21 março, 2012

FCPorto - Só nos resta o Campeonato, vamos lá vencê-lo!

A respeito do jogo de ontem na Luz para a Taça da Liga, entre o FCPorto e o Benfica, uma curiosidade: o resultado foi igual [3-2], mas o vencedor foi diferente. Ainda bem que o FCPorto venceu o do Campeonato, que é muito mais importante, e perdeu o da Liga, embora tenha alguma dificuldade em perceber porque é que um clube como o FCPorto se sente obrigado a participar nesta competição, com todos os riscos que tal acarreta e sem as vantagens proporcionais. Entrar numa competição para ganhar, e dizer previamente que ela não tem muito interesse para o clube, parece-me ser um tanto incoerente e pouco motivador para os jogadores. Por isso me surpreendeu a atitude dos atletas do FCPorto, que mais uma vez se auto-motivaram, confirmando a opinião daqueles que dizem que este ano só se sentem motivados para jogar contra o Benfica, na Luz... 

Já sabemos que não se pode ganhar tudo, e sempre. A questão é que este ano, exceptuando a Super-taça, o FCPorto tem vindo, paulatinamente, a ser afastado das competições de maior relevo em que estava envolvido, como a Champions, a Taça de Portugal, a Liga Europa, e agora esta, ainda que de menor estatuto. Já escalpelizei por demais a questão do treinador, mas ontem, fiquei com a nítida sensação que o veredicto que lhe fiz estava correcto. Victor Pereira não controla a sua equipa. 

Ontem, quando o resultado estava em 1-2 a favor do FCPorto depois de uma reviravolta promissora, aconteceu aquilo que tem sido a imagem de marca deste Porto de Victor Pereira, a equipa deslumbrou-se, abrandou o ritmo de jogo, começou a relaxar na pressão alta, deixando os adversários a uma distância de 2 e 3 metros, o que lhes permitiu a aproximação com perigo da nossa área. A partir desse momento, pensei, como noutros jogos, que mais uma vez o FCPorto estava a semear o veneno que o costuma matar, isto é, a criar condições para sofrer o golo do empate. E foi o que aconteceu. Quem estava comigo a assistir ao jogo pôde testemunhar que adivinhei o golo do Benfica, à semelhança do que aconteceu noutros jogos e com equipas mais fracas, e no entanto não tenho dotes premonitórios. Com Victor Pereira estas situações são recorrentes. Quando a equipa treme, mesmo depois de estar a jogar bem, de se auto-motivar, os jogadores parece que não têm ninguém no banco capaz de os acordar, que lhes dê um berro, que acene, que enfim, dê algum sinal de inconformismo, de modo a que o grupo se recomponha. A equipa fica orfã de liderança. Ontem, jogamos algumas vezes bem, outras até dominamos, mas voltamos a falhar na consistência de jogo e na concentração. Resultado: perdemos mais um troféu.

Desculpas, podemos escolhê-las às dezenas, e algumas pertinentes. Os árbitros, por sistema, preferem errar mais para o lado do FCPorto do que para o dos adversários, e então quando o opositor é o Benfica exageram. O país em que estamos não é só centralista e desonesto na política, é-o em tudo, e o futebol não podia escapar. Não lutámos politicamente contra estas discriminações pensando que o "contra tudo e contra todos" faz milagres, e o resultado é isto. Podemos dizer que alguns jogadores não estão rotinados nos lugares [como Alex Sandro e Mangala], mas são desculpas. O FCPorto vencedor da Liga Europa e do Campeonato Nacional e da Taça do ano passado dispõe praticamente dos mesmos jogadores. Só perdeu Falcao, embora não se tenha reforçado como se impunha para o seu lugar. Será que isso explica uma mudança tão radical? Villas Boas foi embora sem avisar atempadamente, isso pesa, é verdade. Pinto da Costa fez uma aposta de risco in extremis. A culpa será dele? Eu acho que este ano, é um ano para esquecer. A par de alguma deficiente programação, esta época caracterizou-se também pelo azar. Mas não foi tudo. Não houve uma voz a pôr ordem no balneário, a lembrar aos atletas que os comentários nos twitters e nos facebooks não eram recomendáveis, sobretudo os do âmbito profissional.

Até aqui dizíamos que ainda nada estava perdido, agora podemos dizer que o pouco que há para ganhar é muito: o Campeonato Nacional. É isso que como portista fervoroso ainda almejo. Mas, apesar disso, se ganharmos o campeonato, não creio que o FCPorto seja o clube ideal para Victor Pereira crescer enquanto treinador. Os riscos são demasiado elevados e o preço nem se fala.   

6 comentários:

  1. Oh meu caro amigo!Temo que esta época termine já no próximo fim de semana!
    Sendo tão desleixados como temos sido e contra o Paços fora de casa não se afigura nada risonho o final de temporada!

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  2. Penso que não vamos perder com o Paços. Mero palpite sem valor nenhum. Mas o nosso FCPorto é tão irregular e imprevisivel que temo bem que até ao fim do campeonato ainda vamos tropeçar, e aí...tchau!
    Faço dois votos. Que sejamos campeões e que haja a coragem de dispensar VP no final, substituindo-o por um treinador à altura das necessidades e pergaminhos do clube

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  3. Bloqueios estratégicos
    ANDRÉ MORAIS
    PEDRO MARQUES COSTA

    Em resposta às acusações de Vítor Pereira, Jorge Jesus negou que as suas equipas trabalhem os bloqueios ofensivos como estratégia de jogo, mas alguns jogadores que no passado foram treinados por ele contrariam-no. O enfoque nas bolas paradas é, dizem, uma das chaves do seu sucesso. E os ditos bloqueios podem não ser uma invenção dele, mas fazem parte da estratégia usada para vencer jogos.

    Luís Filipe, lateral do Olhanense, nunca tinha ouvido falar de tal coisa antes de ser treinado por Jesus. André Leone já os conhecia do Brasil, mas aprofundou a técnica no Braga. "Treinávamos, e muito! Até era ele [Jesus] que nos atirava a bola com a mão, para ser mais preciso do que se fosse com o pé", frisou. "Eu até podia cair no lance, mas o que importava era tapar o caminho ao adversário. Nem me preocupava com a bola. Virava-me de costas para ela e abria os braços em direção ao adversário", explicou a O JOGO. O ex-árbitro Jorge Coroado não tem dúvidas: se é isso que Jesus pede, então os árbitros pecam ao não assinalar falta. "Jesus é inteligente no aproveitamento do que é a regra, que, não sendo específica, atira para o primeiro parágrafo da Lei 5: a opinião do árbitro", explica, acrescentando que no clássico, como noutros jogos do Benfica, deveriam ser assinaladas várias infrações: "Fazem mais faltas nestas situações do que as outras equipas."

    A fronteira entre legal e ilegal provoca desacordo entre os jogadores ouvidos por O JOGO. A estratégia é clara, mas a forma de a explorar só choca João Guilherme, do Marítimo, e Gaspar, do Rio Ave. "O Benfica não faz falta uma, duas ou três vezes; faz sempre. Ainda não vi nenhuma assinalada. No final de uma recente reunião de arbitragem, o próprio Vítor Pereira [líder do Conselho de Arbitragem] disse que bloqueios acontecem no basquetebol; no futebol, chamam-se obstruções. Se o avançado mete a bola na frente e é obstruído, marcam falta. Por que não o fazem também quando se trata de um lance de bola parada?", pergunta o defesa do Rio Ave, que recorda os tempos de Belenenses e a insistência com que Jesus abordava esse tipo de trabalho. "Se eu fosse árbitro e visse um defesa de costas para a bola, ficava duplamente atento. Se não olha para a bola é porque só procura obstruir o homem", justifica. João Guilherme partilha da opinião. "O Benfica faz muito isso. Mas é falta. Se os árbitros não marcarem, eles ficam com grande vantagem. Senti isso em todos os cantos e livres dos jogos frente ao Benfica", reclama o maritimista.

    O FC Porto acredita no mesmo. Antes de Vítor Pereira o denunciar, já se temia o uso abusivo dos ditos bloqueios e, na reunião que antecedeu o jogo, o delegado portista tratou de pedir especial atenção ao árbitro Artur Soares Dias.
    IN OJOGO
    ________

    Retive isto:

    "....Na reunião que antecedeu o jogo, o delegado portista tratou de pedir especial atenção ao árbitro Artur Soares Dias."

    E SoaresDias o que fez ?!...

    E as equipas de arbitragem durante o campeonato e os responsaveis de arbitragem como ficam com estA ENORME DISTRACÇÂO ???!!!

    E oscomentadores de arbitragem ?!...

    Nunca ninguem viu nada ???!!!

    TOTAL INCOMPETENCIA ???!!!

    E a tão falada Verdade Desportiva ?!

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  4. 3 questões

    Jorge Coroado, ex-árbitro
    "Se não disputam a bola, é falta"

    1 - Nos bloqueios de que Vítor Pereira se queixa, qual é o limite da legalidade?

    O bloqueio será sempre considerado falta quando o jogador não tem objetividade na disputa da bola e antes e só na perturbação do adversário. É falta sempre que um jogador se interpõe entre o adversário e a bola, não se preocupando em jogá-la e sim em travar a marcha do adversário.


    2 - Neste clássico, houve faltas desse género não assinaladas?

    Houve. Nas bolas paradas, o Benfica tem uma forma de colocar os seu jogadores de forma a que estes bloqueiem os que mais apetência têm para chegar à bola alta. Colocar dois jogadores na ilharga de um adversário é uma forma sub-reptícia de evitar que ele dispute a bola. É uma ação inteligente, porque vai criar um aglomerado e perturbar a ação da equipa de arbitragem.


    3 - As queixas de Vítor Pereira podem levar os árbitros a outros cuidados no futuro?

    Há muitos macaquinhos de imitação, mas só se dá relevo a Vítor Pereira porque é o treinador do FC Porto. A verdade é que os árbitros podem, têm e devem ser eficazes e rigorosos na aplicação desta Lei do Jogo.

    in OJOGO

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  5. Concordo que após o 2-1, quando estavamos por cima, claramente, faltou Killer Instinct de que falava Robson, para matar o jogo.

    Abraço

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  6. Tudo pode acontecer, é verdade.

    Mas, é, diria, quase dramático que nós portistas, habituados a lidar mais com soluções cerebrais, tanto no campo de jogo como na administração, estejamos agora a fazer prognósticos baseados em critérios de sorte ou de fé religiosa. Creio que isso deve ser elucidativo.

    O aspecto que sempre mais me impressionou nas equipas do FCP, além do organizativo, foi o da consistência de jogo, coisa que este ano não se tem visto, apesar de ainda estarmos na frente, a um frágil ponto dos segundos...

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...