No rescaldo da tragédia do Haiti, a multidão de sobreviventes reuniu-se junto aos destroços num acto redentor de fé cristã para pedir perdão a Deus. Ouviam-se pessoas, muitas das quais porventura inocentes, arrependidas a rezar e clamar perdão pelos crimes cometidos.
Antes do terramoto, reinava a violência e a criminalidade nas ruas de Port aux Prince e era tanta e tão frequente que levou a população a atribuir à calamidade um castigo de Deus.
Mal comparando, subitamente, dei comigo a fazer uma analogia do "peso de má consciência" haitiano com o do lisboeta caso o terramoto de 1755 tivesse agora outra réplica. Lisboa, está situada numa zona de alto risco sísmico.
Neste momento, nem numa tragédia dessa dimensão seria capaz de lhes estender a mão. Os meus sentimentos com aquela parte do país estão na fronteira entre o desprezo e o ódio. Não tenho como escondê-lo, nem quero.
Oxalá, a má sorte dos haitianos não se repita em Lisboa, porque não serei eu que darei um passo para os ajudar, ao contrário do que faria com qualquer povo, em qualquer lugar do Mundo, até a um animal.
Duvido mesmo, que numa hora trágica como essas, o medo ou a cobardia lhes despertasse a humildade para reconhecer as malfeitorias escabrosas que andaram a fazer ao resto do país, principalmente ao Porto e ao Norte.