Soares, anarquista? |
Lamento desiludir os fãs de Mário Soares, esse homem abençoado, a quem um dia os jornalistas baptizaram [positivamente] de animal político, vá-se lá perceber porquê. Pensando bem, até se percebe, se avaliarmos o que há de comum entre as partes: um e outros, detestam a Lei.
Não precisava de o dizer, porque não é por fazê-lo que me tornarei mais credível aos olhos de quem me lê: foi em 25 de Abril de 1976 que votei no Partido Socialista de Mário Soares, para as primeiras eleições legislativas, dando assim o meu contributo individual para a sua ascensão a 1º. Ministro do Portugal democrático. Decorrido o tempo necessário para fazer o balanço da sua actuação enquanto Ministro, e posteriormente de Presidente da República, não só deixei de acreditar no socialismo democrático do Partido Socialista, como deixei de levar a sério Mário Soares. Nunca votei à direita do PS, excepto quanto votei (pensava eu), nessa primeira vez, no PS...
Em vésperas do Novo Ano podia abster-me de falar de política e da hipocrisia de que se alimenta, mas não quero. As cartas de amor de Sócrates para Soares, e deste para Sócrates, foram o rastilho. Antes de prosseguir, faço questão de lembrar o papel importante de Soares no combate ao Estado Novo, que lhe valeu três anos de prisão, mas Cunhal também lutou e foi detido durante quinze anos, oito dos quais em completo isolamento e (goste-se, ou não) nunca meteu as suas ideias comunistas na gaveta. Cunhal, foi sempre fiel aos seus ideais políticos, por isso, nunca me senti traído por ele. Mário Soares não, enganou-me, e isso faz toda a diferença.
Há pessoas com sorte na vida, Mário Soares é um desses casos felizes. Conquistou a fama, e viveu deitado na cama da boa imprensa, sem nada ter feito de relevante para o desenvolvimento do país. Hoje vive de um prestígio construído pelo próprio, sustentado habilmente numa relação de não agressão com os media, que não se furtaram a retribuir, com os encómios deslocados que conhecemos.
Mário Soares podia ser aquilo que os media tentam fazer dele, um grande estadista, um visionário, mas não é, nem nunca será. Por uma simples razão: acredita no funcionamento das instituições democráticas como um anarquista. Despreza a Lei. Ora, não foi na qualidade de anarca que Soares se apresentou aos portugueses, nem como mação, foi como líder do Partido Socialista, de uma social democracia de inclinação esquerdista, como ele mesmo dizia. A verdade, é que Soares nunca encaixou lá muito bem nessa designação, portou-se sempre como um contestatário vaidoso, contribuindo com isso para difundir na população uma ideia errada de democracia, onde tudo pode ser contestado, excepto ele.
Mário Soares é também conhecido por desautorizar publicamente a ordem pública, fê-lo uma vez com um agente de autoridade, em termos pouco condizentes com a sua condição de Presidente da República. Fê-lo mais recentemente, ao se recusar a pagar uma multa a expensas próprias, por excesso de velocidade do seu motorista, na A8. Divertido, sem dúvida... Mas, conviria que não levasse tão longe a brincadeira.
Politicamente, gostava de ver a solidariedade que agora anda a manifestar a Sócrates virada a favor dos nortenhos, contra o centralismo, mas para isso não está ele virado. Não vê, não sabe, ou não quer saber.
Politicamente, gostava de ver a solidariedade que agora anda a manifestar a Sócrates virada a favor dos nortenhos, contra o centralismo, mas para isso não está ele virado. Não vê, não sabe, ou não quer saber.
Ao menos agora, que saiba respeitar a Justiça, como se não bastasse a pouca vergonha com os Bancos e demais escândalos que ficaram por resolver, até hoje...
Os Paizinhos para não chamar os Padrinhos defendem-se uns aos outros.
ResponderEliminarMário Soares sempre viveu à grande e à francesa, sempre foi um grande despesista nos seus governos.
Gostava de saber para que serve a Fundação dele, amigo de Salgado do BES que lá meteu 570 mil de financiamento.
Sr doutor estes políticos que nos sugam todos os dias e que o senhor também andou por lá, deixe a justiça trabalhar e calce as pantufas.
Abílio Costa