01 março, 2017

Do Benfica à porca da política

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Sentido de Estado.São todos iguais...

Deixem-me hoje dissertar um pouco sobre o que é o Estado de Direito em Portugal.

Como em muitos outros países europeus, trata-se, grosso modo, de um regime de princípios comportamentais, gerado e imposto por um grupo de instituições para regular as relações sociais. A maioria dos estados modernos baseia-se na separação de poderes e nas suas limitações. Reza que numa democracia parlamentar o poder legislativo controla o executivo, e que por sua vez o poder judiciário serve para contrabalançar algumas decisões governamentais. 

Não faço ideia até que ponto isto funciona assim em Portugal, o que sei é que, em tese, um Estado de Direito devia actuar mais ou menos por esta ordem. Como não sou perito na matéria, gostaria apenas de perceber que importância é dada por todas estas instituições a essas normas, e em que circunstâncias lhes é permitido ignorá-las. Se económica e politicamente não conseguimos organizar o país com critérios de justiça elevados, socialmente também não fomos muito longe. 

Na política, como na sociedade, a ética é um zero à esquerda de um zero. Não existe, é um embuste pregado. É a partir dessa negação que o Estado de Direito permite a contaminação mútua dos três poderes. Depois, em vez de partilharem esses poderes dentro de cada competência e com uma só ética, fundem-se todos na irresponsabilidade. Os noticiários, excluindo os excessos de um ou outro pasquim, testemunham-no todos os dias.

O que está a acontecer no futebol, o clima de perversão que este nosso Estado de Direito ajudou a formar, em que um único clube de futebol se permite cuspir em todos os seus princípios, sem respeito pelas leis desportivas, nem civis, é talvez o ponto máximo de degradação da democracia representativa.

Esse clube, salta aos olhos, chama-se Benfica, e tem a suportá-lo um grupo enorme de políticos como cumplíces, dentro e fora do(s) governo(s). Se como escrevi de início, é ao Parlamento (legislativo) que cabe o papel de "moderador" da acção governativa (executivo), e continua a mostrar-se alheado da bandalhice gerada pelo nacional-benfiquismo, desrespeitando por incúria ou cumplicidade todos os outros cidadãos com preferências clubísticas diferentes, então, são os três poderes (o Estado de Direito) os grandes criadores do Monstro.

E agora, a quem nos devemos socorrer? Talvez, à vizinha Espanha, não?

Bem, já sabem, senhores assalariados da porca política: cá o rapaz vai continuar fiel a si próprio: não contem com o meu votinho, está bem?     

4 comentários:

  1. Num país de corruptos este Clube de futebol sente-se em casa. Como está na capital na zona do centralismo, este Enxofre está na sua Zona de conforto.
    O que é preciso mais para investigar, quando um ex/arbitro na televisão do Lixo da manhã, pôs a boca no trombone das recomendações que o ex/presidente Victor Pereira da arbitragem lhe dava nos jogos dessa peste encarnada. Provavelmente, também recomendava os outros árbitros para os jogos desses Batoteiros, só, que nenhum deles tem-os no sítio para denunciar.

    É um país de pulhas que se deixam corromper para obterem votos dos tais seis milhões, de uma justiça que não funciona e altamente politizada, assim este país é igual a qualquer outro país da América latina que qualquer político ou governante chula o povo até ao tutano.
    Num país civilizado que prende os corruptos e em que todos têm o mesmo direito, este Clube da 2ª circular já à muito que tinha descido de divisão e muita gente que por lá anda, já estava a trás das grades, mas, só la meteram o Vale Azevedo que cuspiu no prato onde comeu e foi chibado por outro padrinho.

    Abílio Costa.

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  2. Pestaninha de Fechadura.
    Agora a táctica do Enxofre vermelho é pintar as paredes com grafites na casa dos seus amigos, e ligar a obra às claques do FCP. De ameaças aos árbitros, bater nos ditos cujos, droga, roubos de computadores na FPF, túneis, sequestros enfim 10 anos à frente da concorrência em matéria de jogo sujo.

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  3. Caro Rui Valente,
    Sobre o tema em apreço ocorre-me dizer o seguinte:
    Assente a “poeira” do golpe militar de 25 de Abril de 1974 e transformado em Revolução pelos militares e forças políticas progressistas, sufragamos em 1976 uma Constituição das mais avançadas na Europa.
    A partir daí as classes sociais organizam-se à volta dos seus interesses e de acordo com as reais capacidades de que dispõem, sejam elas de índole económica, estatuto social, cultural e até religioso.
    É sabido que as correntes ligadas às teorias elitistas da Democracia, nunca acreditaram na possibilidade do povo se auto governar, entendendo, outrossim, na apresentação ao povo duma elite que ele possa sufragar e desta feita ser por ela governado.
    É a chamada democracia liberal e é essa que nos tem conduzido até aqui.
    E tem sido esta democracia liberal que paulatinamente vai adulterando a generosidade e pureza da nossa Constituição.
    Aliás, hoje não vivemos em democracia, mas sim em pós-democracia, um sistema político em que não só o povo não governa, mas governam os grandes grupos económicos, a banca, o mundo da finança, que não são objecto de escrutínio popular. Ao povo resta apenas escolher os representantes desses interesses. Concordo consigo e porque somos gente bem educada dizemos-lhes que sofrem de falta de Ética.
    Para compor o “ramalhete” além dos inevitáveis poderes legislativo, executivo e judicial temos ainda o chamado “4º poder”.
    O poder legislativo é tratado nos gabinetes das sociedades de advogados. O executivo pelos representantes dos interesses, o judicial pelos juízes e a explicação e bondade de tudo isto fica a cargo das redacções dos jornais e das TV`s. Tal como no tempo da censura prévia, cada um lia o jornal que queria.
    Também o anterior regime assentava em 3 pilares a sua política: Fátima; Fado e Futebol.
    Fátima vai a caminho dum século. Amália e Eusébio estão no Panteão e o Orelhas diz que vai 10 anos à frente. Como se vê nada mudou. E sabemos bem porquê. Porque somos assim!
    A propósito cá vai a citação habitual:
    “SE HÁ UM IDIOTA NO PODER É PORQUE QUEM O ELEGEU ESTÁ BEM REPRESENTADO”
    Mahatma Gandhi
    Cumprimentos

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  4. Viva, Guilherme Olaio!

    o regime actual limitou-se a retocar os 3 pilares políticos. Dos três "efes", passou a três "ãos" com estas iniciais : DBC [Desinformação, Benfiquização e Corrupção]. Com "efes", ou com "ãos", a ditadura mantem-se.

    Um abraço

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