30 junho, 2014

Norte cada vez mais a sul

Aqui atrasado escrevi que Portugal devia talvez chamar-se Entroncamento pela facilidade de gerar fenómenos à moda da cidade com o mesmo nome e de criar situações revestidas de mistérios absolutamente incompreensíveis. Hoje, volto a reafirmá-lo porque, como reza o ditado, o que é de mais, é moléstia.

Conhecido o faro dos media pelas notícias bombásticas, pelos chamados casos de faca e alguidar que os leva amiúde a forjá-los ou inventá-los para aumentarem as receitas de tesouraria, não deixa de ser estranha a aparente indiferença como têm lidado com essa espécie de paz pôdre instalada entre a Câmara do Porto e de Gaia, o Porto Canal, e o FCPorto. Mais  se estranha ainda, quando sabemos não ser preciso muito para os mass media centralistas aproveitarem o mínimo franzir de olho para desencadearem guerras entre instituições e pessoas a elas associadas, mais que não seja para mostrarem ao país profundo quão intenso é o provincianismo dos gajos do Norte, essa sub-raça, que, segundo a evidência dos critérios lisbonários só servem para estorvar o todo do país, que para eles, é obviamente Lisboa.  

O certo é que, desde que a Troika chegou a Portugal para credibilizar a austeridade e nos fazer assumir responsabilidades alheias, a comunicação social está concentrada na intriga partidária do arco do poder e o resto é irrelevante. Não que a Troika seja responsável pela indiferença dos media pelo resto do país, porque essa sempre existiu, agora o que era inimaginável é que o Porto Canal alinhasse pela mesma bitola e tenha praticamente desistido de enfatizar o tema da Regionalização.

Sendo, como consta,  o Porto Canal propriedade do FCPorto (detém a maioria do capital) não se entende como é que Pinto da Costa que foi um dos principais alvos e vítima do centralismo, sendo conhecido o seu inconformismo contra o mesmo, como é que ainda não apostou no reforço editorial do canal na componente regional e determinou outra dinâmica de forma a criar uma espécie de barreira ao crescimento incontrolável desse centralismo. Eu, não sou capaz de compreender tal postura, e até a acho um tanto contraditória.

Não basta à direcção do Porto Canal dizer que é pelo Norte, é preciso dar provas que está a trabalhar nesse sentido. A  sério. Terminar com um dos melhores programas sobre questões regionais (Pólo Norte), prova o contrário. E o que tem feito nos últimos tempos em matéria de informação, programação e criatividade tem sido regressivo e indigno para o público alvo. Se consultarmos o guia programático  do JN de televisão das 6ªs. feiras chegámos cedo á conclusão que o Porto Canal é dirigido em cima do joelho pois nem sequer fornece ao referido jornal a grelha semanal de programação. Custa portanto a acreditar que o FCPorto faça parte desta anarquia programática, porque não é a isso que estamos habituados, ou então não surpervisiona o Porto Canal, ou confia demais em Júlio Magalhães. E se confia, das duas, uma: ou sabe o que se está a passar e consente, ou não sabe e pactua com a situação.

Outro erro crasso da direcção do Porto Canal, quiçá o mais grave, é fazer dos espectadores um bando de idiotas a quem tudo é possível omitir e transmitir. Imaginar que os espectadores não se estão a aperceber das guerrinhas silenciosas entre Pinto da Costa e Rui Moreira, quando toda a gente reparou que Rui Moreira desde que foi eleito, não foi uma única vez aos estúdios do Porto Canal é fazer deles burros. A história recente com a atribuição da medalha de honra da cidade a Rui Rio não explica tudo, porque este clima de silêncio barulhento já se "respira" há uns mêses, não é de agora. Na noite de S. João os portuenses (e os lisboetas também), puderam constatar que Pinto da Costa se juntou ao presidente da C. M. de Gaia, Eduardo Victor e A. José Seguro em Gaia, enquanto do lado de cá, no Porto, Rui Moreira festejava acompanhado de António Costa... Resultado: aquilo que aparentemente o S. João "uniu" (os presidentes das duas cidades) a polítiquice e o futebol separou.

Repito, se isto é Porto, eu não sou de cá, nem me revejo nestes portuenses. E lamento-o. Por isso, me parece que, ou os gajos de Lisboa andam a dormir - o que me custa a admitir - ou aqui há gato escondido com rabo de fora e existe uma explicação, por hora bem escondida, para tudo isto .

Não tarda, haveremos de descobrí-la. Só não consigo é levar a sério toda esta gente que passa o tempo a falar do centralismo e lhe entrega de bandeja aquilo que ele mais quer, ou seja:  guerrinhas divisionistas para melhor reinar e dormir descansado.

Afinal, o Norte, os tais gajos do Norte, não passam de uma fábula. 

12 comentários:

  1. O que me parece é que quem escolheu o posicionamento (provavelmente condicionado pelo grupinho do riacho?)desde inicio foi RM.

    É só comparar com a abertura que o FCP ( e até o Portocanal) têm em Gaia,Matosinhos ou Gondomar ....

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  2. O FCP é o maior embaixador do Grande Porto exigir tratamento adequado não é solicitar nada de especial.

    Quando o FCP não é convidado para a tomada de posse e outros eventos...

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  3. Como é possível que tudo isto aconteça! É um facto que quem vê caras não vê corações. Gente mesquinha, com complexos de provincianismo, ciumenta gente do deixa andar.

    O Porto Canal é aprova do arreia as calças ao sul, de um canal que pouco discute a cidade o Norte e pouco ou nada diz do clube FCP.
    Não entendo o silêncio do presidente e FCP em relação ao Canal! anda todos distraídos, a ver o Andor a passar.

    Quanto ao presidente da Câmara do Porto, pouco ou nada se vê! Bolhão, e a revista informativa desapareceu. Rui Moreira parece-me uma figura apagada, foscada pelo Pizarro pessoa que não me diz nada coma autarca do Porto.

    Estamos precisamente no momento de todos se unirem no Norte, para combater o centralismo que mais uma vez se prepara para nos roubar dinheiros que aí estão para chegar.
    É premente a união de todos e deixem-se de guerinhas parolas e inúteis.

    Abílio Costa.

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  4. Quando as "comadres" se zangam - mesmo que não o assumam - o resultado é sempre o mesmo, ninguém tem razão.

    Lamentável esta situação.

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  5. O problema entre o P Canal e R Moreira é simples e já aqui há uns meses atrás expliquei ao R Valente, mas pelos vistos não lhe atribuiu credibilidade (no entanto, essa versão pode ser confirmada numa entrevista dada pelo J Magalhães): o que se passou foi que no último debate entre os candidatos autárquicos ao Porto no P Canal, todos eles se comprometeram (logo também R Moreira) a que o vencedor daria a sua primeira entrevista ao P Canal. Acontece que R Moreira numa atitude típica de rapazola chique da Foz o que fez de imediato, demonstrando bem a sua falta de carácter, foi ir a correr para Lisboa para mostrar-se ao país certamente por achar que o P Canal já era demasiado pequeno para ele. Perante isto, compreendo muito bem a posição do P Canal e de P da Costa.

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  6. Anónimo,

    não sei se a história é assim como diz, nem sei por que raio o Júlio Magalhães (ou a entrevista que leu)há-de inspirar-lhe mais confiança.
    Quanto a R. Moreira parece-me prematura a conclusão que retira sobre o s/ carácter.

    Há porém um detalhe que você parece esquecer que é o segunte: de todos os comentadores adeptos do FCPorto R.M. foi o único que soube sair de cabeça erguida do malafamado Trio de Ataque. Todos os outros não largam a avença, mesmo que digam cobras e lagartos de Pinto da Costa e do FCPorto...

    Apesar disso, ainda é cedo para tirar as suas conclusões.
    Por falar em carácter, por que é que você não se identificou?

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  7. Porto

    Pinto da Costa deixa PSD solidário com Carla Miranda


    Pinto da Costa deixa PSD solidário com Carla Miranda

    O social-democrata Ricardo Almeida saiu em defesa de Carla Miranda, vereadora do PS na Câmara do Porto, que apoiava a atribuição de uma medalha ao presidente do FC Porto.


    Os vereadores do PSD na Câmara do Porto defenderam nesta terça-feira a socialista Carla Miranda no caso da medalha ao presidente do FC Porto, por "ter sido objeto de crítica por emissários políticos" de Rui Moreira.

    "Os vereadores não devem ser objetos de crítica por parte de emissários políticos. É uma perversão do sistema político. Manifestamos a nossa solidariedade com Carla Miranda pela forma como foi tratada publicamente", descreveu o social-democrata Ricardo Almeida, em declarações aos jornalistas no fim da reunião privada do executivo.

    O vereador indicou que o presidente da autarquia, Rui Moreira, justificou a opção de não dar, este ano, o galardão ao presidente portista por "uma questão de sensibilidade", já que um dos medalhados é o ex-presidente da autarquia, o social-democrata Rui Rio.

    Fonte da Câmara do Porto confirmou à Lusa que o autarca Rui Moreira entendeu que não seria "cortês" a atribuir medalhas às duas personalidades da cidade no mesmo ano.

    Ao manifestar solidariedade com a vereadora do PS, o social-democrata Ricardo Almeida referia-se ao facto de Nuno Santos, adjunto do presidente da Câmara, ter criticado Carla Miranda por, na reunião do executivo realizada dois dias antes, não ter feito qualquer proposta formal para atribuir uma medalha ao presidente portista, Pinto da Costa. in DN
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    Ainda há duvidas?!...

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  8. Rui Valente disse...
    sugiro que, antes de se falar em questões de carácter, se procurasse perceber o ambiente de guerrinhas e invejas que paira actualmente na Câmara do Porto.
    Ricardo Almeida do PSD, um dos vereadores que agora atacam Rui Moreira foi um apoiante incondicional de Rui Rio. Por outro lado, a deputada do PS que agora se serve de Pinto da Costa para daí retirar dividendos políticos, é a única, creio, que não tem pelouro...

    Rui Moreira não vai ter a vida fácil. É o preço a pagar por ter embarcado no apoio de Rio à s/ candidatura. Mesmo assim, ainda é cedo para tirar ilacções.

    Quanto à não nomeação de P.da Costa como homenageado, compreendo que Moreira tenha querido evitar uma situação embaraçosa se juntasse no mesmo acto solene duas figuras tão antagónicas. Acho que tenciona fazê-lo noutra oportunidade.

    Tenhámos calma.

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  9. O FCP tem sido já não digo marginalizado mas pelo menos secundarizado para agradar ao grupinho riacho.

    É verdade que que estava combinado que quem ganhasse a cmp daria entrevista de imediato ao porto canal.

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  10. O R Valente continua a ignorar aquilo que para mim é essencial e inegociável e FACTUAL: eu assisti ao último programa de debates para as autárquicas do Porto no P Canal no qual R Moreira se comprometeu a dar a sua 1ª entrevista ao P Canal no caso de vencer essas eleições; ganhas as eleições R Moreira ignorou o seu compromisso público, ignorou o P Canal e foi a correr para Lisboa dar entrevistas. Isto são factos que cada um classificará como muito bem entender, eu classifiquei como falta de caráter (podia ter classificado como bajulação ao centralismo), o R Valente como classifica? Se o comentador é anónimo ou não, é o menos importante, o importante é a mensagem não o mensageiro.

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  11. Acho fantástica a ligeireza como aborda a questão do anonimato num espaço onde entra sem se identificar. Você diz que não é importante mas insiste em querer que valorize a sua opinião. Não acha isso um tanto, vá lá... contraditório quando acusa outros de sem carácter, etc. É preciso pensar um bocadinho nas nossas próprias atitudes, não acha?

    Quanto à sua tese, só lhe digo é que você só sabe metade da história. Eu acho que sei um bocadinho mais, mas não é a mim que compete revelá-la...

    E por aqui me fico.

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  12. Anónimo,

    não lhe vou dar o prazer de publicar o s/ último comentário. Até porque tem alguma razão quando diz que não gosto de anónimos. Tanto assim é, que mesmo aqui ao lado na coluna à direita do blogue nas "Novas regras da casa" diz que só publico comentários identificados, mas você não leu ou não quis ler. Mae culpa, portanto. Não devia ter facilitado.

    De resto, só me está a dar razão porque é a coberto do anonimato que muita gente como você tem coragem para dizer aquilo que não é capaz na frente das pessoas.

    Habitue-se a assumir o que diz, ficava-lhe bem, e então sim já pode dar-se ao direito de criticar quem quiser.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...