"O dossier da Regionalização está encerrado por vontade expresa dos Portugueses, e não deve ser reaberto"(Miguel Relvas - Torres Vedras - 13-10-2007).
Estará? Na opinião do autor da frase, sim, mas é apenas uma opinião que exprime um desejo a que tem direito.
"Por vontade expressa dos Portugueses?" Esta, que é uma frase recorrente dos anti-regionalistas, já não é uma opinião; pretende ser uma verdade factual. Será? À medida que o tempo passa, os factos vão esquecendo; aqui ficam alguns para avivar memórias.
No referendo para a Regionalização em Nov.1998, se tomarmos em linha de conta o número de eleitores inscritos e os resultados verificados, constata-se que apenas 30% dos eleitores ou seja cerca de 2,4 milhões disseram NÃO à Regionalização. Pretender que este número autoriza a afirmação de que a Regionalização foi rejeitada por vontade inequívoca de dez milhões de Portugueses, é no mínimo má fé.
Acresce que os números não podem ser considerados fora do contexto geral, sob pena de se fazer uma análise incompleta. Houve factores decisivos que contribuiram para o facto de os NÃO terem sido superiores aos SIM, nomeadamente:
- Se oficialmente o PSD era contra e o PS a favor, este partido na realidade também era contra. Só assim se explica a campanha(?!) descolorida e frouxa, quase envergonhada, a favor do SIM, em contraste com os defensores do NÃO que partiram para uma campanha agressiva, muitas vezes desonesta e demagógica, que decerto calou fundo nas maiorias que decidem a balança dos votos.
- Nunca foi explicado aos Portugueses menos esclarecidos que a Regionalização não tem a ver com o tamanho dos países e também que não implica forçosamente um aumento de despesas referentes aos órgãos de governação.
- Ninguém se preocupou em explicar, com conceitos símples e exemplos concretos tirados do dia-a-dia, quais as vantagens resultantes da Regionalização, e que esta não é uma luta entre partidos políticos, mas sim um sistema mais eficiente e mais justo de organização político-administrativa.
- As duas perguntas do referendo estavam formuladas de um modo tão pouco claro que pareciam destinadas a desencorajar os canditados a votante.
Por tudo isto e mais ainda, a campanha de 1998 para a regionalização, assemelhou-se a um jogo em que de um lado estava uma equipa de profissionais entusiastas, a jogar com as regras do râguebi, e do outro lado uma equipa de jogadores desmotivados, jogando com as regras do futebol. O desfecho era previsível.
Se vamos brevemente para uma nova campanha para regionalizar o País - e teremos forçosamente que o fazer - é indispensável efectuar um exame crítico aos muitos eros cometidos em 1998, para os não repetir. Já diz o ditado que "errare humanum est", mas perseverar no erro é burrice.
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