19 setembro, 2013

FCPorto na Champions. Uma estreia muito pobre

Quando alguém tem um objectivo, e o consegue alcançar com maior ou menor dificuldade, e se atrás desse mesmo objectivo existem outros candidatos que não o conseguem, é injusto negar-lhe competências. Mas, se esse objectivo for mesclado de outras mais valias, como o empenho, a inteligencia, a concentração e [porque não dizê-lo] e espectacularidade, o reconhecimento é total, e inegável. Refiro-me, claro, ao futebol e aos homens cuja principal tarefa é levar os clubes ao topo mais alto das competições: os treinadores.

Falando de treinadores, ontem não pude deixar de me lembrar de Victor Pereira por se encaixar no primeiro quadro que acima apresentei, porque conseguiu atingir um dos principais objectivos que foi a conquista sem brilho do Campeonato, mas falhou outros. O futebol, repito, é fantasia, é técnica, é táctica e estratégia, mas perde muito do seu interesse se o espectáculo não for garantido. Ontem, foi Paulo Fonseca que esteve ao leme da equipa e aquilo que vi fez-me lembrar o pior de Victor Pereira.

Se houve coisa que me animou nos jogos da pré-época, da Taça, e nos primeiros do campeonato, foi a mobilidade dos jogadores. Ontem, foi exactamente o contrário. A equipa apresentou-se apática, nervosa, esqueceu-se de pressionar alto e jogou desorganizada. Os laterais não subiam, tornando os avançados como Licá e Varela, completamente inofensivos. Ao "esquecer-se" de pressionar como costuma, a equipa do FCP deu muito espaço ao adversário, aumentando as dificuldades no sector defensivo, onde atletas normalmente assertivos nos tempos de entrada, pareciam baratas tontas à procura da bola. Às vezes apetece-me dar razão ao Miguel Sousa Tavares que, como se sabe, exagera nas críticas que lhe faz, mas Varela põe-se a jeito. Licá, também não existiu, e Jackson ligou o complicómetro que Varela lhe emprestou... Jackson, vai marcando, mas está lento, quase irreconhecível. 

Há dois aspectos que no nosso futebol me causam estranheza desde há muitos anos, que são, em primeiro lugar a incapacidade quase absoluta para chutar de primeira, e a cisma em quererem dar muitos toques na bola antes de a passarem ao companheiro perdendo imensas oportunidades para surpreenderem os adversários. Será assim tão complicado alterar isto? Não sei que razões objectivas poderão estar por detrás desta mania, mas é uma realidade. Basta olharmos para os nossos vizinhos de Espanha, para vermos como sabem fazer do remate pronto e da rapidez um argumento importante nos seus movimentos ofensivos  [isto, já para não falar de Inglaterra]. Em alta competição, não nos podemos dar ao luxo de ignorar tais argumentos, caso contrário, e a jogar como (não) jogamos ontem, corremos o risco de um dia ser vexados. Cuidado!

Estou convicto que o jogo de ontem foi apenas um dia mau, apesar do bom resultado, mas a segunda parte do jogo com o Gil Vicente também não deu para perceber. Foi miserável. De Paulo Fonseca espera-se muito mais, não pode permitir que a intermitência passe a ser a imagem de marca do FCPorto. O espectáculo tem de ser salvaguardado. E os resultados também. Não confundo nunca, o futebol com ópera, porque confundí-los é já uma aberração intelectual. Por isso, não me falem de ópera, sim?     

5 comentários:

  1. Futebol pobre e irritante, só não perdemos pontos porque não calhou.
    Há jogadores como o Sr Jackson, que parece que o FCP lhe deve dinheiro, tal é a tristeza deste jogador.
    Sr Paulo Fonseca, ponha-se fino que o FCP tem que ser melhor, que isto que estamos assistir.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO

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  2. Só gostei da jogada que deu o golo, porque de resto pouco há para falar, a não ser para dizer mal. Oxalá eu esteja enganado mas não estou a gostar nada disto.
    Abraço
    Manuel Moutinho

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  3. Não perder o artigo bem aproposito de Daniel Deusdado no JN "DÍVIDAS IMPAGAVEIS".
    Talvez mereça divulgação.

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  4. Devagarinho o FCP vai ao sitio mas o seu grupo na LC é bem difícil e traiçoeiro.

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  5. Deacon Blue21/09/13, 11:58

    Caro Rui Valente,

    Se me permite, nao me surpreende este tipo de situaçao, é normal e nada a que nao estejamos habituados nos ultimos tempos.
    No minimo, porque para além dos jogadores, estamos também agora a "formar treinadores" com as incidencias que um processo desse tipo proporciona....

    Eu acho que o nivel a que está actualmente o FCPorto, deveria de ser "mais exigente" no que ao treinador diz respeito (sem qualquer menosprezo para com o NOSSO actual treinador).
    Actualmente, um treinador da primeira equipa tem na minha opiniao uma importancia vital para o clube e como tal tem de ser uma pessoa com o minimo de experiencia, algum estatuto e provas dadas, e claro, isso custa dinheiro.
    Ora, como se gasta actualmente no FCPOrto algum dinheiro que poderia (poderia) ser questionàvel, nao entendo porque nao se gasta mais num treinador.
    Para contrariar, poderiamos falar de exemplos como Mourinho ou AVB, ok, mas acho que daqui a alguns anos, estatistica pura, eles serao uma gota no oceano.

    Mas se calhar sou eu que estou a ver mal....admito que sim....

    Acho portanto que, no que ao treinador actual diz respeito, vao aparecer erros/altos e baixos que sao perfeitamente naturais porque o rapaz esta num processo de aprendizagem e crescimento....
    Se existir um erro grave dele que cause prejuizo ao clube,honestamente, creio que a culpa nao será deles mas da estrutura do clube que foi quem o contratou.
    Estrutura com provas dadas mas que, sobre este caso do treinador, segue uma estrategiaque confesso me começa a irritar.

    Abraço

    Deacon



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