Marinho e Pinto |
Nos tempos que correm, ninguém pode dar-se ao luxo de pôr as mãos no fogo por quem quer que seja, por mais credível que alguém nos pareça. Constatar isto, é em si mesmo dramático, e a pior reacção que podemos ter para lidar com a situação, é refugiarmo-nos em lugares comuns que nada resolvem, e que só servem para suspeitarmos de quem os utiliza. Se repararam, dos lugares comuns mais usados no vocabulário sócio-político estão sempre presentes dois adjectivos: um é o populismo e o outro o pessimismo. São duas palavras muito banalizadas pelos políticos, mas que por força da fraca capacidade do povo em acompanhar e perceber devidamente as motivações de quem as aplica, continuam apesar de tudo a surtir algum efeito.
Paulo Morais |
Mas o nosso drama não começa e termina por aqui. É que, mesmo quando aparece alguém na ribaltada política a falar claro, a produzir afirmações que, por experiência cognitiva sabemos ser verdadeiras e muitas vezes factuais, nunca sabemos o mais importante, que é descobrir se essa pessoa está a falar verdade meramente para atingir um fim, que é chegar ao poder, ou se está realmente imbuída de uma genuína vontade de mudança.
No universo restrito desses protagonistas, emergiram duas figuras: Marinho e Pinto e Paulo Morais. O primeiro, não conseguiu conciliar a coerência do discurso com a das suas acções, e num curto espaço de tempo fez o mais difícil, que foi usar um partido (MPT) para se candidatar às eleições europeias e logo a seguir o abandonar, para uns mêses depois de chegar ao Parlamento Europeu se mostrar indignado com os salários dos deputados, incluindo o seu... Por muita compreensão que se tenha pelas dificuldades específicas do seu percurso, a coerência ficou muito comprometida, o que seria evitável se optasse por outros caminhos e outras posturas. Para mim, foi uma decepção.
Agora, Paulo Morais. Tem sido uma das vozes mais activas a denunciar o problema da corrupção em Portugal. O que ele diz não é ficção, é bem estruturado, não se limita a lançar para o ar acusações subjectivas, tem tido a coragem de citar nomes, de empresas, de figuras públicas, e de criticar o próprio parlamento. Sabemos, ao ouví-lo, que é mais assertivo que politicamente correcto, e no entanto ignoramos se tudo isso será apenas o meio habitual para atingir um fim, ou se é o resultado de alguém de têmpera rija com vontade para contribuir - caso aceda de alguma maneira ao poder - para livrar Portugal do pantanal em que os políticos (e seus correligionários) o transformaram.
Aqui chegados, digam-me: será possível mudar este país quando se ataca o poder judicial logo que este esboça vontade para contrariar a onda de corrupção instalada no país? Se a um juiz cabe o direito de colocar alguém em prisão preventiva justificada por perigos vários, por que raio é que também isso tem de mudar só por se tratar de um ex-1ºministro?
Estão a perceber agora por que é que a Constituição nem sempre é levada a sério? Serve, mas tem vezes, que não...
Governo quer desviar milhões da Europa para cheias na capital
ResponderEliminar03.12.2014 -
Os autarcas do Grande Porto não aceitam ser discriminados face a Lisboa. Em causa está a intenção do Governo em guardar fundos europeus para resolver o problema das cheias nas ruas da capital. in JN
Excelente entrevista de Paulo Morais, ontem, na RTP2 no programa "Tanto para conversar" com o jornalista Luís Osório
ResponderEliminarSão muito parecidos no desabafo e a dizerem verdades, pelo menos mostram coragem, Agora! se tudo aquilo que eles dizem lhes vai na Alma e assim descarregam a bílis tudo bem, mas, nem tudo o que parece é... Vamos aguardar mais uns tempos para perceber as intenções.
ResponderEliminarApetece-me dizer: Tudo a bem da Nação.
Abílio Costa.
Paulo Morais no programa "Tanto para conversar":
ResponderEliminarhttp://www.rtp.pt/play/p1580/e174534/tanto-para-conversar
Boa noite,
ResponderEliminarCompletamente de acordo.
Nota: como isto é mais um teste para ver se finalmente acerto com a inserção do comentário, não acrescento mais