01 maio, 2017

Abril, mês de traições, e o que eu gostaria de dizer na cara a um político

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Salgueiro Maia

Quarenta e três anos passaram desde o tempo que marcou a política da rolha, da delação ideológica, do poder concentrado em figuras míticas, como Salazar e Caetano, para um regime aberto a eleições livres e a várias alternativas de governo. Foi a 25 de Abril de 1974 que se deu a aparente mudança. Um momento por muitos ansiado, que fez renascer na maioria dos portugueses a possibilidade de assistir finalmente à edificação de um país  evoluído, onde ninguém tivesse de partir para ter direito a uma vida digna, e poder orgulhar-se de nele permanecer junto dos seus. A esse dia chamaram-lhe revolução. Mesmo depois de 43 anos de desilusão, há quem continue a chamar-lhe assim... Só que, uma revolução não vinga se o ar do país continua a cheirar ainda muito a um passado que devia estar irradiado. 

Sim, já sei que se o leitor pertencer à classe dos políticos não terá qualquer pudor em contrariar-me, com aquele rol imenso de benfeitorias que todos conhecemos de ginjeira, mas que nada podem para alterar a realidade dos factos que advém de continuarmos na lista dos países mais atrasados da Europa. Se o leitor fôr dessa casta - justamente mal-amada -, procure ao menos perceber como é simples fazer desmoronar a pobreza dos argumentos dos seus colegas de carreira, e quão miserável é o país que ainda não conseguiram construir.

Estou-me a borrifar para as auto-estradas, e até para os estádios de futebol, porque mesmo gostando de futebol e da beleza única do Dragão, não são essas obras que de per si tornam o povo mais próspero e feliz. Independentemente das dificuldades que a actividade política comporta, uma coisa pelo menos já podiam ter feito e não fizeram: dar o exemplo. Precisam que vos abra os olhos? Pois muito bem, vou fazer de conta que acredito na vossa ingenuidade (que é a única fraqueza que não têm).

Olhem para o futebol com elevação, e alguma distância. Procurem antes saber se as várias entidades federativas que o tutelam estão à altura das responsabilidades, em vez de se portarem como adeptos indigentes, grosseiros e fanáticos. Como cidadão, não me agrada nada essa ideia peregrina - por vós mesmo inventada - de aproximação "normal"ao povo para justificar promiscuidades e negociatas que nada têm a ver com a paixão clubista. O clube dos políticos idóneos é Portugal e o seu povo, não é o clube A ou B. Os políticos não devem chafurdar na lama do futebol, devem sim, limpar a muita que já têm na sua actividade.

Para serem bons políticos, deviam saber que não podem ser bons adeptos, muito menos fanáticos. Os colegas que se prestam a comentar publicamente a favor de um clube, estão a manchar a reputação de todos os políticos, que já não é famosa. Estão a dizer aos adeptos de outros clubes (que também são eleitores), que não têm nível nem perfil para os governar. Essa promiscuidade arrasa ainda mais a pouca credibilidade que já têm. 

Se é que algum de vós me está a ler, e faz parte do governo actual, o que terá a dizer a isto? Vai fazer de conta que não leu? Que não vale a pena responder-me porque não tenho poder para os incomodar? Pois, é sempre provável que a reacção seja essa. Agora, o que a vossa consciência terá de aguentar é que, no Porto, nessa cidade onde existe um clube de energúmenos, ainda não passámos ao patamar mais reles da criminalidade: não somos assassinos, incendiários, nem traficantes de droga.

Já um certo clube de Lisboa que todos vós protegeis, como a um menino de coro, não pode dizer o mesmo,  e V. Exas., são CUMPLÍCES!

  

2 comentários:

  1. O 25 de Abril está conspurcado está adiado, ainda esperamos o verdadeiro 25 de Abril. Parece-me que este foi tão fácil que os oportunistas que logo o agarraram para seus interesses e deixaram tudo na mesma e ainda noutras coisas agravaram mais.
    Regionalização é toda uma treta, cada vez está mais centralizado, há mais ladrões mais corruptos e a banca hoje é uma mentira.
    O Norte, continua a dar de mamar aquela cambada que anda por lá nos reinos da corte e a região cada vez é mais pobre, talvez a mais pobre da Europa, porque o 25 Abril ainda não chegou.

    Abílio Costa.

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  2. Uma desilusão autêntica o meu país. Nem tenho paciência para dizer mais nada.

    Toda esta onda vermelha enoja qualquer pessoa minimamente séria.

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