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06 fevereiro, 2009

A Atitude, de Claus von Stauffenberg

Li, na revista Ípsilon que acompanhava o jornal Público de hoje, um artigo muito curioso sobre o filme "Valquíria", interpretado pelo conhecido actor, Tom Cruise. A história do filme, relata a vida de um oficial alemão (Claus von Stauffenberg), que, consciente do rumo dramático que Hitler estava a traçar à Humanidade, resolveu contrariar os princípios militares com os quais tinha sido educado, e atentar contra a vida do ditador.
É da consciência e da coragem de homens, como este oficial alemão, que a História pode inverter o sentido errado que outros fanáticos lhe querem dar. No caso concreto, a conspiração falhou e com ela a morte por fuzilamento de Claus von Stauffenberg.

Cito esta história, porque, enquanto a lia, lembrei-me da acção de despedimento que a Controlinveste moveu a um grande número de funcionários, entre os quais, constam alguns jornalistas do grupo. Pode parecer descabido relacionar o cenário horrível da 2ª. Guerra mundial com a situação de desemprego num jornal, mas a verdade é que, considerados os diferentes cenários, há entre eles um ponto em comum: a consciência do dever.
Von Stauffenberg, foi -como explica a crónica - um militar, criado sob os rígidos princípios do valor pátrio que, mesmo assim, teve a percepção de se arriscar a ficar na história como um traidor, mas que não se deixou subjugar pelos caprichos sanguinários de Hitler. Arriscou (e perdeu) a vida, mas ganhou a honra e a razão da História.

A Controlinveste (felizmente), é apenas uma empresa, não é o Fuhrer. Os jornalistas do Grupo de Joaquim Oliveira, não são soldados, são pessoas assalariadas, que não vivendo numa verdadeira Democracia, tiveram, apesar disso, a liberdade para aceitar ou rejeitar as condições de trabalho que lhes foram propostas. Aceitaram-nas.
Enquanto isso, os portuenses foram adquirindo o JN e O JOGO, ajudando assim os respectivos trabalhadores a sobreviver. Muitos de nós, fizeram-no, convencidos que estavam a contribuir para a manutenção e expansão de um jornal sedeado no Porto, e autónomo. Aos poucos, os leitores mais atentos vão-se apercebendo que o jornal está perdendo as suas referências locais, a sua autonomia, embora polvilhada, aqui e ali, de algum liberalismo emprestado por alguns colaboradores avulsos e relativamente independentes. O JN já não é um jornal do Porto, só está no Porto, como o jornal O JOGO. A isso, dá-se o nome de localização, não de autonomia.

Hoje, pela primeira vez, em muitos anos, ouço alguns jornalistas reivindicarem a importância do carácter regional do jornal, e estranho... Estranho, e não tenho dúvidas da sinceridade de alguns deles. Mas, pergunto: os senhores jornalistas, que fazem das notícias as suas vidas, não se aperceberam do rumo centralista que o jornal estava a levar? Se sim, porque não tomaram uma posição? Temeram ser despedidos pelo patrão de Lisboa? Então, não valeu a pena, como vêem.

A comparação aparentemente absurda que acima estabeleci com o oficial alemão e os jornalistas, passa a fazer todo o sentido se for apreciada em termos de atitude. É na atitude, que as duas histórias se cruzam, e na diferente consciência do dever, que elas se chocam.
PS

Durante o meu serviço militar, no continente e no ultramar, aprendi o seguinte: foram os oficiais de carreira os elementos mais valiosos, mais rigorosos e que menos se deslumbravam com o Poder. Os piores (salvaguardando excepções, em ambos os casos), eram os oficiais milicianos. Uma espécie de novos ricos da vida militar...