09 maio, 2018

Regresso ao passado nem sempre é regredir


Terminou a contento a época 2017/2018. Para a sempre crescente comunidade portista foi um alívio a conquista deste campeonato. Pelas razões conhecidas, tínhamos consciência que não ia ser fácil atingirmos os nossos objectivos e duvidava-mos que os árbitros tivessem coragem suficiente para moderar as suas tendências anti-portistas até ao fim do campeonato. Tínhamos razão, os árbitros não desistiram do sectarismo, sempre a tentar prejudicar o FCPorto e a ajudar o Benfica. Notou-se em alguns deles, nesta última fase, um certo abrandamento, digamos que não foram tão descarados, tão repugnantemente acintosos, mas não deixaram sempre de fazer as asneiras da praxe. 

Enfim, o FCPorto lá conseguiu arrecadar mais uma taça para o museu do Dragão com o universo portista extraordinariamente unido numa rara simbiose consensual que só um forte sentimento de justiça podia proporcionar.  Neste caso, uma Justiça muito particular, porque nos obrigou a superar com valentia e persuasão as vulnerabilidades da justiça convencional. Uma façanha para nós, uma imensa vergonha para o regime. A condição de clube discriminado pode dar-nos força, mas é uma traição repugnante que fere de morte a coesão nacional, fundamentalmente por não termos sido nós a dividir o país.  

Neste momento de suprema euforia a tendência é esquecer o que esteve mal. Nem por isso sou capaz de atribuir louros a quem não os merece como já mereceu. Gratidão não casa sempre com Justiça. Podemos admitir os erros, ninguém acerta sempre, mas quem erra também deve admitir que errou a quem de direito. Se o presidente Pinto da Costa tem um histórico de sucessos invejável e merecido, não tem o direito de usá-lo no presente remetendo-se ao silêncio sem dar qualquer explicação aos sócios e adeptos quando elas se justificam e as coisas correm mal. Como portista sinto-me ofendido. Se não pensa assim, também não pode queixar-se se outros pensarem de outra maneira. Pinto da Costa tem um grande defeito: não tem humildade para reconhecer quando erra. Tenho sentimentos, por isso não fui insensível à alegria que esta fabulosa Taça de Campeão Nacional me proporcionou. Fiquei eufórico, mas continuo racional. Por momentos quis esquecer as asneiras dos últimos anos, cheguei a olhar para Pinto da Costa com condescendência, no meio daquela multidão de portistas felizes. Lembrei-me da forma aguerrida e ao mesmo tempo cerebral como geriu o FCPorto e dei comigo a perguntar-me por que é que não delegou em alguém poderes que ele próprio já não pode exercer (pela idade ou saúde) mas que podia controlar, sem ter de se retirar. É isto que custa perceber, é isto que podia ter sido evitado.

Como "tudo" acabou em bem, agora toda a gente volta a elogiar Pinto da Costa. Sérgio Conceição passou a ser a prova mestra do génio do Presidente. De súbito, tudo voltou ao passado, o presidente mantém todas as qualidades intactas. Esquecemos Lopetegui, Paulo Fonseca, Nuno E. Santo e José Peseiro. Não foram bem sucedidos porque sim, ou talvez por motivos estranhos à competência, foram casualidades, casualidades que em nada podem ser apontadas a certos facilitismos, certas contratações imponderadas, certos corpos estranhos ao clube... Enfim, ao que parece (agora), tudo não passou de um equívoco, de momentos infelizes (4 anos), aos quais o senhor presidente é alheio. As emoções fortes fazem milagres destes.

Asim mesmo, estou como todos vós, portistas, extremamente feliz com esta victória, se calhar mais feliz até que o próprio Pinto da Costa, mas não sei como seria se acaso os heróis principais - que para mim continuam a ser os jogadores e Sérgio Conceição - não tivessem ganho o jogo na Luz ,e com o Marítimo. Se isto era uma reflexão ocasional, que agora se tornou pecado fazer, foi porque conseguimos realizar os nossos objectivos (e ainda bem). Vamos lá ver se estes 4 anos de jejum fizeram recuperar o bom senso à SAD portista e não vão  cometer os mesmos erros.

Há jogadores da formação com muito potencial  que estão a ser cobiçados por clubes estrangeiros, o que é bom sinal. Resta saber se os vamos vender à pressa para realizar capital, ou se vamos equacionar a possibilidade de ficar com os mais promissores e de vender outros. Sem entrar em loucuras, seria óptimo reestruturar o plantel ficando com os melhores e reforçá-lo com outros, evitando desequilíbrios. A entrada directa na Champions tem de ser muito bem explorada garantindo-nos as melhores prestações possíveis. Os prémios aumentaram consideravelmente, por isso temos de aproveitar a oportunidade para reforçar a qualidade do plantel de maneira a mantermos intactas as nossas aspirações, interna e externamente.

A oportunidade tem de ser bem aproveitada, assim pense Pinto da Costa          

   

7 comentários:

  1. É uma vitória muito saborosa e extraordinariamente importante dada a conjuntura atual do futebol em Portugal, dominado pelo polvo e pelo centralismo selvagem e cego, e também em particular da situação económica e desportiva do FCP em atenção às restrições impostas pela UEFA, mas também pela falta de fundos que permitam garantir a continuidade de pedras basilares dentro da equipa, treinador e aquisições.
    Aqui entroncamos nas responsabilidades diretas da direção do FCP e seu presidente que, pese embora o sucesso do momento, são eles mesmos responsáveis pelo atual estado do clube, ao tê-lo deixado andar à deriva por vários anos a fio, esbanjando dinheiro em aquisições, algumas, completamente descabidas, em comissões e comissionistas, em treinadores por capricho presidencial, e nem sempre acautelando devidamente os investimentos feitos e o património humano já existente.
    Assim sendo, nada nos garante o sucesso para os próximos anos. E mesmo que SC continue, iremos ter de vender alguns jogadores nucleares e não teremos decerto muita margem de manobra para arranjar substitutos à altura e até reforçar pontualmente alguns setores deficitários notados já esta época de modo a defender o titulo e representar condignamente os pergaminhos do clube na Europa.

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  2. Roque,

    Completamente de acordo. Não devemos ter a memória curta, por mais que isso pareça inoportuno. Primeiro, estão os interesses do FCPorto e não me parece que Pinto da Costa nos garanta isso. Estivemos 4 épocas sem ter uma única explicação para iguais anos de insucessos. Pessoalmente, não aceito isso.

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  3. Roque acertar sempre em treinadores e jogadores só Deus. Pinto da Costa parece ser a pessoa mais próxima do Divino, mas nem ele acerta sempre. Se o Roque tem um canal mais próximo d'Ele, pode começar por dar aí os nºs do euromilhões que os portistas agradecem e bem merecem.

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  4. Sim, mas Lopetegui era completamente escusado. Além do jogo tipo contra natura em relação ao FCP, quase enterrava completamente o clube com as aquisições. Reconheço contudo que só não foi campeão na primeira época por ação do polvo.
    Os outros PF e NES, embora bons treinadores para outros clubes faltava-lhes nitidamente atrevimento, carisma e agressividade para encaixar na mistica FCP. Só vieram porque não se aproveitaram em tempo nomes como Leonardo jardim ou mesmo Marco Silva que quase de certeza fariam muito melhor.

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  5. Costuma-se dizer que não se mexe na equipa que ganha, mas neste caso infelizmente por varias razões fim de campeonato, muitos vão sair outros irão entrar, era importar pelo menos segurar o treinador.
    Não faltou exemplos menos bons aos administradores da SAD no passado, para que haja mais responsabilidades, têm que se deixarem menos de olhar para eles próprios e mostrar mais Portismo.
    O FCP foi e será sempre um clube vendedor, não tem nenhum rei do petróleo que invista no clube para que não saia os melhores e se compre outros bons jogadores.
    Vamos ver como vai funcionar a política para próxima época, de quem sai e de quem fica e logo se vê...

    Abílio Costa.

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  6. À posteriori concordo consigo, Roque. Convém termos memória e à época lembrar que todos reclamavam delegação de poderes em Antero e ainda mais autonomia para o departamento de futebol. Foi dado. Lopetegui teve cheques em branco e deu no que deu.
    Os treinadores posteriores, têm vindo a provar que afinal não eram tão maus como os pintaram e... os que menciona não são tão bons como alguma imprensa nos quer fazer crer.

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  7. Boa tarde Sr. Rui Valente

    Eu acrescento outro facto à equação.

    Este ano tivemos um Director de comunicação a falar em nome do FCPORTO, seja na defesa do clube seja na denuncia dos mails que mostram como o clube do regime fazia (e ainda faz) os esquemas de corrupção que lhe permitiram ganhar os últimos 4 campeonatos (e não só).

    Para mim, pelo jogo jogado em campo, apenas eram merecedores (talvez) do 1º campeonato, pois o FCPORTO de Paulo Fonseca (depois Luís Castro) não tiveram unhas para o FCPORTO.

    Depois entrou Lopetegui (ano e meio), teria sido Campeão no 1º ano (apesar de alguns erros próprios), mas foi deixado sozinho na defesa do FCPORTO e com o clube do regime através dos cartilheiros a ataca-lo constantemente indo ao ponto de muitos adeptos do FCPORTO também o atacarem de uma forma baixa, mudando nome, etc...
    Ou seja, é certo que ele não percebeu o que o clube precisava, também o clube e alguns adeptos não souberam trata-lo bem...
    Mas com os jogadores que tínhamos esse ano, não fossem as arbitragens cirúrgicas e teríamos ganho o campeonato.

    No 2ºano, muitas alterações e saídas no plantel, e ai talvez não tivéssemos ganho... acredito que ganharia o Sporting, lembro-me que foram os 2 até ao fim durante uns 7/8 jogos com casos de arbitragens pelo meio sem perderem pontos, então nos jogos do clube do regime valia tudo...

    No ano passado com NES, apesar da pouca ousadia táctica do treinador, também ficou a defender o clube sozinho, com a agravante de não "gostar" de o fazer.
    Mesmo assim, com roubalheiras documentadas em vários jogos, levou o FCPORTO a lutar até perto do fim, mas os empates em casa com o Setúbal e o Feirense (da forma como foram) tiraram a possibilidade de jogar na luz de outra forma, como o NES gostava mais, de uma forma táctica.

    E volto ao principio, este ano com um Director de comunicação, o alvo dos cartilheiros e pseudo jornalistas não foi o treinador, mas sim o director de comunicação.

    E para mim, isso fez toda a diferença, pois o SC pode potenciar o plantel (que era razoável, mas inferior ao do 1º ano de Lopetegui).

    E aqui o SC tem um mérito enorme, pois soube catapultar o apoio do Mar Azul de uma forma bastante positiva para a conquista do campeonato.

    Falo no fim do Presidente, porquê julgo que chegamos à mesma conclusão, ele contratou os treinadores, deu nuns anos melhores jogadores, noutros anos "menos bons" jogadores, mas parece sempre mais ausente do que presente e aquela voz institucional que tinha, ao falar para outros presidentes ou até aos órgãos da liga ou da FPF parece que já não tem...

    Mas como ainda é o Presidente e não delega funções, muitas vezes parece que o clube ficava mudo.

    Com a entrada em cena do Director de comunicação acho que se melhorou, mas ainda não é suficiente.
    O Polvo é grande e tem muitos tentáculos, quem julgar que neste ano tudo se resolveu, estará bem enganado.

    A luta ainda mal começou, mas estará o melhor Presidente de todos os tempos disposto a encetar a luta que o clube precisa?

    Abraço, Gil Lopes

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