15 fevereiro, 2011

Pobres jornalistas...

Dizia Alfredo Maia [na foto], presidente do sindicato dos jornalistas, em título de artigo na revista Foco,   que a qualidade do jornalismo está a ser posta em causa. Quando eu pensava que o bom senso tinha finalmente  invadido a boa consciência da classe, afinal o problema era outro; reduzia-se a um iminente risco de despedimento supostamente motivado pela eventual fusão da Agência Lusa com a Direcção de Informação da RTP...

Pelos vistos, ao presidente do sindicato dos jornalistas não lhe passou sequer pela cabeça a hipótese de uma grande vaga de desemprego provocada pelo jornalismo de sarjeta que impera pelo país, de Norte a Sul, onde o respeito pelos leitores foi há muito relegado para um secundaríssimo plano, em benefício de critérios de venda de validade discutível.

As justificações apresentadas para tamanha preocupação, são no mínimo divertidas, já que ao que parece, é a concentração de meios e a concorrência directa com os canais privados o principal problema. Há nestas declarações uma absoluta falta de coerência entre a teoria e a prática. Este cavalheiro não deve ver a programação desportiva, caso contrário não se atreveria a fazer afirmações desta natureza. Se há coisa que já existe nos media, é concentração, não apenas de meios como de políticas de informação, onde o unanimismo passou a ser palavra de ordem.

Que o sindicalista não leia jornais nem veja telejornais é espantoso, que não se digne sequer olhar para as bancas dos quiosques é surrealista, pois na pior das hipóteses seria atraído pelo tom berrante e vermelhusco das capas dos jornais. A não ser que, tal como os Deolinda, queiram impingir aos portugueses a ladaínha de "quem não é benfiquista, não é bom chefe de família".

Senhor Maia: se quer ter uma pequena ideia da opinião de um leitor que se orgulha de ser portuense, portista e *anti-benfiquista assumido [leu bem, anti-benfiquista], saiba que quantos mais "pasquinistas" ficarem desempregados, melhor. Não é com políticas absolutistas e anti-democráticas de informação que os jornalistas legitimam o direito ao trabalho, é com seriedade e respeito por todos os leitores.

*Para quem ousar impingir-me sermões moralistas, faço questão de informar que fui beber o meu anti-benfiquismo ao anti-portismo da Comunicação Social e do Cerntralismo. 

5 comentários:

  1. Excatamente, Rui, este senhor, só se preocupa com o que acontece a jusante, atacar o problema do sectarismo, do facciosismo, do fretismo não o preocupa, mas devia, que era para depois ter autoridade moral para falar. Coisa que não tem.

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Não é com políticas absolutistas e anti-democráticas de informação que os jornalistas legitimam o direito ao trabalho, é com seriedade e respeito por todos os leitores.´
    Nada mais correcto amigo valente!
    Agora,meter esse conceito na cabeça desses carneiros é que deve ser dificil!

    Condor.

    ResponderEliminar
  3. pasquineiros avençados é o que melhor define o jornalismo tuga!

    ResponderEliminar
  4. Há Jornalismo e jornalismo há aqueles (são poucos) com ética profissional e há os outros, os lambe-cus dos chefes, dos políticos, dos clubes etc é etc.
    Muitos jornalistas! para poucos empregos e alguns com bons tachos. É a crise.
    Este sr sindicalista, está mais preocupado com a deminuição das cotas... que é o seu ganha pão, o resto vai no Batalha.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

    ResponderEliminar
  5. Zé da Póvoa17/02/11, 17:36

    Estou plenamente de acordo com o seu comentário. Pena é que ainda haja muita gente da nossa a gastar dinheiro com os pasquins desportivos de Lisboa ou com os canais da SportTV.

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...