06 dezembro, 2012

Governo não tem plano para prevenir e combater corrupção




O ex-ministro das Obras Públicas João Cravinho, que em 2006 criou um plano anticorrupção, afirmou, esta quarta-feira, que o Governo não tem estratégia para prevenir e combater a corrupção e defendeu que deve haver uma ação conjunta entre várias entidades.


"Não há uma visão conjunta do que é preciso fazer para prevenir e combater a corrupção, não há meios adequados e as nossas instâncias, tribunais funcionam muito mal", afirmou João Cravinho à agência Lusa, comentando assim o facto de Portugal estar em 33.º lugar entre 176 países, no relatório anual da agência Transparency International.

Apesar de não conhecer o último relatório a fundo, João Cravinho considera que, de um modo geral, a posição de Portugal no ranking "deteriorou-se muito nos últimos anos" e diz não ver nada de novo que permitisse "dar grandes saltos" na lista.

No ranking do Índice de Perceção da Corrupção da "Transparency International", Portugal apresenta uma classificação de 63, numa escala de 0 a 100, que vai de "muito corrupto" a "muito limpo". Na mesma posição encontram-se o Butão e Porto Rico.

Numa análise aos países da União Europeia, Portugal surge em 15º lugar, tendo abaixo apenas alguns países do Leste, a Grécia, a Itália e Malta.

"[Esta posição] corresponde à perceção que se tem sobre duas coisas: o nível e o tipo de corrupção que há em Portugal e os esforços que se fazem para combater a corrupção que são desadequados ou fracos e isso é que tem vindo a influenciar a posição portuguesa", disse João Cravinho.

De acordo com o ex-ministro das Obras Públicas, os casos que têm vindo a público não indiciam uma viragem no combate à corrupção em Portugal.

No entender do ex-deputado do PS, os países em crise são sempre acompanhados por uma alteração de comportamento e o que "há de pior vem sempre ao de cima" e isso fez com que, em alguns casos, a corrupção tenha aumentado.

"No nosso sistema, a Assembleia da República não exerce controlo sobre o assunto, sendo que foram introduzidos planos de prevenção da corrupção, mas o mais grave de tudo é que o Governo não tem um plano, nem estratégia de combate que seja conhecida", disse.

Na opinião de João Cravinho, não há meios adequados para o combate, nem um "aparelho judicial à altura" e, por isso, os crimes económicos são cada vez mais numerosos e complexos.

"Em primeiro lugar o que há a fazer é definir responsabilidades. Hoje em dia o que me parece mais grave não é a pequena corrupção, o pequeno funcionário, ou o fiscal porque isso até avançou razoavelmente bem nos últimos anos com a informatização e melhor organização dos serviços, mas o tráfico de influências", realçou.

Para João Cravinho, o tráfico de influências, a omissão de ação preventiva e o combate "aos grandes atentados" e a boa gestão pública continua sem qualquer sanção.

"O tráfico de influências não se combate só com alteração à legislação, mas por chamar à responsabilidade as várias entidades para uma fiscalização institucionalizada", disse.

Na opinião do ex-deputado do PS, devido à crise, as pessoas estão ocupadas com "temas mais importantes do que a corrupção que passou a ser secundária, permitindo alargar a malha da permissividade".

[do JN]

Nota de RoP:

João Cravinho engana-se, quando diz que as pessoas passaram para 2º. plano o combate à corrupção por causa da crise. A crise é uma coisa intolerável, mas, associada à falência do regime capitalista, e à incompetência política, é também uma derivante da corrupção. Se lêsse o Renovar o Porto, ia perceber que não sabe o que está a dizer, porque se há tema que costumo abordar com frequência é o da corrupção. Além de mais, esqueceu-se de dizer o que é que o Partido Socialista fez para combater a corrupção, e quantos tubarões corruptos o PS engavetou. 

Se há coisa que me repugna nestes políticos, é o desrespeito que evidenciam pela memória do povo. 

Se quer(em) ajuda para controlar a corrupção, peçam-na ao Dr. Paulo Morais. Nunca se sabe se a primeira casa a passar o aspirador não será a Assembleia da República... Isto, claro está, se entretanto Paulo Morais não virar o bico ao prego.    

05 dezembro, 2012

Ontem não acreditamos...

Muitos dos comentadores que vão à televisão - armados em gente civilizada -, criticar os adeptos dos clubes pelos assobios lançados sobre os jogadores e o treinador, são os mesmos que hoje permitiram a edição de primeiras páginas com grandes parangonas a crucificar o guarda-redes Helton e a responsabilizá-lo pela derrota do FCPorto contra o Paris Saint Germain. E nem sequer me estou a referir às Bolas e aos Records, porque esses, só sobrevivem num país de corruptos como é Portugal [ainda agora, a organização Transparência Internacional o classificou na 15ª posição dos países mais corruptos da UE]. Refiro-me "ao mui portuense" Jornal de Notícias, que rotula de "Peru de Natal" o azar de um grande guarda-redes, como é Helton. No verso da 1ª.página, Norberto Lopes escreveu o seguinte, «Um erro de Helton ditou a derrota do FCPorto», e em baixo, na apreciação individual ao jogo acrescentou: «A nota negativa vai toda para Helton. Um guarda-redes experiente não pode sofrer um frango daqueles».

Não quero com isto dizer que Helton não tenha errado, nem mesmo exagerar na apreciação que fiz do título da notícia, porque o guarda-redes teve de facto a sua cota parte de responsabilidade no golo que deu o 1º.lugar do grupo ao PSG. Não. O que pretendo destacar é esta tendência dos jornalistas para forjar carrascos dentro da mesma equipa [Helton], esquecendo completamente as 4 ou 5 defesas extraordinárias que tinha feito anteriormente evitando assim que o FCP ficasse a perder mais cedo e por mais golos de diferença. Se fosse recorrente, se Helton tivesse por hábito estas distracções, talvez já não chocasse tanto aquelas parangonas, agora, fazê-lo, esquecendo que errar é humano, e sobretudo eles, jornalistas, que tantas gafes cometem, e que tantas notícias infundamentadas publicam, não transmite convicção às teses de fair-play que dizem defender. É aquilo a que se chama, desonestidade intelectual.

São também eles que às vezes fazem questão de "defender" os treinadores, considerando as críticas que os adeptos lhes fazem, como "fáceis". Mas isto também é uma hipocrisia, porque como sabemos são frequentemente os jornalistas quem se apressam a fazer-lhes o funeral. Ora, sobre este assunto quero dizer e repetir o seguinte: o treinador é o principal responsável pelo que faz, de bom e de mau, o grupo pelo qual é responsável. Ponto. À direcção do clube só lhe cabe facultar ao técnico as melhores condições para que ele possa trabalhar tranquilamente em busca dos objectivos, com os recursos humanos e técnicos disponíveis, sendo certo que para eles, técnicos, nunca são os recursos ideais. Nem Mourinho, terá seguramente no Real Madrid todos os jogadores que gostaria de ter, apesar de andar lá perto, mas o FCPorto não tem o dinheiro do R. Madrid. Como tal, volto a insistir na importância do lado psicológico de um treinador. Não basta dizermos, antes dos jogos, que "acreditamos", que temos a nossa "identidade", se a espaços damos umas escorregadelas que nos custam caro e comprometem os objectivos. Assumir a responsabilidade pela equipa, é um dever, não é uma originalidade. Mas não chega. Isso, também fazem os políticos, e nós sabemos como eles gostam de se desculpar, no fim dos mandatos. Dir-me-ão, mas é este o treinador que temos. Pois bem, mas será assim tão difícil fazer algumas correcções? Errar é humano, mas evitar o erro é sinal de inteligência.

Já o escrevi e repito, Victor Pereira para estar no FCPorto e ter o aval de Pinto da Costa, é porque tem de ter qualidades. Até já ganhou um campeonato. Só que, digo eu, se calhar não são qualidades que cheguem. O plantel é desiquilibrado, está provado, e a culpa não é dele. Há jogadores que não têm lugar no plantel, como Kléber, por exemplo, que não se pode queixar da falta de oportunidades, porque tem-nas tido mais do que muitos outros jogadores que passaram pelo FCPorto. Mas esse, não foi Victor Pereira quem o contratou... Agora, o que me parece, é que, Victor Pereira está a encontrar muitas dificuldades em implantar na equipa uma maior consistência de jogo. Mesmo nas exibições mais conseguidas, e sabendo que nenhuma equipa do Mundo pode produzir igual intensidade durante toda uma partida, a realidade é que os ciclos de bom futebol do FCPorto são demasiado curtos, e a oscilação dos níveis de concentração é uma constante, dando alguma razão àqueles que dizem, serem melhor os resultados que as exibições Parece-me que ninguém duvidará do que acabei de dizer, mas não sei se o problema estará a ser encarado com a merecida atenção. 

Ontem, a equipa teve alguns jogadores que estiveram bem, e outros [como James, Lucho e até Moutinho] que não carboraram como lhes é habitual. A espaços [lá está, a espaços!], até gostei de algumas jogadas, mas depois, a equipa quebrou-se, e mais uma vez ficou-se com a ideia de que as substituições foram extemporâneas, aliás, curiosamente, como aconteceu em Braga...

Não é o fim do Mundo, dir-me-ão, o FCPorto afinal já estava classificado para a fase seguinte da Champions, e se calhar, até pode nem ter sido [veremos!] mau ficar em 2º no grupo. O milhão de euros, ou, na menos má das hipóteses, o meio milhão de euros é que não entrou nos cofres do clube, o que não é desprezível... Depois, este ano, o FCP já não vai poder contabilizar a Taça de Portugal como mais um troféu para o ranking dos que "tirou" ao Benfica, apesar de o Braga ainda estar na luta... Resta-nos o Campeonato, a Liga [a que não costumávamos dar muito valor...] e a Champions...

Ângulo positivo: estamos fisicamente mais desponíveis para as competições que sobram. Veremos.


04 dezembro, 2012

Governo = a anedota

e o Jorge Fiel, acredita no Pai Natal?


Passos não é um idiota batizado

Calma! As aparências iludem. Ao contrário do que poderá parecer à primeira vista, Passos Coelho não é burro e sabe perfeitamente o que anda a fazer. Disfarça bem, mas sabe. Disfarçar é uma tática. Há gente assim, que parece idiota, sabe que parece idiota, mas como não é efetivamente idiota tira partido desse aspeto para levar a sua avante. Senão vejamos:

A Região Norte tem a mais elevada taxa de desemprego do país e a Área Metropolitana do Porto é onde a pobreza é mais dramática e se regista um mais elevado número de falências.

Portugal é o país mais desigual da UE a 27,já que 65% da nossa população vive em regiões onde o rendimento per capita é inferior a 75% da média comunitária. No país que vem a seguir, a Grécia, essa percentagem (22%) é 1/3 da portuguesa.

O Norte é a mais exportadora de todas as nossas regiões e onde são pagos os mais baixos salários do país. O salário líquido mensal em Lisboa é de 934 euros, a média nacional é 900, no Norte é de 746 - mais baixo que o pago no Alentejo, Centro e Algarve.

Neste cenário, ao tomarmos conhecimento que o primeiro-ministro se vangloriou de ter conseguido em Bruxelas um cheque extra de mil milhões de euros a ser aplicado na Madeira (100 milhões) e Lisboa (900 milhões) - as duas únicas regiões do país com rendimento per capita superior à média comunitária - é fácil sucumbir à tentação de considerar que Passos ou é um calhau com olhos ou um idiota que se prepara para acentuar a macrocefalia lisboeta que nos asfixia.

Mas é preciso ter calma. As aparência iludem. Estou em crer que Passos não é uma coisa (calhau com olhos) nem outra (um idiota centralista), e que, por isso, depois de ter o cheque do lado de cá, vai tirar da cartola um golpe de génio.

Passos vai explicar que a reindustrialização - a pedra de toque da sua agenda de crescimento, que espera que contrabalance os esfeitos perniciosos da austeridade e permita tornar o ajustamento sustentável - exige fortes investimentos a norte, a única região do país onde o tecido industrial tem as raízes mais fundas e está disponível a mão-de-obra indispensável para o sucesso deste esforço.

Com quatro ativos por cada reformado, o Norte é a região portuguesa que melhor resiste ao envelhecimento.

E se Bruxelas lhe perguntar: então pediste dinheiro para Lisboa e vais investi-lo no Norte? Passos Coelho vai argumentar, todo lampeiro, com o famoso efeito dispersão, explicando que a reindustrialização aumentará a receita fiscal e diminuirá as despesas com subsídios e prestações sociais, engordando assim os cofres do Estado com quartel-general em Lisboa.

Estão a ver? Não nos devemos precipitar. Afinal tudo leva a crer que o Passos Coelho afinal não é um idiota batizado, mas sim um tipo genial e fino como um alho.
[do JN]