23 maio, 2017

Vamos falar claro sobre o centralismo?



É verdade. Quando este monstrozinho estende as garras, quando começa a arranhar bem fundo o povo do futebol, aí sim, o centralismo existe mesmo, adquire importância, e desperta a atenção que afinal sempre devia merecer. Não será por acaso, embora não deixe de ser um sinal de inépcia, que lisboetas e benfiquistas são maioritariamente contra a regionalização. Uns, porque beneficiam directamente com isso, e outros, porque ignorando o mal que provocam às  suas regiões de origem (alguns são do Norte), optam por estar com o clube. Num país de gente civilizada isto é impossível.

Mas, afinal, o que é o centralismo? Por que só agora é que começamos a ler comentários sobre o assunto, quase em exclusivo nos blogues portistas? É simples: porque sofreram na pele o efeito da sua acelerada implementação. Centralizar, é antes de tudo fazer batota no modo de governar um país, é tornar a desonestidade uma coisa natural. É discriminar, é exercer a injustiça em todas as suas vertentes: na ética, na moral e no exemplo. No futebol, o centralismo tem mais dificuldade em se esconder (que o diga, António Costa), e só por isso é que já começa a levantar suspeitas e... apreensão.

Chamemos os bois pelo nome, e não tenhamos medo de ser politicamente incorrectos. Os leitores acham que são os adeptos comuns, os que seguem o FCPorto no futebol, nas modalidades, em casa ou nos estádios, quem têm o dever e as ferramentas para lutar contra o centralismo? Seguramente que não. Nós, aqui na blogosfera, só podemos dar um pequeno contributo, porque os meios são escassos e de irradiação restrita. Mas, o FCPorto, que é propritário do Porto Canal e tem recursos financeiros, podia, ou não fazer muito mais pela descentralização?

Eu, não só o afirmo, como tenho a certeza que podia fazer mais. Promovendo debates temáticos com protagonistas livres, sem amarras a jornais, a negociatas obscuras, a compromissos não declarados, a conveniências. A verdade, é que o Porto Canal limita-se a ser simpático com outras regiões, deslocando para lá repórteres, abrindo agências, mas não promove o tema, não o desenvolve, denunciando a perversidade do centralismo. Não informa.

Algumas vezes até, roça a contradição, chama a si protagonistas indesejáveis, alguns dos quais anti-portistas e anti-regionalistas que nenhuma relevância têm para o país. Não é selectivo, não inova, nem agita. Não desafia os políticos, não os persuade a aderir em favor da causa, limita-se a ouvir calmamente a sua linguagem trapaceira e defensiva.

O Porto Canal precisa de temas? Mas, é coisa que não falta. Que pergunte aos políticos, sem lhes dar ensejo a respostas manhosas, como explicar que a segunda cidade do país tenha perdido protagonismo e até autonomia, com o 25 de Abril,  com a "democracia", comparando com o passado salazarista? Perguntem-lhes se isso é evoluir, ou regredir, se é uma vantagem, uma conquista da Democracia? Mas não aceitem nunca a negação dos factos.

Bancos, como o BBI (Banco Borges & Irmão) e o BPM (Banco Pinto Magalhães) puderam abrir as suas sedes no Porto, agora, em liberdade, nada têm. Rádios, jornais, tudo se esfumou, até o JN agora está nas mãos de lisboetas. Querem audiências no Porto Canal? Pressionem-nos, obriguem-nos a largar a máscara, vão ver que aos poucos as coisas mudam. Saber quem é responsável por esta regressão, é fundamental, e embaraçá-los também. Políticos ou empresários do norte, forcem-nos a tomar decisões, em vez de possibilitar desculpas. Incomodem-nos!

Têm medo? Por quê, se em Lisboa há carta branca para produzir o que de mais ordinário e divisionista existe na programação televisiva do país? Se fôr preciso, apresentem provas, como fazem agora no futebol com o Universo Porto da Bancada, é tão simples. 

É que, se o senhor Pinto da Costa voltar a queixar-se do centralismo e a permitir ao mesmo tempo a entrada em estúdio (ou no Dragãozinho) a gente que não merece o mínimo de respeito, a centralistas doentes, então teremos a prova acabada que nunca mais restauramos o Porto da dignidade que o simbolizou.

Não me esqueço. O presidente Pinto da Costa disse que não lê blogues, mas talvez aprendesse alguma coisa se soubesse que aquilo que o Universo Porto da Bancada está agora a fazer, já nós aqui e noutros blogues denunciamos. E de borla... Se quiserem podem pegar nas ideias acima expostas e avançar. 

Prometo que não cobro royalties. Mas, mexam-se! Com o tempo, vão chegar à conclusão que o silêncio às vezes pode ser veneno. 

8 comentários:

  1. Caro Rui Valente,
    O seu post denuncia tudo aquilo que se faz, e o que se passa ,a todos os níveis do poder e da administração: Centralização do sistema financeiro; Definição do Planeamento e Infraestruturas para o País; Centralização da imprensa e TV`s; Gestão das Barragens Hidroeléctricas; Gestão do Tráfego e até já apareceu por aí uma proposta que tem em vista o transporte de Bombeiros de Lisboa para Viana do Castelo.
    De facto esperava-se que o Porto Canal fosse a ferramenta que faltava para o combate a esta entorse da democracia. Um País Centralista na Europa das Regiões.
    O Porto Canal são dois: O Porto Canal 1; do Universo Porto, do Universo Porto da Bancada e as transmissões dos jogos das nossas modalidades e o Porto Canal 2 a produzir imitações de conteúdos de Carnaxide e Queluz de Baixo.
    É compreensível que o perfil do Director do Canal não corresponda ao que se esperava em termos daquilo que propõe no seu post. Combatentes do Centralismo e simultâneamente portuenses por adopção e opção, há muito poucos nestes tempos de ego "empreendedorismo".
    É muito pouco ou nada o que o Porto Canal faz pelo combate ao polvo. Este sim, deveria ser punido por défice excessivo (PDE).
    É com prazer que participo neste blog quando (julgo eu) tenho opinião para dar e mais gratificado me sinto quando o Presidente diz que não lê blogs. Como em política ( e isto é política) o que parece é, todo o mundo sabe que o Presidente sempre gostou de ler, e muito.
    Cumprimentos

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  2. Caro Guilherme Olaio,

    o melhor sinal que posso ter sobre o que aqui vou dizendo, é a comichão que provoco aos vermelhos. Já nem sequer me dou ao trabalho de ler o que escrevem, tão sectários e invejosos eles são.

    Eles bem tentam fazer comigo aquilo que os media fazem com o FCPorto, mas não têm hipótese, porque por incrível que pareça parece que tenho mais coragem para fechar a porta a quem não vem por bem, do que o Porto Canal e o próprio FCPorto. Só lhes falta baixar a cueca...

    Porca sociedade esta!

    Um abraço e já sabe, é sempre benvindo.

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  3. Caro Rui Valente,

    Se viu, e tenho a certeza que viu, o Universo Porto da Bancada desta 3.ª feira, deve ter-se sentido recompensado, pela justeza das posições que assume e defende, no RENOVAR O PORTO.
    A presença daqueles 2 jovens de 27 anos, responsáveis pelo Blog BALUARTE DRAGÃO, o Pedro e o Diogo foi reconfortante e um tónico para as lutas futuras.
    Como é bom saber que 2 portistas da qualidade demonstrada nas suas intervenções,têm as mesmas preocupações e pontos de vista, sobre os temas da vida do clube por um lado e da região que integram, pelo outro.
    O Presidente diz que não lê Blogs, mas abre a porta do canal a quem os faz. Muito bem.
    É presunção minha, mas acho que também eles seguem o RENOVAR O PORTO.
    Escrevo estas palavras, depois de os ouvir e aos seus companheiros de painel e sinto-me aliviado e sobretudo esperançado no futuro, porque com homens de 27 anos como o PEDRO e o DIOGO o Futebol Clube do Porto, a Região Norte e o País têm futuro assegurado.
    Cumprimentos


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  4. Bom dia, Guilherme Olaio!

    Sim, vi o programa, e gostei do que foi opinado por esses dois jovens. Mas, como já aqui referi, não chega denunciar publicamente (e agora refiro-me ao FCPorto), é preciso encarar estas coisas com mais objectividade e coragem, porque pode transformar a denúncia numa simples briga entre clubes, e ser utilizada para minimizar o caso.

    Os dirigentes do FCPorto (e isto que vou dizer aqueles jovens não disseram), têm de levar estes casos a sério e apresentá-los ao Ministério da Justiça alegando perda de confiança nos órgãos que tutelam a justiça desportiva, porque o problema de base está mesmo aí e garanto-lhe que vai continuar se deixarmos morrer o assunto em meras evidências.

    A justiça desportiva é um EMBUSTE! Sempre houve marginais, mas também existe a polícia para os deter e os tribunais para os julgar. No caso do Benfica, ambos não existem. A questão é que nada disto funciona no desporto, não há como negá-lo.

    Se isto é o regime, e de facto é, então é preciso derrubá-lo, sob pena de abdicarmos de viver numa democracia e aceitarmos por resignação uma ditadura maquilhada.

    Se acham que os vídeos-árbitros vão funcionar como regeneradores do carácter dos árbitros podem tirar o cavalinho da chuva, porque o carácter e a seriedade não se fabrica. tem-se.

    Um abraço

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  5. http://www.ojogo.pt/futebol/1a-liga/porto/noticias/interior/nao-filmaram-as-buscas-em-casa-de-luis-filipe-vieira-porque-8502053.html

    Consequencias do centralismo?

    Eu bem nao queria dar um tostao para estes 23 milhoes... e tambem nao queria dar para eventuais dividas na CGD e ex Bes que dizem ser de centenas de milhoes.

    Alguem estgá atento a isto ?!
    Pode se contar com a cs ???

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  6. Ha gente que conseguiu credito pelos vistos no BPN, CGD e ex BES aos milhoes.

    E pagar?!

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  7. Caro Rui Valente,

    Desde que assistimos a uma ministra das finanças aceitar cheques sem cobertura por dívidas da instituição ao estado. Processo Apito Dourado, tão extenso que chegou a Leiria e parou. Escolhas de árbitros para jogos da instituição, ignoradas pela entidade responsável.
    Processos movidos aos revoltados azuis a propósito de tudo e de nada. Tirando as multas dos conselheiros, tem sido a propósito de nada, e mais nada.
    Estamos expectantes para saber se a segurança é pessoal, privada e etc. Querem saber? É fácil. Vejam o Rua Segura do pasquim e por lá andará um ex-ministro que explica tudo direitinho. O facto de se tratar dum adepto da instituição é pura coincidência.
    Pela amostra se percebe o desalento dos responsáveis portistas para avançarem na direcção proposta pelo Rui Valente. E aqui eu estou de acordo consigo. É por dentro das coisas que as coisas são.
    O brilhante trabalho desenvolvido pelo Universo Porto da Bancada, não pode servir apenas para passar-mos um bom bocado às 3`ªs Feiras. É imperativo institucionalizar a denúncia e fazer ouvir o protesto. "Água mole em pedra dura, tanto dá até que fura".
    Tudo isto me faz lembrar uma frase escrita algures no Alentejo no pós 25 de Abril. VAMOS A ELES, MAS À FIDEL!

    Hasta Siempre

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  8. Caro amigo Olaio,

    estou neste momento a terminar um texto sobre o impacto que teve o programa de ontem do UPBancada. E não estou só nesse sentimento.

    Até ja!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...