06 julho, 2015

A Grécia e nós

Panteão Nacional
Enquanto uns (talvez os mesmos que não querem saber da regionalização para nada), rezavam aos santinhos para que o SIM ganhasse o referendo na Grécia, outros, como é o meu caso, torciam para que fosse o NÃO o vencedor. 

O NÃO venceu, e ainda bem. E digo ainda bem, não porque o voto no NÃO vá resolver de per si a situação miserável em que a banca internacional com "ajuda" de vários governos corruptos, deixaram a Grécia, mas sim por obrigarem a União Europeia e o Banco Central Europeu, a travar e repensar a estratégia de chantagem que estavam a seguir, e que ninguém pode imaginar quando e como iria acabar. O povo da Grécia pôs a União Europeia em respeito, ao contrário dos seus anteriores governantes que a conduziram ao estado calamitoso de dependência a que chegou.

Os gregos, ao contrário dos portugueses, submissos com os poderosos e valentões com os frágeis, lutaram e souberam ser suficientemente inteligentes para fazerem a opção correcta que - nunca se sabe -, se ainda não vamos ter de lhes agradecer... Nós, entretemos-nos a fazer do orgulho um adjectivo de banalidades, uma expressão fútil. Levámos o corpo de um jogador de futebol para o Panteão Nacional, só porque foi um bom jogador, e sobretudo porque através dele há quem queira imortalizar um clube. 

Meu avô, que arriscou a vida e lutou pelo país vários anos, que comandou tropas em Timor, Angola e Moçambique, que correu perigos (sim, no plural) sucessivos de vida, que sofreu atentados, que nunca se deixou corromper pelo poder, que teve a coragem de chamar à barra do tribunal alguns senhores poderosos do Estado Novo de honestidade duvidosa, mereceu por isso que o seu nome  fosse gravado numa rua do Porto, e mesmo assim parece não ter feito o bastante para ser sepultado no Panteão Nacional... 

Pela óptica desta canalhada de agora, que gastou horas e dinheiro a promover um clube de futebol com a morte de um simples futebolista, o Cristiano Ronaldo, que comparativamente a Eusébio foi muito mais longe na fama (porque é disso que trata), terá também seguramente reservado para si um lugar no Panteão... Por que não? E por que não Rosa Mota, Carlos Lopes, e Fernanda Ribeiro? Qual é o critério que os separa? A côr da camisola?

A quem se destina o Panteão:
Criado por Decreto de 26 de setembro de 1836, o Panteão Nacional destina-se a homenagear e a perpetuar a memória dos cidadãos portugueses que se distinguiram por serviços prestados ao País, no exercício de altos cargos públicos, altos serviços militares, na expansão da cultura portuguesa, na criação literária, científica e artística ou na defesa dos valores da civilização, em prol da dignificação da pessoa humana e da causa da liberdade.

Nota do RoP:
Eusébio, foi o jogador benfiquista que mais respeitei e admirei até hoje. Não é a sua pessoa, o seu talento de jogador, ou o ser humano que está aqui em causa. É o critério da escolha, da decisão,  e o oportunismo político que o centralismo dele procura obter. 

Viva o povo da Grécia! Viva o Tsipras! Abaixo este Portugal de cobardes! Viva o Coronel Almeida Valente! 

1 comentário:

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...