25 junho, 2013

O despertar do Brasil


Ou muito me engano, ou Portugal será brevemente ultrapassado pelo Brasil no ranquing dos países mais avançados em práticas de cidadania. 

Apesar de localizado na Europa, e viver formalmente em democracia há 39 anos, Portugal está longe de merecer a reputação de um país primeiro-mundista, seja por não conseguir gerar políticos qualificados, seja por ter uma população com hábitos subservientes demasiado enraizados, face à realidade e às exigências dos tempos modernos.  

Caminhando embora ao ritmo da sua natural tropicalidade, o Brasil parece querer tomar a democracia pelos "cornos", e manuseá-la com mais talento e objectividade que nós.

Aquilo a que assistimos nas cidades do Brasil é o somatório de múltiplas vozes que tomam o espaço público da cidade - mas que já antes estavam presentes nas conversas de café ou em família. Se estivermos atentos ao teor dos cartazes dos contestários, verificamos também uma originalidade e um sentido de humor de fazer inveja aos portugueses.

Mas, aquilo que mais me fascinou, e ao mesmo tempo entristeceu, enquanto português, foi notar que os brasileiros usaram os estádios de futebol para se manifestarem sem medo contra a corrupção e as desigualdades sociais, ao contrário dos portugueses, que canalizam para o futebol as frustrações de cidadãos, na expectativa que o clube do coração as resolva...

Quem permitiu, por ridículas motivações estratégicas,  que a língua portuguesa se adaptasse ao português do Brasil, invertendo e desrespeitando a lógica genética da história, só tem é de esconder a cara da vergonha.


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