
«Questionado pela jornalista Fátima Campos Ferreira, anfitriã da tertúlia, sobre a avaliação de professores, Medina Carreira classificou-a de “burrice”.
“Se você não avalia os alunos, como vai avaliar os professores?”, inquiriu»
Já sei, já sei, que não faltará por aí quem esteja ansioso por sacar do manual dos piores qualificativos para censurar Medina Carreira. É normal. Tão normal como as suspeitas que os seus críticos geram sobre si mesmo. A imprudência, ou talvez o medo, torna-os burros. Já viram alguém suspeito de uma ilegalidade assumir a culpa? É só puxar a bobine atrás, rever os filmes com as reacções dos pedófilos do processo Casa Pia para se concluir que afinal os criminosos [ou suspeitos de o serem] foram as vítimas, ou seja, as crianças abusadas. A pouca vergonha com os Bancos, as offshores e os conselheiros de Estado irredutíveis ensinam-nos que só os humildes confessam a culpa.
Portanto escusam de dizer que Medina é excessivo porque se calhar ainda está aquém da realidade, se pesarmos bem o autêntico bordel em que se está a transformar a actividade política e governativa. Desculpem-lhe a deselegância dos termos, a "cambada" e a "tropa fandanga", [porque pode estar involuntariamente a atingir os nossos filhos ou netos], porque ele crítica com a mesma contundência os responsáveis e no sentido certo, de cima para baixo. Ele pode não ter na mão as soluções para os problemas desta imitação rasca de país, mas neste caso concreto, tem razão. Nós estamos a ser governados por garotos. Ponto.
Consequentemente, se queremos [eu também já não sei bem se queremos], de facto ter melhores governantes elevemos então o nosso grau de exigência sobre eles. Não nos devíamos preocupar com a aplicação de modas ridículas na política, mesmo que lá fora o façam, antes dando prioridade à ordem e ao respeito, prerrogativas indispensáveis a uma Democracia a sério.
Ontem, vimos na televisão esses tristes sinais de "modernidade" onde dois deputados voltaram a insultar-se mutuamente com a complacência e a falta de autoridade do Presidente da Comissão Parlamentar, incapaz de se impôr.
Suponho que deve ser também a esta bandalheira que Medina Carreira se quer referir e se assim fôr, estou completamente de acordo com ele. Já duvido que essa sintonia seja extensível a outras áreas - como a Regionalização, por exemplo -, porque suspeito que nessa matéria sofra do síndroma de centralismo , mas no caso em questão, estou de acordo com o que diz, e como o diz.
Se existe defeito que abomino no ser humano, a hipocrisia é um deles. Uma pessoa honrada é uma pessoa honrada, um vigarista é um vigarista, e os dicionários não devem ser castrados pela lâmina venenosa da hipocrisia.