15 outubro, 2008

A problemática regionalização

Perante um copo com água até meio, alguém que diga que o copo está meio vazio é um pessimista. E se o copo não tiver nada, a pessoa que diga que está vazio, é também um pessimista? Não será antes um realista?

Vem isto a propósito da regionalização que, nesta metáfora, considero um copo vazio, e penso que estou simplesmente a ser realista. O meu cepticismo apoia-se em vários e fortes motivos que me parecem constituir um conjunto de obstáculos que não pode ser menosprezado. Vejamos.

- O governo não quer regionalizar. Ao longo dos anos, vários têm sido os pretextos para adiar o referendo. Será que agora vai mudar de ideias? Também os funcionários públicos que estão em Lisboa e cujas funções os obrigassem a mudar de região, vão opor toda a resistência que puderem.

- Para que o voto do SIM fosse vinculativo, teriam de votar, no total, 50% + 1 dos eleitores inscritos, meta que não é fácil de atingir pois teria de dizer respeito ao conjunto do país, dado a Constituição obrigar a que a regionalização seja implementada simultaneamente em todo o país. Em 1998 a abstenção foi de 52%.

- A divisão geográfica proposta, baseada nas cinco regiões-plano, suscita fortíssimos anti-corpos. Muitos dos votantes votarão NÃO a "esta regionalização", por muito regionalistas que sejam. Um consenso é virtualmente impossível de conseguir, mas haverá mapas que concitem mais consenso do que outros. Pessoalmente considero as cinco regiões-plano como um fortíssimo factor negativo para o êxito do SIM, e chego mesmo ao ponto de suspeitar que a força exercida pelo governo para essa solução, não é mais do que uma manobra de má-fé destinada a inviabilizar a vitória do SIM. Um governo que estivesse de boa-fé, teria fomentado uma ampla discussão do tema para o desenho do mapa, solicitando sugestões, mobilizando a sociedade civil, auscultando o seu sentir. Em suma, criando as condições para que pudesse ser atingida a situação que mais se aproximasse do consenso.

- Resta um factor crucial que é o sentir dos eleitores. Na generalidade dos casos estes não estão preparados para uma correcta apreciação do que está em jogo. Muitas ideias falsas e temores injustificados circulam por aí. Estou convencido de que nenhuns progressos se fizeram relativamente ao referendo de 1998, quando o NÃO atingiu perto de 75% no conjunto das regiões Trás-os-Montes e Alto Douro + Beira Litoral + Beira Interior + Estremadura e Ribatejo. Haverá razões para admitir que imensa maioria dos que votaram NÃO, mudou de campo?
Objectivamente não há provas, na ausência de inquéritos à opinião pública. Subjectivamente, tudo leva a crer que as convicções se mantêm sem maciças transferências de um campo para outro, até porque a doutrinação e o esclarecimento continuam por fazer. O governo, por óbvias razões estratégicas visando a derrota do SIM, não está interessado em esclarecer ninguém. Os partidos políticos não se mexem, além de vagas e platónicas declarações, acrescendo que o PSD é oficialmente contra. A Imprensa está alheada porque aos patrões dos grandes grupos não interessa fazer ondas, evitando desagradar ao governo e consequentemente pôr em risco as benesses de que usufruem. Resta a sociedade civil. Houve notícias de iniciativas no Algarve e Coimbra (é lamentável a passividade do Porto) no sentido de criar movimentos aglomeradores de vontades, preparados para esclarecer os cidadãos e lutar pelo êxito das suas ideias regionalistas. Nada se tem ouvido ultimamente. Fica a dúvida de saber se os movimentos se esvaziaram ou se foram boicotados pelos média, mas em qualquer dos casos o efeito nocivo é o mesmo.
Com este triste panorama não se vêem razões para optimismo. Só é de esperar que daqui até à desconhecida data de novo referendo, a situação possa mudar drasticamente e a esperança possa voltar aos nossos espíritos.

5 comentários:

  1. Caro Rui Farinas,

    Dada a temática abordada, tomei a liberdade de publicar este seu "post", com o respectivo link, no
    .
    Regionalização
    .

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
  2. Caro Rui F.

    Mas é claro como a água que toda a comunicação social se limita (para enganar os tontos) a escrever uns artigozinhos aqui outros ali, sobre a temática da Regionalização. Não investe fundo, não está interessada em esclarecer. É óbvio. Todos, mas todos mesmo, amparam o jôgo dos Governos, limitam-se a deixar passar o tempo. Mas, meu caro Farinas, sabendo nós da avidez dos media quando se trata de shares e audiências, não acha que se o assunto lhes fosse "agradável", já não tínhamos sido bombardeados com programas sobre a Regionalização em todos os canais?
    Há quem diga que o «tempo» da blgosfera já foi. Eu penso o contrário, vai ser ainda por muito tempo. Estes "buracos" dos media tradicionais vão por isso continuar e compete-nos a nós preenchê-los.
    É melhor do que nada!

    ResponderEliminar
  3. SIMPLESMENTE ARRASADOR

    Não deixem de ler e divulgar.

    Portugal visto de Espanha. AS VERDADES OCULTAS EM PORTUGAL

    LISBOA, 21 sep (IPS) - Indicadores económicos y sociales periódicamente
    divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de
    pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986
    el 'club de los ricos' del continente.
    Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la
    Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal
    se distanciará aún más de los países avanzados.
    La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del
    sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso
    de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos
    señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30
    países industriales.
    A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del
    'grupo de los pobres' de la UE), Portugal no supo aprovechar para su
    desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde
    Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y
    económicos.
    En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica
    Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década
    atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el
    ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos
    países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del
    bloque.
    'La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE
    pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en
    los ingresos por persona', afirma la organización.
    En el sector privado, 'los bienes de capital no siempre se utilizan o se
    ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas',
    afirma la OCDE.
    'La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los
    trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros
    de Europa central y oriental', señala el documento.
    Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema
    central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.
    Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en
    remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto,
    pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los
    servicios.
    Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los
    miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación
    profesional competitivas con el resto de los países industrializados.
    En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por
    habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de
    acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas
    hoy indican mayor distancia.
    Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en
    debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos
    del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera
    de quienes ya tenían más.
    Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad
    social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos
    hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.
    También es el país del bloque en el que los administradores de empresas
    públicas tienen los sueldos más altos.
    El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que 'el mercado decide
    los salarios'. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas
    (1995-2002) y actual diputado socialistaJoão Cravinho desmintió esta
    teoría. 'Son los propios administradores quienes fijan sus salarios,
    cargando las culpas al mercado', dijo.
    En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con
    accionistas minoritarios privados, 'los ejecutivos fijan sus sueldos
    astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo
    bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia',
    explicó Cravinho.
    Estos mismos grandes accionistas, 'son a la vez altos ejecutivos, y todo
    este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve
    como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los
    directivos', lamentó el ex ministro.
    La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos
    años 'está siendo pagada por las clases menos favorecidas', dijo.
    Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados.
    El último es el de la crisis del sector automotriz.
    Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas
    de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000
    dólares.
    Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche,
    Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares),
    lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento
    en la demanda. Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue
    una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su
    estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes
    para actualizarla.
    Pero la zona norte donde se concentra el sector textil,tiene más autos
    Ferrari por metro cuadrado que Italia.
    Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según
    su experiencia con empresarios portugueses, éstos 'están más interesados en
    la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo'.
    Para muchos 'es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta
    de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono
    celular, que la eficiencia de su gestión', dijo Felipe, aclarando que hay
    excepciones.
    Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al
    desarrollo de un país', opinó.
    La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del
    sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la
    crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la
    población económicamente activa.
    Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los
    trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los
    últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas
    cabezas, manteniendo situaciones 'obscenas' y 'escandalosas', según el
    economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.
    'En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de
    aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno
    (conservador)decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que
    es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin
    coherencia ideológica, sin visión de futuro', criticó Metello.
    La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros,
    aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta
    de honestidad en la declaración de impuestos de los lamados profesionales
    liberales.
    Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararons), los arquitectos d
    ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de
    10.864 (13.365 dólaree 9.277 (11.410 dólares) y los
    ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).
    Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, 'le roban
    nueve a la comunidad', pues estos profesionales no dependientes deberían
    contribuir con15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo
    singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.
    Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos 'roban
    más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y
    nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales
    liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo', comentó con
    sarcasmo.
    Si un país 'permite que un profesional liberal con dos casas y dos
    automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año
    tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe
    un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos,
    significa que el sistema no tiene ninguna moralidad', sentenció.

    Um amigo enviou-me este mail e como achei importante, resolvi colocá-lo como comentário.

    Sobre a regionalização, para mim é óbvio, que só avançará, quando houver alguém, no Norte, que se faça ouvir, com clareza, mostrando as vantagens da regionalização. Tem de ser alguém, que não permita, acusações de populismo ou demagogia, como tem acontecido, principalmente a sul.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. Caro Rui Farinas,

    Regionalizar o país é concretizar uma determinação constitucional que foi adiada após um referendo que recusou uma proposta de modelo de regionalização.

    Estimular a democracia participativa é uma possibilidade resultante da regionalização política que conduz à organização de grupos de cidadãos vocacionados para o estudo e a solução de situações civicas próprias de cada área geográfica.

    Há já algumas iniciativas, como o amigo referiu como seja no Algarve e Coimbra, com o "Movimento Regiões Sim"! Aqui nesta cidade, ou se quiser nesta região, fala-se, fala-se mas ninguém faz nada!

    O próprio mentor do "Regiões Sim" Deputado Mendes Bota, já se disponibilizou para ajudar a criar o movimento cá no Porto. Mas ninguém se mostrou interessado em colaborar!!!

    Abraço,

    Renato

    ResponderEliminar
  5. Caro Vila Pouca,

    Pertinente o email do s/ amigo. Creio não levar a amal que o post. Acho que vale a pena.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...