01 janeiro, 2019

Gente a precisar de outros partidos

Paulo Baldaia
O Brasil dá hoje posse a Bolsonaro, quando acontecer por cá não estranhem. O populismo de Direita que faz caminho nas democracias ocidentais também vai aparecer em Portugal. E nem se percebe que possa causar surpresa, quando há uma percentagem significativa de eleitores a quem nunca ninguém ajuda a dar a volta à vida.
Alternando entre governos do PS e governos do PSD, em Portugal, há sempre mais de dois milhões de pobres. Mesmo com um governo apoiado para toda a Esquerda, os pobres continuam pobres, porque aos pobres parece vedado o acesso ao famoso elevador social. A este exército de eleitores juntem um de idêntica dimensão, constituído por gente de classe média baixa, a viver nos subúrbios das grandes cidades, para quem as melhorias na vida significam quase sempre maior capacidade de endividamento, a pagar com juros altos quando a crise chega. Sabem quem andou a votar nos populistas da América, do Brasil e da Europa? Pois é!
Para estes eleitores agrada um discurso que apresenta os outros como o problema, mais ainda se tratar todos os políticos como corruptos e as elites como estando interessadas em manter tudo como está. Incluir promessas de que tudo vai mudar ajuda. Mais ainda se a promessa for a de reduzir drasticamente as funções do Estado. Sabendo-se que entre os pobres e os remediados há um grande potencial de eleitores para um partido populista, é fácil de perceber que esse potencial também existe nos eleitores com mais rendimentos.
Há muita gente cansada de pagar tantos impostos para ter do Estado os serviços que tem tido. Uma vez mais, com esses partidos - quatro anos PSD/CDS e outros quatro PS com apoio do PCP e do BE - vivemos em recorde permanente de carga fiscal e com serviços públicos, como a Saúde, a Educação, as Infraestruturas ou os transportes, em permanente deterioração. Não falta quem queira ver o Estado pelas costas.
Pensar que Portugal está imune a populismos de Direita é não ter a noção que há um número significativo de eleitores que já não acredita que o atual sistema partidário seja capaz de resolver os seus problemas. Reconhecer que isto é assim não faz de ninguém populista, fechar os olhos à espera que não exista é que faz com que esse potencial vá crescendo.
JORNALISTA

5 comentários:

  1. antes populismos da chamada direita do que da chamada esquerda, os quais temos tido desde a abrilada com os resultados sabidos, alias se o min das finanças nao fosse um liberal ja ha muito que a 4 bancarrota tinha chegado. Amigo baldaia ja nem em cuba existe um pcp tao ortodoxo como aquele que fez o golpe palaciano que pos o querido costa do seu querido clube a 1 ministro. Portugal esta mais uma vez em contra ciclo apesar de ter um governo com a extrema esquerda e o populismo de esquerda, eu vou ao super e trago menos 20/25% de material que trazia ha 2 anos e menos 15/12% de material que trazia ha 1 ano BENS ESSENCIAIS atençao.

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  2. Não há populismos bons. Nem de esquerda, nem de direita. O populismo não é mais do que dizer ao povo aquilo que ele quer ouvir, para depois lhe caçar o voto. Apenas isso.

    Quem acreditar em populismos, disponibiliza-se para ser vítima de uma ratoeira. Foi assim que Adolfo Hitler deu a volta aos alemães, e com isso tornou-os cúmplices do nazismo e do holocausto. Calma com essas opções!

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  3. Vidente Mor, são ambos maus.
    Os de direita costumam dar ainda piores resultados, é a História que o diz.

    O que se passa na Hungria, Polónia, Itália, Áustria, França, Inglaterra e quiçá Alemanha (vamos ver o que acontece nas eleições daquele país sempre perdido e sem noção nenhuma de identidade cultural), não augura nada de bom.

    A culpa é dos partidos do centro, que tinham a obrigação de governar para o povo mas passaram a governar para a banca e para as famílias que a controlam (isto já há mais de 3 décadas não é novo na Europa).

    Só se admira com Brexits e Trumps, quem não tem milhões de imigrantes a acampar no quintal, com a conivência de governos mandatados por quem quer mão de obra cada vez mais barata e desqualificada; e fronteiras todas abertas para favorecer as grandes multinacionais às custas da segurança física e laboral dos próprios cidadãos.

    As classes médias que vivem fora dos grandes centros estão fartas e as que estão nos grandes centros também estão a começar a abrir o olho.

    O fim da União Europeia aproxima-se (não será para amanhã mas vai acontecer) e vêm aí umas guerrinhas inevitáveis.

    Não sei se isto é propositado, mas este capitalismo selvagem que se apoia na imigração ilegal e trabalho de escravo e sem direitos para lucrar sem limites, vai ter que rebentar por algum lado, costuma ser pelo lado mais fraco.

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  4. Mas ainda há alguém que acredite nestes políticos vendedores de banha da cobra, eu não.
    A miséria deste país alem de tudo, é a classe média baixa estar cada vez mais pobre, estes sim, são a maioria dos portugueses.
    Infelizmente os partidos da Esquerda à Direita cabem todos no mesmo saco, lutam por um TACHO...

    A. C.

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  5. O despudor do governo português é total. Já não há resquícios do pouco de bom que restava do
    25 de Abril. Percebe-se por que é que as novas gerações estão tão distantes da política. Não é só pela incompetência dos sucessivos governos, é pela perda de combatividade dos cidadãos. Há muitas queixas, mas não surgem novas ideias, novos paradigmas. O problema é que para serem
    bem recebidos pelo eleitorado têm de se comprometer mais a sério, coisa que não acredito nos próximos tempos.
    De facto, isto está assustador. Quanto tempo de credibilidade durará o afecto e dos beijinhos
    do PR?

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...