Inês Cardoso JN |
Imagine-se um espectador que de repente é empurrado para uma sala de cinema, sem fazer ideia do filme a que vai assistir. À medida que tenta entender a trama, a história muda abruptamente a cada momento, numa oscilação de protagonistas e de diálogos insólitos que o deixam sem saber se há de rir ou chorar, encolher os ombros ou assustar-se.
Tancos já passou, aos olhos dos portugueses, por todas estas fases e mais alguma. Mas chegou a um ponto em que o mais preocupante é perceber o quanto estará ainda por deslindar. E até onde nos pode conduzir, politicamente, a investigação do que realmente sucedeu e de quem participou neste filme.
O discurso dos nossos eleitos esforça-se, sempre que processos de extrema gravidade se aproximam do poder político, por repetir o mantra da separação de poderes. À política o que é da política. À justiça o que é da justiça. Numa contradição absurda, no entanto, que faz depender a responsabilidade política do apuramento resultante do trabalho do poder judicial. Como se não houvesse ilações a tirar quando instituições tão basilares como a militar são atingidas ao ponto em que as nossas Forças Armadas estão a ser.
É verdade que há ainda muito por esclarecer sobre o que aconteceu há quase 16 meses. E sobre a encenação que, em dezembro do ano passado, acrescentou motivos de perplexidade ao já absurdo assalto aos paióis. A justiça deve ter condições para fazer o seu caminho, mas é natural a impaciência quando começam a multiplicar-se contradições e comportamentos mal explicados.
Não poderá sobrar, no final deste processo, nenhuma ponta por explicar. Nenhuma dúvida a pairar. Que não se invoquem segredos de justiça ou de Estado para atropelar outro direito essencial que todos temos: o direito à verdade. Sem esse, não há confiança nas instituições que resista.
Nota de RoP: Há valentia para opinar todo o tipo de escândalos, excepto o maior: o do Gang Benfica. Chama-se, coragem diferenciada.
Caro Rui Valente,
ResponderEliminarClamar pelo direito à verdade, desde que essa verdade não vá de encontro à teia de interesses instalados, é prática corrente dos media com dono. Até agora, o Gang de Carnide contava com o comportamento esquizofrénico do ex-presidente do Sporting para desviar as atenções.Esgotado que foi o filão, um outro desabrochou. O Gang de Tancos.
O Ministro da Defesa, como o próprio nome indica,DEFENDE-SE.
Querem a todo o custo que o homem se demita, por outro lado, instituições lideradas por acusados de corrupção e outras mal-feitorias, não os incomoda.
Entreguem o assunto à NATO e deixem-nos dormir descansados. É para isso e o que mais lhes aprouver que pertencemos a essa organização através dum referendo. Referendo? Desculpe, já estou baralhado!
Voltemos ao Gang de Carnide. É urgente o direito à verdade, porque "sem esse, não há confiança nas instituições que resista".
Cumprimentos
ResponderEliminarCaro Guilherme S. Olaio,
Boa ideia, aproveitávamos entregávamos à NATO as duas golpadas, anexávamos o Gang de Tancos com o de Carnide e ficava mais barato, não? Que fantochada é este país! Ainda nos queixávamos da outra senhora! Estes são piores.
Um abraço