para ganhar as eleições autárquicas em 2009!

Rui Rio está numa encruzilhada, entre a espada e a parede.
(Assinado: B).)

COMENTÁRIO DE RENOVAR O PORTO

É uma análise interessante, esta a do nosso amigo comentarista B). Pela pertinência do tema e pela dimensão do texto, achei por bem postá-la.

Como diz e bem, a comunicação social olissopocêntrica trata Alberto João Jardim como um boçal, como trata Pinto da Costa e todos aqueles que se atrevam a cometer heresias anti-"Santa Sé" - quer dizer - anti-Lisboa. Precisamente por isso, parece-me algo exagerado extrapolarmos da fiabilidade estratégica mediática do «novo império». De mais a mais, quando por cá (Norte) ainda vai havendo gente com capacidade para separar o trigo do joio, que é como quem diz, para não dar muita credibilidade às teses mediáticas centralistas que mais parecem da velha Inquisição. Lisboa (para já), pode, é verdade, mas não convence!

Também não estou lá muito de acordo com a fama de que diz Rui Rio (ainda) gozar. Nas próximas eleições, é que poderemos avaliar melhor da autenticidade dessa reputação. É possível até, dada a conjuntura e (baixa) qualidade política, que Rui Rio até reganhe a Câmara do Porto, mas não acredito que o consiga com as margens do passado. Rui Rio vai perder muitos votos e garanto-o hoje, mesmo antes de conhecer o (ou a) candidato(a) do PS à Câmara. Rui Rio, perderá votos sozinho, sem oposição, porque as pessoas alguma vez acabarão por perceber que a seriedade, de per si, não chega para gerir, com êxito, a coisa pública. Se não perceberem, então paciência, é porque não merecem melhor.

Daí que, me parece pouco consistente a ideia de ver Rui Rio a gozar ainda de uma relativamente favorável opinião pública. Mas a que opinião pública se refere? Dos media? De Lisboa? Dos compadres e amiguinhos? Chegará tudo isso para ultrapassar a péssima reputação que tem junto dos eleitores portuenses, mesmo de muitos que votaram nele? Os eleitores serão assim tão estúpidos, a ponto de não serem capazes de ver o que a cidade lhes mostra, que nem Rui Rio, nem todos os seus amigalhaços são capazes de ocultar? Todas as negociações polémicas que abortou, toda a incapacidade revelada para realizar projectos (poucos), toda a falta de ambição enquanto autarca, toda a inércia na reabilitação urbana, toda a ambiguidade comportamental, o medo, de Lisboa, não serão suficientes para lhe destruir o mito de homem de rigor?

Transparência? Sinceramente, não me parece. Se há coisa que mais tenho lido contra Rui Rio, é gente a queixar-se de falta de transparência e de diálogo. Mas, como já vimos tanta coisa neste mundo cheio de contradições (tudo é possível), termino com esta imagem sugestiva:


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