Regressado de um curto período de descanso, dei por mim a pensar se valeria a pena continuar, "a pregar no deserto", já que os resultados de uma contestação cerrada às prestações governativas são pouco menos que decepcionantes. Isto, em si mesmo, até podia ser um bom sinal, podia até querer dizer que o Governo estava no bom caminho, que o país estava a arrumar-se e que afinal já não faziam sentido as nossas críticas. O problema é que estamos rodeados de coisas aparentemente válidas mas que na realidade não servem para nada.
Entre essas coisas, contam os jornais, as rádios e as televisões, cuja produção poderia ter um impacto verdadeiramente positivo na vida dos portugueses se os homens que os dirigem tivessem uma concepção profunda e não distorcida do chamado serviço público. Na realidade, não é isso que acontece. Os jornalistas, limitam-se a representar, a simular a prestação de um serviço, esvaziando a essência da maioria dos assuntos sem nunca chegarem ao seu âmago.
Os incêndios, em Portugal, são um fenómeno recorrente. Ver pessoas, matas, árvores e animais serem ciclicamente dizimadas pelo fogo é das coisas que mais me incomodam. Na Europa, Portugal é um país com um clima temperado mas com frequentes verões escaldantes. Toda a gente sabe que é assim, só os governantes parecem ignorá-lo, porque não há meio de se decidirem a implementar uma política eficaz com rotinas de prevenção aos fogos e de fiscalização das matas. Da acção governativa de combate aos fogos, pouco mais se conhece do que os equipamentos e o pessoal, mas com o acto [fogos] já consumado, e depois os sermões com o choradinho da praxe. Prevenir, é que nicles! Dá trabalho, e não dará lá muito jeito, presumo...
Objectivamente, deveria ser este o ponto a "explorar" pelos media, mas não, passa-lhes quase sempre ao lado, sendo facilmente manipulados pelos argumentos esfarrapados dos de sempre, ou seja: os políticos e as suas lamúrias. Porque as pessoas não têm cuidado, porque são os pirómanos, porque não há isto, porque falta aquilo, a verdade é que nada se altera de ano para ano, mesmo que entretanto tenham morrido pessoas e ardido milhares de hectares de floresta!
Como estes desfechos são crónicos, para casos desta gravidade, pessoalmente, defenderia uma política pouca democrática, não só para os proprietários dos terrenos, que não cuidam deles, como para o próprio Estado e seus directos responsáveis. Mão de ferro e pena dura para os prevaricadores, sem recursos judiciais. Ponto. Portugal, um país onde a Democracia nunca foi levada a sério, tornou-se o paraíso ideal dos oportunistas e foras-da-lei. Com uma Democracia de rédea curta, onde o crime deixásse de compensar, talvez tivéssemos alguma hipótese de colocar a "casa" em ordem. Com a palhaçada da nossa Democracia, é que nunca lá chegaremos. Quem disser o contrário mente, ou é lunático.
Objectivamente, deveria ser este o ponto a "explorar" pelos media, mas não, passa-lhes quase sempre ao lado, sendo facilmente manipulados pelos argumentos esfarrapados dos de sempre, ou seja: os políticos e as suas lamúrias. Porque as pessoas não têm cuidado, porque são os pirómanos, porque não há isto, porque falta aquilo, a verdade é que nada se altera de ano para ano, mesmo que entretanto tenham morrido pessoas e ardido milhares de hectares de floresta!
Como estes desfechos são crónicos, para casos desta gravidade, pessoalmente, defenderia uma política pouca democrática, não só para os proprietários dos terrenos, que não cuidam deles, como para o próprio Estado e seus directos responsáveis. Mão de ferro e pena dura para os prevaricadores, sem recursos judiciais. Ponto. Portugal, um país onde a Democracia nunca foi levada a sério, tornou-se o paraíso ideal dos oportunistas e foras-da-lei. Com uma Democracia de rédea curta, onde o crime deixásse de compensar, talvez tivéssemos alguma hipótese de colocar a "casa" em ordem. Com a palhaçada da nossa Democracia, é que nunca lá chegaremos. Quem disser o contrário mente, ou é lunático.
Rui, seja bem-vindo. Espero que as férias tenham sido óptimas, o que pela amostra, acho que foram. A sua acutilância faz falta.
ResponderEliminarUm abraço
Antes de mais boas vindas.
ResponderEliminarLi há uns tempos (penso q num blogue mas que, lamentavelmente, não me lembro qual), uma abordagem pouco comum, mas nem por isso disparatada, sobre os fogos em Portugal. Dizia-se então que o problema dos fogos era, antes de mais, um problema económico. Comparava-se com as ocorrências em Espanha pelos anos 80 e 90, e argumentava-se que desde que a exploração produtiva de terras começou a ser mais generalizada, o número e extensão de fogos reduziu muitíssimo. Para além de que (isto ponho algumas dúvidas), tirando o dramatismo dos fogos em termos do próprio eco-sistema, pouca riqueza (em termos traduzíveis para €€€), representam. Comprovava-se isso com exemplos de explorações com espécies altamente combustíveis, localizadas em áreas de risco de incêndio, mas que, devido a rentabilização económica, ali estavam há muitos anos sem nunca o fogo ter andado perto.
Achei este texto bastante interessante, com uma abordagem diferente do vulgar atirar de pedras dos bombeiros para a protecção civil, e destes para o governo e do governo para o S. Pedro. Só lamento não ter presente onde o li.
Abraço.
Eu... na minha mente conspirada, não quero acreditar que em 90% dos casos, sejam uns maluquinhos quaisquer que gostam de presenciar incêndios!
ResponderEliminarSinceramente, não posso acreditar nesta tese absurda!
Altos interesses, deverão andar metidos no assunto.
Meu caro,
ResponderEliminarBom regresso.
Julio Magalhães ao DN:
"Em Lisboa movimentam-se muitos milhões de euros. Eu tenho visto como é que, em Lisboa, se desperdiçam milhões de euros.
Essa dicotomia com Lisboa é em relação ao Porto?
Não, é ao resto do país. Vive-se em Lisboa de uma forma que não se vive no resto do país. Tenho assistido a coisas que não pensei existirem. Vive-se de milhões de euros, de jantaradas, de almoçaradas, de grandes festas e, sobretudo, de grandes negociatas. Vivemos num país demasiado centralista e demasiado centralizado.
Isso é um discurso céptico, para não dizer pessimista.
Mas as pessoas estão mesmo desoladas! Quem sair de Lisboa percebe que o país está mesmo desolado. E não é ser céptico, é ser realista. Já me apercebia disso e agora apercebo-me um pouco mais. Mas acho que, depois desta crise que estamos a viver, já não vai ser a mesma coisa."
Para toda a gente ler