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22 março, 2011

Regresso trágico à ideologia

O sistema não serve o regime, porque se baseia no compadrio e no clientelismo. Está corrompido e ferido de morte. Não vale a pena olhar o problema hipocritamente, nem conviver com o cinismo dos que acham que foram outros os responsáveis pela situação de bancarrota a que o país chegou. Interessam pouco os ataques pessoais quando a situação é de ruptura e as reformas têm de ser muito duras, seja quem for a governar. Confúcio ensinava (cinco séculos antes de Cristo) que as mudanças radicais exigem autoridade adequada e que o homem que as promove tem de possuir força interior além de uma posição influente e aquilo que ele faz precisa de corresponder a uma verdade mais alta. Maquiavel advertia os príncipes do seu tempo de que não há nada mais difícil de empreender, mais perigoso de conduzir ou de sucesso mais incerto do que assumir a liderança na introdução de uma nova ordem das coisas. O que terá de vir é isso mesmo, uma nova ordem das coisas. A que existe conduziu ao caos, à desordem, à miséria económica, financeira, intelectual e espiritual. Já não se trata de tirar o tapete a quem quer que seja, mas de mudar a casa e de a preparar para receber equipas capazes de ajudar o novo líder a alterar radicalmente o sistema para salvar o regime. Admitindo que, apesar do descontentamento com a situação actual, os portugueses só aceitarão os sacrifícios se sentirem que eles apontam para uma mudança útil (seguindo o pensamento de Kotter). O ruído é já intenso e vai tornar-se ensurdecedor, com fortes doses de demagogia e o regresso à ideologia. Não seria grave se, nas circunstâncias actuais, não fosse trágico para Portugal.

por Alfredo Barbosa [in I]
Docente da Universidade Fernando Pessoa

Nota de RoP
Pelo que vejo [com muita satisfação], não estou só a reclamar novos paradigmas de regime e de democracia. Aos poucos, vão-se abrindo os olhos de algumas pessoas.