11 janeiro, 2011

Embuste nacional


ELIAS, O SEM-ABRIGO / R.Reimão e Aníbal F. [JN]


Além do refinado humor, frequentemente, um boneco de cartoon consegue traduzir a realidade com a frieza de uma ciência exacta, colocando no mais profundo ridículo a farsa de muitos debates televisivos. É o caso do desenho acima exposto. 

De facto, a promiscuidade está longe de ser exclusivo do futebol. É uma espécie de bola de ténis que anda de um lado para o outro do court até sair fora dos limites jogáveis. Ora "pontua" o político, ora retribui o empresário. Sempre extrapolando o razoável.

Não me vão ouvir a mim repetir a cassete do optimismo encomendado, nem dizer que os momentos de crise são bons para empreender, porque fazê-lo, valeria o mesmo que afirmar que só não investe quem não quer, ou que a Banca por tradição nos habituou a financiar-nos, sem levantar grandes entraves e a cobrar taxas de juros razoáveis, mesmo perante projectos muito promissores. O que não deixarei de dizer - porque é um facto cíclico -, é que é nos momentos de crise que as máscaras de políticos e dos empresários sem escrúpulos, costumam cair de podres para revelar a mentalidade medieval que ainda possuem e a ideia retrógrada que fazem dos negócios e do progresso.

Se aos governantes não passa outra ideia de governo que não se restrinja ao crónico aumento dos impostos e ao desbaratar do próprio património, aos empresários [salvo muito raras excepções], o "optimismo" empurra-os invariavelmente para o despedimento massivo, para a degradação das regalias e condições de vida da mão de obra com a "clássica"  descida de salários.

Ainda não foi desta que os empresários conseguiram reunir condições para passar o salário mínimo nacional para os 500 euros [uma fortuna], talvez [quem sabe?], porque o record de vendas do ano findo dos Porches e dos Mercedes tôpo de gama, terá sido, presume-se, atingido pelos "parasitas" beneficiários do rendimento mínimo. Só pode...

Por estarmos habituados a respirar tanta coerência, tanta seriedade intelectual, tanta solidariedade humana, as próximas eleições presidenciais irão seguramente atingir elevadíssimos níveis de participação. Eu já preparei um bom equipamento de corrida, e até já investi as minhas parcas economias numas sapatilhas Nike que é para ver se consigo ser o primeiro a votar em Cavaco Silva, nesse mui grande e iluminado estadista...


1 comentário:

  1. Caro Rui, nós não temos empresários, salvo uma ou outra excepção, temos patrões que arranjam sempre pretextos para mamar na teta... ou é o salário mínimo, ou o código laboral, ou a falta de flexibilidade, ou isto ou aquilo.

    Ontem perdi todas as dúvidas que tinha e como estamos na época de saldos, também vou comprar umas Nike - se não fossem os saldos, tinha de ser numa loja dos chinocas, que até são nossos amigos e nos compraram 1000 milhões de dívida -, para ir a correr votar no senhor professor doutor, economista desprendido, que está a juntar uns dinheiritos para deixar aos filhos e aos netos, mas depois não quer saber das contas e só tem tido prejuízos.

    Não tem pena?

    Um abraço

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