Não há como fugir à factualidade, desvalorizando a argumentação de quem é contra... "porque sim": o futebol está na primeira linha das raras áreas nas quais Portugal dispõe de reconhecimento no plano internacional.
José Mourinho, Cristiano Ronaldo, Figo e Eusébio são ícones incontornáveis da identificação portuguesa no Mundo. E outro tanto se passa por via do Benfica nos anos 60 do século passado ou do F.C. Porto nas décadas mais recentes. O futebol não é apenas área através da qual se satisfazem egos; obtém mesmo sucessos, sejam eles decorrentes das astronómicas transferências que é capaz de produzir e que o confirmam como um "cluster", seja pelos resultados puramente desportivos.
O mérito deve, pois, dar-se a quem efectivamente o tem. E o futebol português regista êxitos assinaláveis, não obstante as guerras de alecrim e manjerona em que paroquialmente se envolve.
Tanto quanto as participações asseguradas na Liga Europa e na Liga milionária desta época, o calendário é marcado hoje por mais um cenário de mediatização: a Supertaça Europeia.
A disparidade de receitas (e despesas) entre F.C. Porto e Barcelona são um excelente indicador de como um emblema português teve (uma vez mais) a arte e o engenho para dar cartas junto da elite, furando a malha da vivência do dia-a-dia num inexorável segundo mercado do futebol europeu - a escala do país em todos os índices para a rentabilização económica é o que é.
Se ninguém de boa-fé pode descartar o mérito, o F.C. Porto-Barcelona da Supertaça europeia não se confina a essa vertente de disparidade de meios para atingir um fim.
Há, na verdade, um factor identitário comum, muito bem expresso, aliás, no lema subjacente aos catalães. Como o Barcelona, também o F.C. Porto é "mais do que um clube".
Ambos os emblemas são, de facto, expoentes de afirmação de regiões e os seus dirigentes não abdicam dessa posição de porta-bandeira contra a tendência centralista de Lisboa ou Madrid. Só que, também aqui, há diferenças.
Enquanto a imagem do Barcelona é alavancada pelo efectivo poder autonómico da Catalunha, a do F.C. Porto reflecte-se na base de uma orfandade de intérpretes com influência e capacidade de afirmação do Norte de Portugal no todo nacional. E esse é mais um ponto a seu favor. Afinal o F.C. Porto dá prestígio ao país e simultaneamente mantém-se, quase solitário, como marca de água de uma Região. É o que se pode considerar um perfeito dois em um.
[Fernando Santos/JN]
caríssimo(s),
ResponderEliminartenho um imenso orgulho em ser Portista, car@go!
ante o todo-poderoso Barça, fomos Porto!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!
saudações desportivas mas sempre pentacampeãs! ;)
Miguel | Tomo II
Concordo, faltam ao F.C.Porto, jornais, rádios, televisões, líderes, poder e riqueza que a Catalunha empresta ao Barcelona.
ResponderEliminarAbraço