14 dezembro, 2014

Espero que Pinto da Costa não tenha ido jantar com o "Orelhas"

«Pois bem. Se é esta a linha de conduta que a Direcção do FCPorto decidiu escolher para levar até ao fim do campeonato, se não ousa dar um murro na mesa para dizer basta, garanto-vos desde já que o campeão já está decidido, e nem preciso de vos dizer quem é. O FCPorto não será campeão, nem dentro, nem fora do campo.». 

Escrevi aqui este parágrafo a propósito da remissão ao silêncio da parte dos responsáveis do FCPorto face à forma vergonhosa como são nomeados os árbitros para os jogos do FCPorto, ao contrário do que acontece com o Benfica, que nos jogos mais difíceis tem tido todo o tipo de ajudas da parte dos mesmos, facto que tem contribuido significativamente para a diferença pontual com as restantes equipas e o tem mantido na frente do campeonato.   

Com isto, não quero dizer que o FCPorto perdeu o jogo desta noite absolutamente por causa do árbitro, mas que contribuiu outra vez para o insucesso da equipa azul e branca, também contribuiu. Fê-lo com subtileza, mas não resistiu como tem sido habitual a mostrar o cartão amarelo a um jogador do FCPorto (Danilo) e depois disso a poupá-lo aos jogadores* do Benfica que não se cansaram de dar porrada em Jackson Martinez e Brahimi. Esta dualidade de critérios é exercida com uma precisão cirúrgica. Este é um ponto.    O outro, que lhe está associado, é o contributo de cumplicidade patenteada na permissividade que atrás citei, pela Direcção do FCPorto com estas situações, incluindo o próprio Presidente.

Uma outra questão é a forma de jogar do FCPorto. E não me refiro apenas à equipa principal. Como acompanho os jogos da formação, verifico que o modelo de jogo é praticamente o mesmo, em todos os escalões, ou seja, muita posse de bola, para o  lado, para trás e até para o guarda-redes, mas sem grande profundidade no desenvolvimento das jogadas de ataque, quando os adversários se fecham muito no seu meio campo, o que torna o jogo muito aborrecido para quem gosta de bom futebol. Só quando a equipa contrária se abre, é que os nossos jogadores decidem aproveitar para trocar a bola entre si, e a partir daí procurar o golo. 

De uma forma menos evidente, isto acontece também no escalão principal. Os defesas, e mesmos os médios, usam e abusam dos passes para trás e para o guarda redes - o que é um risco, porque não raro a bola é interceptada pelos adversários, em vez de olharem para a frente para colocar a bola no compalheiro melhor colocado, e se desmarcar para romper a defesa contrária.  Na equipa de Lopetegui estes movimentos pouco dinâmicos são disfarçados pela mais valia técnica dos jogadores, mas são muito semelhantes aos escalões mais baixos. Salta à vista. 

Mas esta noite aconteceream outros azares - além das bolas no poste e dos golos falhados -, Brahimi, mais uma vez, não existiu. Já lá vão 3 ou 4 jogos... O que se passará com o rapaz? Não  faço a mínima ideia, mas o treinador terá de lhe perguntar, porque até pode estar a precisar da sua ajuda. Portanto, além dos falhanços de golos cantados, sobretudo nos primeiros 15 minutos, jogamos com menos um jogador (aquele a quem reconheço a melhor qualidade). Depois, vieram os erros defensivos. Se devido à pobre exibição de Maicon no último jogo nas Champions até concordei com a opção de Marcano, é contudo imperdoável que se sofra um golo proveniente de um lançamento de linha lateral permitindo a passagem livre da bola por toda a defesa até Lima a empurrar com a barriga para o fundo das redes. E Fabiano também não foi competente a agarrar a bola no primeiro remate que não levava muita força deixando para Lima recarregar e fazer o 2º golo.

Por conseguinte, não me interessa muito falar da posse de bola quando ela não chega à baliza adversária em condições para marcar, porque me lembra o choradinho típico dos nossos adversários da 2ª- circular. Este FCPorto não pode continuar a permitir que uma equipa qualquer jogue no Dragão alegremente, circulando a bola até chegar à nossa área com a frequência que temos observado. Isto só acontece porque o FCPorto nem sempre imprime uma intensidade de jogo constante, esmagadora. Vimos isso acontecer com várias equipas de segunda linha, com planteis muito mais baratos que o FCPorto, que se movimentavam com toda a naturalidade no Dragão como se estivessem a jogar em casa.

Tudo isto me parece assentar no mesmo problema de base: a comunicação.

Se o FCPorto nem com o Porto Canal consegue transmitir para o exterior as mensagens importantes, como a relação de hostilidade da comunicação social para com o clube, como denunciar as arbitrariedades que já referi, e a nível interno, não sabe incutir no espírito de jogadores [e treinadores] estrangeiros a realidade do clube, como e quando será que o vai conseguir?

É no que dá o aburguesamento, o excesso de vedetismo. Por isso contrariei sempre quem nos acusava de bairrismo, quem achava que devíamos ser mais moderados. O bairrismo é uma fonte precisosa para beber a garra, a vontade de ser melhor. Ora, se a maioria do plantel é constituída por jogadores estrangeiros e se a política de comunicação do FCPorto é a pobreza que sabemos, como é que podemos ter jogadores formatados para vencer?

Talvez o senhor Pinto da Costa saiba responder. Só espero é que no fim do jogo de ontem não tenha ido felicitar o Filipe Vieira...  

Será que ainda vamos ganhar alguma coisa este ano?

É verdade que André Almeida do Benfica foi o 1º. a  ver o cartão amarelo, antes de Danilo, mas não é menos verdade que a quantidade de faltas poupadas aos jogadores do Benfica foi bem evidente. A dualidade de critérios existiu porque o rigor do árbitro não foi o mesmo para as duas equipas.



4 comentários:

  1. Lopetegui não tem conhecimento do futebol português, neste campeonato é um perro a olhar para um palácio (salvo seja). Veja, em três jogos de grande importância, empatou um e perdeu dois.

    Hoje foi mais um jogo para esquecer, o meio campo andou perdido a jogar de vagar de vagarinho controlado pelos lampiões que em quatro remates fizeram dois golos, e um, o de lançamento faz/favor
    Não há garra, não jogam à Porto principalmente nestes jogos. É espanholada a mais, começando pelos técnicos e alguns jogadores sem categoria.
    Lopetegue, tem dado um ar de graça na Europa, mas, em casa não me convence.

    Pinto da Costa, deve andar na igreja do reino de Deus, nem lá vai nem deixa ir!, depois que não se queixe com lágrima de crocodilo, o Andor da 2ª circular já anda aos ombros da arbitragem à muito e muito tempo.
    Mais uma noite fria e de Frustração.

    Abílio Costa.

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  2. Abílio,

    quem escolhe o treinador é o Presidente, portanto, se mais uma vez errou, a culpa não pode ser atribuída ao treinador. Sem querer ser pessimista, duvido que a nível nacional ganhemos alguma coisa. E na Champions, perante adversários mais fortes que o Benfica, talvez não consigamos ir muito longe.

    Lopetegui lá terá as suas ideias e convicções, cabe ao Presidente perguntar-lhe quais são exactamente, porque pessoalmente começo a não as perceber

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  3. Não entendo... aquilo que me fez ser do FC Porto, aquilo que despoletou em mim uma fervência inexplicável de respeito e amor a este clube parece que está a desaparecer... não sou do FC Porto porque nasci no Porto, nem porque alguém me disse que era, nem porque gosto só de ganhar, nem apenas porque sim... mas porque vi com os meus próprios olhos o FC Porto a bater-se contra injustiças e vigarices que proliferavam neste país (e que muito infelizmente ainda existem e resurgem cada vez mais e com mais força...). E batia-se não só pelo FC Porto, mas igualmente pelas gentes da cidade e de todo o país... o que se estará a passar?

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  4. Anónimo,

    Boa questão... pena é que os seus desencantos (como os meus e de muitos) não tenham eco nos responsáveis do clube, principalmente naquele que já foi um líder: Pinto da Costa.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...