31 julho, 2017

Um Porto de pré-época com aroma Vintage

Ambiente relaxado no banco do FCPorto
É sempre o mesmo por esta altura, após assistirmos aos primeiros jogos de preparação que antecedem a época que se avizinha. Temos de ser muito cautelosos a dar a nossa opinião, de contrário lá temos de aturar os puristas com os seus avisos providenciais: "não podemos embandeirar em arco!", "não deitemos foguetes antes do tempo!".  Estas recomendações não deixam de ser sensatas, porque não falta quem se entusiasme demais e depois, quando começa o campeonato a sério, ao primeiro deslize, entram em depressão e começam a criticar tudo e todos. Mas, não há como contornar isto. As impressões que temos dos jogos nesta fase são apenas sinais momentâneos do que pode ser o futebol praticado na época que se segue.

Lembro-me muito bem de no ano passado por esta altura a pré-época não ter sido estimulante, mas mesmo assim, ficou uma reserva de esperança que fosse o tempo a burilar o que parecia estar menos bem, e que a adaptação recíproca entre o técnico e os jogadores fizesse o resto. Só que, para o bem e para o mal, nem sempre é isto que acontece.

Por mais que queiramos negar, o futebol de Nuno Espírito Santo era - desportivamente falando - mais resultadista que tecnicista. E, sejamos francos, muito pouco espectacular. Mas, mantenho a opinião de sempre: num campeonato são os resultados que contam, mas o espectáculo é a essência do futebol, sem ele, não há adeptos. Não foi por termos estado muito perto de vencer o campeonato passado, nem mesmo por termos sido manifestamente lesados pelas arbitragens que podemos dizer que praticamos um futebol espectacular. Longe disso.

A verdade  é que, repito, apesar de ser uma opinião momentânea, os sinais que a equipa agora comandada por Sérgio Conceição deixou foram extremamente positivos, considerando que estamos em pré-época. Deixemo-nos de tretas, Sérgio está a conseguir fazer precisamente aquilo que muitos de nós dizíam que NES não era capaz, que era dar mobilidade à equipa em pressão alta. O sistema de jogo ultra-cauteloso de NES com a equipa sempre muito recuada com trocas de bola lentas, lateralizadas e atrazadas, tornava ineficiente a pressão da sua equipa  porque obrigava os jogadores a percorrerem grandes distâncias para chegarem aos adversários, dando-lhes tempo de sobra para fugirem às marcações e contra atacarem. Se é certo que jogando desta maneira [com o bloco recuado] os adversários tinham alguma dificuldade em progredir no terreno, também é verdade que as dificuldades para a nossa equipa criar perigo eram tremendas. Foram muitos os jogos sem marcar um único golo nas primeiras partes!

Naturalmente, Sérgio Conceição terá de se precaver com a defesa, porque este sistema de jogo pede uma boa condição física, e sendo muito mais agradável [e produtivo], é também mais arriscado, e Sérgio já percebeu isso. Além de mais, esta forma de jogar, mais solta, mais subida, mais veloz e mais pressionante tem outros predicados que é revelar o verdadeiro talento dos jogadores que é muito melhor do que o sistema de NES fazia supor.

Já se ouvem por aí, nos programas do costume, com os comentadores do costume, muitos encómios a NES que antes nunca foram audíveis, nem legíveis, numa manifesta intenção de não (para já...) reconhecer o bom trabalho de pré época de Sérgio Conceição. É bom sinal:  é porque "gostam" do que vêem, sem querem assumí-lo...

Pela parte que me toca, o que os meus olhos têm visto de momento, dizem-me que há algumas coisas a afinar e muitas outras a melhorar. Mas dizem-me também que os jogos que vi, praticamente todos, não bastando para esquecer o sofrimento da época transacta, agradaram-me imenso e reabilitaram a minha confiança no futuro próximo. Sei que não estou só neste sentimento.

Que sejas feliz Sérgio!



    

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