27 novembro, 2011

O FCPorto ganhou mas não me acalmou...

Considero perigoso confiar demasiado no rifão que diz que "tudo está bem quando acaba bem", pela simples razão de que, em futebol, o conceito "tudo" só é para levar a sério no fim de cada  época. Ora, como a época de futebol ainda nem sequer chegou a meio, não considero que a victória desta noite do FCPorto contra o Sporting de Braga, possa dar sólidas razões aos adeptos portistas para levar ao espírito da letra o velho adágio popular.

Terminado o jogo, e ainda mal refeito dos 2 golos consentidos praticamente nos descontos do término do jogo, confesso que só os 3 pontos da victória conseguiram atenuar o meu desagrado pela partida que tinha acabado de ver. Na primeira parte continuei a ver sinais muito preocupantes de falta de concentração em alguns jogadores que só não teve consequências desagradáveis porque o Braga não foi a equipa aguerrida do costume. Foi com um Braga abaixo do habitual rendimento que o FCPorto se defrontou em casa, mas o que seria se tivéssemos jogado com uma equipa mais forte e dinâmica? Pois... Reconheço, que aqui já estou a entrar no condicional e muito relativo mundo dos "ses", mas se pensarmos bem o raciocínio não é assim tão descabido nem insensato.

O que quero dizer é que Victor Pereira continua a ser muito lento a recuperar as performances da equipa. Espero vivamente que atalhe caminho, caso contrário, nem o reforçar de confiança que Pinto da Costa lhe transmitiu o pode salvar. A atitude dos jogadores mudou um pouco, é verdade, já não ficam paralisados, mas os movimentos e as desmarcações continuam atabalhoados. Os passes longos e curtos, continuam a levar  força a mais, ou a menos e os passes para o adversário ainda não acabaram.

Na primeira parte, as jogadas principiavam na defesa com os jogadores a lateralizar muito o jogo, mais pela esquerda que pela direita, com o Álvaro Pereira a despachar a bola para a frente onde ninguém estava para a receber, criando um futebol demasiado feio e previsível que arrasava com os nervos a qualquer um.

Sem querer meter a foice em seara alheia, como espectador, ninguém me pode impedir de pensar que um grande jogador como é Hulk tenha já esgotado a sua margem de progressão. Insisto em pensar que ele não está a ser devidamente instruído no sentido de dosear as suas enormes qualidades individuais com o colectivo, o que é uma pena. Já na época passada, houve 2 ou 3 jogos apenas, em que tive a esperança de ver Hulk transformado num jogador mais completo, mas sem sucesso. Paradoxalmente, é ele quem tem resolvido alguns jogos, mas também é por ele que se têm perdido outros lances que podiam dar golo se tivesse a inteligência de entregar a bola a jogadores melhor colocados para finalizar [como foi ontem a jogada em que ofereceu o golo a Kléber]. 

Isto é recorrente, mas eu não estou certo que Victor Pereira o tenha preparado mentalmente para mudar um pouco a sua forma de jogar, porque Hulk só muito pontualmente é que joga para a equipa, embora teime em jogar pela equipa. E o curioso, é que  ficámos com a sensação de não ser difícil convencer o jogador a alterar a sua forma de jogar, até porque Hulk brilha, e marca muitos mais golos, quando dá golos a marcar. A equipa solta-se, aumenta os indíces de confiança e os adversários deixam-no mais liberto de marcações.

Podia ir por aí fora e falar de outros jogadores que precisam urgentemente de ser corrigidos, mas fico-me só pelo mais preponderante, exactamente porque tudo leva a crer que Hulk já interiorizou demais a responsabilidade de carregar a equipa às costas, o que em certos casos tem sido negativo e o leva a exagerar. Apesar de tudo, ontem, foi o melhor jogador em campo, juntamente com Defour, James, Fernando e Maicon.

Resumindo: não gostei do jogo, apenas do resultado. É imperioso que o treinador trabalhe mais célere e melhore a qualidade de jogo, da qual são indissociáveis o bom passe, o controle de bola, o poder de antecipação, a sintonia dos movimentos de desmarcação, a concentração e a garra. Podia colocar este item [o da garra] em primeiro lugar, mas sinceramente não acredito que uns tolinhos a correr atrás de uma bola, sem saber o que fazer com ela do princípio ao fim do jogo, seja suficiente para fazer deles campeões. Além disso, gosto de bom futebol num estádio, porque para ver ópera o recinto chama-se teatro, e porque é só mesmo no teatro que a ópera existe.

5 comentários:

  1. Estou completamente de acordo com a sua análise ao jogo.
    Ganhamos, mas é um futebol que não nos dá confiança no futuro.
    O jogo do FCPorto principalmente na primeira parte foi de pontapés pra frente à procura do Hulk, com algumas jogadas bonitas (poucas) quando, a bola passava pelos médios.
    Esta história de Maicon a defesa direito é só para o VP ou seja é inventar. Maicon é jogador fogoso, dá o litro, mas não mais que isso.
    Victor Pereira ainda não tem uma equipa modelo!- é a segunda vez que joga com esta mesma equipa, mas penso que ainda não vai ficar por aqui.
    A entrada de Cristian Rodrigues deu mais força ao ataque, já o mesmo não se pode dizer da entrada de Sousa para o lugar de Defour.
    Esta-nos a correr bem (principalmente nestes dois jogos) mas continuo a dizer que Victor Pereira não é o treinador para uma equipa como o FCPorto.
    Termino, depois da minha opinião que vale o que vale, que neste jogo a vitoria do FCP não está em causa e que o sr árbitro foi um habilidoso e prejudicou o FCPorto, mas como você disse e bem, o jogo valeu pelos três pontos.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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  2. Eu gostei do jogo. Acho que a atitude dos jogadores esteve a léguas da atitude que tiveram em jogos anteriores, nomeadamente naquela vergonha em Coimbra. O que eu pergunto é se esta nova atitude vai fazer com que o treinador e restante equipa técnica passem miraculosamente a adquirir a capacidade para dirigir uma equipa como o FCPorto. Como a resposta só pode ser negativa, continuo a pensar que esta equipa técnica deverá ser considerada a prazo e a próxima época deverá ver uma nova, com a capacidade adequada à condução de uma equipa que tem sido e quer continuar a ser a melhor de Portugal e uma das principais da Europa.

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  3. Rui, acho que você fez a crónica com os dois golos sofridos no pensamento.

    Não foi Ópera, mas já foi bem bom e será melhor quanto mais confiança a equipa ganhar.
    O que acho é que ainda há ali uma ou outra prima dona que precisa de terapia de banco.

    Abraço

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  4. manuel moutinho28/11/11, 21:14

    Concordo com a análise do Dragão Vila Pouca,também eu achei que o Porto jogou muito melhor do que em coimbra,pelo menos já se viram algumas jogadas com principio meio e fim,embora poucas,mas se continuarem a ganhar, talvez consigam alguma confiança que pode ser a mola real para que a equipa funcione.Já tenho mais esperança do que há duas semanas atrás.
    Um abraço.
    manuel moutinho

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  5. Já aqui tinha dito que gosto muito de fairplay? Não? Ainda bem.
    Bom, na verdade não é que não goste de fairplay, não gosto é dos mestres do fairplay.
    Vai um exemplo género "atira-te pró chão ca coisa tá negra?"
    http://www.youtube.com/watch?v=-NfnT5xDciI

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...