Não, não tenciono enveredar pela demagogia dos comentadores políticos, e dizer que a culpa pela perda de protagonismo do Porto, e do Norte, é de todos nós, porque isso seria faltar ao respeito àqueles nortenhos que votaram conscientemente, sobretudo aos que não votaram em qualquer dos partidos do chamado arco do poder. Não enjeito contudo a oportunidade de apontar Rui Rio como o principal obreiro do esvaziamento político e demográfico da cidade do Porto, dos últimos 11 anos.
Curiosamente, essa orfandade de liderança foi precedida da prematura e infeliz saída de Fernando Gomes da C.M.do Porto, para ocupar o lugar de Ministro da Administração Interna, em Lisboa, ele que até aí tinha sido o melhor autarca desta cidade depois do 25 de Abril de 1974.. Politicamente, Fernando Gomes pagou cara a desfeita que fez aos portuenses, ao perder para Rui Rio, em 2001, uma Câmara que noutras circunstâncias seria sempre sua, permitindo com a sua derrota, que Rio deixasse o Porto no estado em que está: mais pobre, e mais deserto.
Rui Rio, como sabemos, entrou no Porto da pior maneira, hostilizando gratuitamente um dos maiores baluartes da resistência ao centralismo lisboeta, o FCPorto, e o seu Presidente Pinto da Costa. Desta forma, mesquinha e inglória, Rui Rio com os seus conhecidos complexos de inferioridade, contribuiu para que o poder central fosse paulatinamente perdendo o respeito à nossa cidade e região, contagiando toda a sociedade civil, incluindo políticos e empresários, que passaram a olhar para o Porto como uma cidade descartável, onde já nada se decide. Para azar dos nortenhos, seguiu-se a famigerada crise económica global, facto que ainda por cima serviu que nem uma luva para o acentuar do centralismo, e para justificar o marasmo e a incompetência do próprio Rui Rio.
Tenho como certa esta convicção, mas mesmo assim continuo sem encontrar uma resposta compreensível para a indiferença generalizada que se instalou na sociedade nortenha, no seu grupo de empresários e políticos, que são os que mais influencia e poder têm para tomar iniciativas, limitando-se a fazer comentários nos órgãos de comunicação social, os quais já ninguém leva a sério.
Mesmo assim, custa-me a acreditar que a apatia em que o Norte vive se deva apenas ao efeito difusor de Rui Rio.
É uma constatação óbvia, com RR o Porto perdeu força, protagonismo, poder, capacidade reivindicativa. Agora que está de saída, acordou e o que antes eram complexos provincianos, populismo e demagogia, afinal já não é.
ResponderEliminarAbraço