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04 fevereiro, 2009

Messieur "Jamé"

Se há coisa que não me preocupa mesmo nada, é ser politicamente correcto. Nem sei porque deveria, considerando os exemplos, em catadupa, de incorrecções e de acções criminosas, que os nossos "honoráveis" mandantes fazem questão de praticar. Os políticos não gostam de ser demonizados? Não? Então, que aprendam depressa, a ser, e parecer sérios. Nós, já estamos fartos de os ver governar, governando-se. Por isso, a última coisa que nos devem exigir é ética e respeito, porque o respeito conquista-se com a reputação que se semeia, e como os senhores governantes semearam e continuam a semear uma péssima reputação, têm de aguentar com as consequências.
O post do Miguel Barbot fez-me retomar o tema das contrapartidas que ontem aqui abordei.
O senhor ministro das Obras Públicas Mário Lino tem-se notabilizado pela mediocridade e pelo absurdo das suas declarações contraditórias. Teimoso, pelas piores razões, anda agora a vangloriar-se de ter obtido na compra de 16 aviões Airbus para a TAP, um desconto de 57%. Um seu colega de partido, o deputado socialista Ventura Martins, não está muito convencido da bondade deste negócio e acusa o ministro Jamé (em, portugofranciú) de não ter salvaguardado o interesse estratégico do Governo e negociado contrapartidas (compensações) para a indústria nacional como fazem (com sucesso) outros países.

Pois, o nosso ministrote, mandou à fava as «estratégias» do Governo e o Plano Tecnológico, e decidiu por sua própria conta e risco negociar com a Airbus. Ora, o que se estranha mais desta decisão, ao arrepio das directrizes do próprio Governo, é o mal estar que parece ter provocado a Mário Lino, a divulgação dos relatórios sobre as compensações, antes do negócio ser fechado. Dá a nítida sensação de tratar-se de um quadro típico do velho refrão, "gato escondido, com o rabo de fora"... Não vos parece?

Será que estamos na iminência de mais um grande cambalacho à moda do BPN, BPP e Freeport?

Talvez não fosse tarde nem insensato que a PJ começasse a arrepiar caminho, no sentido de investigar como estas operações foram realmente realizadas, antes que os portugueses, sofram outro desgosto.
Além de mais, com a crise a sufocar a vida a milhões de pessoas, as festas de 500 mil euros no Ministério das Obras Públicas, para comemorar projectos (assinatura de contratos de adjudicação de auto-estradas), devia constituir, de per si, motivo bastante, para mandar prender o despudorado ministro. Digo eu.

16 fevereiro, 2008

Continuamos paroquianos, apesar da Bial...

Deste artigo de opinião da autoria de Luís Costa, um dos jornalistas nortenhos que mais têm remado contra a maré centralista, sobre o debate realizado pela UC e jornal 'Público' e cujo tema visava a "Comunicação Social do Porto", destaco estes parágrafos por me parecerem bastante elucidativos:

"Mas o que me parece mais relevante é, que nenhum deles pôs em causa, mesmo quando torneavam o assunto, a importância fulcral e decisiva da autonomia política, da existência de um eventual poder regional, da futura criação de novos centros de decisão - desejavelmente numa lógica multipolar - como elemento catalisador fundamental de um novo caminho que tarda em ser trilhado".

"E anda-se nisto há 25 anos, pelo menos."

"É por isso que discutir estas matérias sem consequências práticas já cansa. E escrever sobre tudo isto, confesso-vos, também já começa a cansar."

Noutra página do JN, e ainda relativamente ao mesmo tema, Augusto Santos Silva, Ministro dos Assuntos Parlamentares, "explica-nos" por que é que as coisas não saem dos processos de intenção:

"Não existe nenhuma contradição entre um órgão ter sede no Porto e ter dimensão e vocação nacional".

"Os media do Porto só são regionais se esse for o seu âmbito de actuação, a sua vocação".

"Isto implica abandonar a lógica dicotonómica Norte contra Sul ou Porto contra Lisboa. Esse olhar próprio deve ser cosmopolita e moderno".

"a opção é entre ser paroquial ou cosmopolita"

"o Porto tem todas as condições para ter um olhar cosmopolita e moderno e que esse olhar seja a sua forma de ver e interpretar o país e o Mundo".

Sobre estas declarações do Sr. Ministro, quero dizer algumas coisas. A primeira, é que, é errado pôr-se o problema em termos de 'contradição entre sedes dos orgãos de comunicação e as suas vocações ou dimensões', quando devia ser colocado em termos de poder executivo e de liberdade editorial.

A segunda questão, é que o Porto nunca quis ser regional, pelo contrário, o que acontece é que a televisão, sendo o mais poderoso de todos os media, encarregou-se de drenar sistematicamente para Lisboa todo o seu poder, influenciando assim implicitamente toda a difusão dos diferentes orgãos de comunicação (Jornais, rádios, etc.).

Quanto à chamada lógica dictonómica "Norte contra Sul", à vulgaridade da qual também o sr. Ministro não conseguiu fugir, cá temos outra vez a demagogia a funcionar, e repare-se, que não é por inocente acaso que estes senhores dizem sempre "norte-sul" e nunca "sul-norte". Isto, suponho, já deve explicar tudo. O mesmo se aplica à conversa enjoativa dos dogmas paroquiais versus cosmopolitas. Já cansa.

O que realmente acontece, é que são sobretudo políticos iluminados como este que emperram a ruptura do estatuto minoritário que eles, mais do que a sociedade civil (como chega a admitir Rui Moreira) nos traçaram.
Bastará olharmos para o exemplo da RNTV e perceber que ali não há dinheiro para avançar melhor e mais depressa.
Bastará particularmente, olhar para as reticências que este mesmo senhor ministro tem colocado para dar mais autonomia a RTPN, que para além de mais é propriedade do Estado.

Enfim, 'novamente' mais do mesmo.