Constitucionalmente,
o presidente da República desempenha um papel extraordinariamente
relevante no nosso regime democrático. Ele é o garante da independência
nacional, da unidade do Estado e do regular funcionamento das
instituições democráticas. O presidente da República é, de acordo com a
nossa Constituição, o primeiro órgão de soberania, logo seguido pela
Assembleia da República, Governo e tribunais. A natureza
semipresidencialista do nosso regime não deixa, contudo, de lhe conferir
competências de um verdadeiro líder político do povo português. O papel
que a Constituição reserva ao PR assume uma importância ainda maior nos
momentos de crise em que a confiança nas instituições democráticas e a
credibilidade dos agentes políticos se desvanece.
As várias
gerações de titulares de órgãos de soberania, que ao longo das últimas
décadas se fizeram eleger ou designar para as respetivas funções, não só
não souberam evitar a crise como não foram capazes de criar condições
para que ela fosse encarada e ultrapassada com dignidade. Constitui uma
inominável vergonha nacional que Portugal, o mais antigo Estado-Nação da
Europa, esteja hoje, por vontade de alguns partidos, reduzido ao
estatuto de um protetorado, governado de facto por um triunvirato de
instituições internacionais não democráticas. Mais do que a sua
independência política e económica, Portugal perdeu, de facto, a sua
dignidade de país soberano.
Talvez em nenhum outro momento da
nossa história quase milenar o povo português se tenha sentido tão
derrotado como agora. Talvez em nenhum outro período da nossa história
coletiva tenha havido tão pouca esperança no futuro como agora. As
nossas elites - os nossos melhores - venderam-se e nesse ato de
degenerescência moral alienaram também o que de melhor havia neste povo
de marinheiros: a coragem para enfrentar as grandes adversidades, a
força para vencer adamastores e mostrengos, a capacidade, em suma, de,
nos piores momentos, gerar esperança e confiança no destino coletivo.
Há
menos de 30 anos, prometeram-nos com cerimoniais grandiloquentes uma
Europa do progresso e do bem-estar; uma Europa da cidadania; uma Europa
da solidariedade. Tudo isso nos foi garantido com a pompa e a
circunstância com que ao longo da história se enfeitaram as grandes
mentiras coletivas. Esse projeto grandioso nasceria aqui neste
território há mais de quatro mil anos dilacerado por sangrentas guerras
civis e que, por egoísmos nacionais, gerou algumas das maiores
catástrofes da história da humanidade.
Eu, que fui, na dimensão
dos meus mundos pessoais, um cidadão entusiasmado com esse ideal
helenista, deixei há muito de acreditar nessa mentira e, hoje, quase
sinto vergonha de ser europeu. Essa Europa, renascida das cinzas da
guerra mais devastadora de sempre, que nos prometeram de paz e de
prosperidade, está hoje novamente dilacerada por uma outra guerra entre
os seus vários egoísmos nacionais, em que o papel outrora pertencente às
espadas, tanques e canhões é agora desempenhado pelo dinheiro e pelos
antagonismos tribais que ele gera e exacerba.
Neste contexto,
muitos portugueses olharam para o presidente da República como um líder à
altura das melhores tradições de um povo digno e independente.
Esperavam dele uma postura de primeiro magistrado do país, capaz de
despertar o que há de mais genuinamente português na alma de cada
português e de mobilizar este povo para as gigantescas tarefas de
reconstrução (da identidade) nacional.
Mas não, o que o atual
presidente da República nos oferece é a postura de um ajudante do
Governo tentando dourar as pílulas com que anestesiam as frustrações do
nosso descontentamento coletivo. O que o presidente da República nos
oferece são promessas vagas e longínquas de ilusões historicamente
irrealizáveis porque, entretanto, deixaremos de ser povo, Estado e
Nação. Identificado politicamente com a agenda ideológica dos partidos
do Governo, o PR não exerce o cargo com lealdade constitucional, mas sim
com subserviência em relação a essas lideranças partidárias.
Triste
sorte a de um povo cujo dirigente máximo opta por ser pequeno
precisamente no momento em que a história lhe oferece as condições para
ser grande e, sobretudo, para despertar a grandeza moral do povo que
lidera.
[do JN]
Nota de RoP:
Não sei quantos mais anos viverei, o que sei, e tenho como certo, é que em Portugal a direita tem aversão à democracia e ao princípios mais comuns dos direitos humanos.
Para a direita portuguesa, há apenas duas castas de gente: a dos serventes [vulgo, novos escravos] e a dos patrões [os donos de]. Por isso, não tenho qualquer dúvida em afirmar que, por muitos anos que viva [e já sou sexagenário], por maior fortuna que viesse a acumular, nunca por nunca, votaria num partido de direita em Portugal. E digo em Portugal, apenas porque, sendo os partidos de direita, por tradição, mais amigos do dinheiro que do Homem, países há, na Europa, onde a direita consegue respeitar os cidadãos e dar-lhes condições de vida respeitáveis.
Em Portugal, pelo contrário, quanto mais perto está do poder, mais despudorada e retrógrada é a direita. Creio contudo, ser necessário separar as águas que levam a confusões, e dizer que, nem por isso a esquerda em Portugal tem sido muito diferente da direita, e isso explica-se sem dificuldade. Primeiro, porque é uma esquerda vigarista, que promete esquerda e faz direita. Segundo, porque tem sido infiel à sua própria doutrina e aos seus valores humanistas. O resultado, dir-me-ão, irá dar ao mesmo. Talvez. A diferença, é que a direita nem sequer tem ideologia, tem um símbolo sob o qual se protege e domina: a moeda.
Em Portugal, pelo contrário, quanto mais perto está do poder, mais despudorada e retrógrada é a direita. Creio contudo, ser necessário separar as águas que levam a confusões, e dizer que, nem por isso a esquerda em Portugal tem sido muito diferente da direita, e isso explica-se sem dificuldade. Primeiro, porque é uma esquerda vigarista, que promete esquerda e faz direita. Segundo, porque tem sido infiel à sua própria doutrina e aos seus valores humanistas. O resultado, dir-me-ão, irá dar ao mesmo. Talvez. A diferença, é que a direita nem sequer tem ideologia, tem um símbolo sob o qual se protege e domina: a moeda.
Tudo isto, para dizer que Marinho Pinto não é um populista, é sim, daqueles raros homens com o dom de gerar ódios da esquerda à direita, apenas porque fala verdade e incomoda os sacanas de todas as doutrinas.
Preambulo III da Declaração dos Direitos Humanos:
«Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão»
Preambulo III da Declaração dos Direitos Humanos:
«Considerando que é essencial a protecção dos direitos do homem através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão»
Que governo é este!? de uma garotada de recreio de escola primária, que andam a brincar com a dignidade de um povo.
ResponderEliminarTachistas, incompetentes, ladrões do povo.
Estão provavelmente à espera de um ditador, que os prenda e os mande para um tarrafal qualquer.
Já ninguém acredita nesta corja, que desde do 25 de Abril, levou o país à falência, enchendo os bolsos com dinheiro de quem trabalha.
Prisão para muitos deles é pouco.
O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.
Bom dia,
ResponderEliminarCompletamente de acordo relativamente à nota de rodapé relativamente à diferença entre a direita e a esquerda em Portugal.
Eu, infelizmente, já votei na direita (ainda que muito poucas vezes).
Depois dos 40, fechei a tasca.Se votar, se votar, esquerda!
P.S. A minha "inveja" para com os ricos está a milhas de distancia da gula destes que, pelo menos em Portugal, estao-se borrifando para
os aspectos socias.
Eu, objectivamente, questiono toda e qualquer riqueza que essa gente detém!
Deacon
Só mais uma nota,
ResponderEliminarEu tenho 2 filhos, 18 e 20 anos!
Olho portanto com um interesse particular para os jovens.
Permitam que vos confesse que, quando vejo hoje na face dos jovens aquele mix de humildade, receio, disponibilidade e interesse por trabalhar, fazer algo, como que à espera do que a sorte lhes reserve, jovens formados! Sinceramente, fico destroçado.
Alguns deles (muitos) já em dificuldades porque os pais nao têm meios suficientes para lhes pagar os estudos, comida, etc...
Estes miudos estao condenados a viver dificuldades, porventura a serem infelizes, porque uns assim quizeram para proteger os seus.
Nao posso admitir!
Deacon