O "Prós e Contras" da RTP não é dos programas que mais aprecio, porque embora aceite o contraditório é um programa altamente contemporizador com a classe política. Mais do que isso, considero até, que é um óptimo branqueador-desculpabilizador das graves asneiras praticadas por governantes e ex-governantes.
No entanto, ontem, talvez por não contar com a participação de políticos e pelo tema recair sobre a "alienação do futebol", decidi ver o programa. E gostei. Curiosamente, descontando alguns excessos pontuais, encontrei bons argumentos em ambos os retábulos de opiniões. Houve teses intelectualmente honestas de ambos os lados.
Entretanto, debates e Euro à parte, voltamos à confusão da caça às bruxas movida pelo Benfica - e seus capangas - ao FCPorto e a Pinto da Costa com os objectivos que conhecemos de ginjeira. Aquela gente está completamente louca varrida. O desgraçado do Eusébio,que é das poucas referência sérias que o clube ainda mantém do seu património passado (agora estão a "fabricar" outro zelosamente, o Rui Costa) é que não merecia passar por esta vergonha, porque afinal, foi devido a ele, 80% do sucesso já quase pré-histórico que o clube alcançou...
Portugal, está a passar de um pequeno país para um grande manicómio. Enquanto uns são acusados, caluniados e perseguidos sem pudor (O FCP e PdC), outros arrogam-se ao direito de desrespeitar tudo e todos, incluindo a própria Lei. A arrogância é tanta, que, respaldados pelo conforto cobarde de um número estimável de adeptos, não respeitam ninguém e desafiam a própria Justiça. Naturalmente que a culpa não lhes pode ser totalmente imputada, porque se agem assim, é porque há quem o permita. E esse alguém é o Governo Português. Mas não só.
Os media (todos) são cumplíces de toda esta farsa. Fazem de um caso espúrio um caso sério, e é aí que o circo se desenvolve. Este ambiente, onde a falta de seriedade informativa é alucinante, está a conduzir a comunicação social a um ponto de descrédito tão elevado que lhe pode ser fatal.
A telenovela UEFA, que ameaçava ser macabra para o FCP gorou-se na razão oposta da esperança dos seus vampíricos beneficários e, enquanto os media lhe iam dando corda com aberturas de telejornais e primeiras páginas de imprensa, sustentadas em pareceres de prova ilegais (como a UEFA acabou por reconhecer) , a desonestidade profissional de muitos jornalistas levou-os a "esquecer" os mesmos pareceres para explorar jornalisticamente o filão que Luís Filipe Vieira lhes deu de mão beijada (sem o querer, claro) quando o país inteiro o ouviu a negociar com Valentim Loureiro a escôlha de um árbitro.
O jornalismo idóneo não pode contentar-se com a publicação de um artigo de opinião sério, mas avulso, num canto escondido do jornal, tem igualmente de preocupar-se com as parangonas dos jornais e com o teor do relevo da abertura dos telejornais. E nesse contexto, fartaram-se de minar a opinião pública contra os interesses do Futebol Clube do Porto, porque é preciso lembrar que há ainda muita gente em Portugal que não lê o miolo dos jornais e se fica por aquilo que lhe é impingido nas parangonas e nas aberturas espectacularmente sonoras dos telejornais. Isso, digam o que disserem, não é um trabalho sério, mas devia sê-lo.
Tudo o que aqui é afirmado, é facilmente comprovável, bastando atentar ao que já está a passar-se com o interesse dado pelos media às "reacções" do Benfica à decisão da UEFA... Fazem de conta que não percebem que a atitude dos dirigentes do Benfica não passa de uma birra inconsequente e sem qualquer sustentação jurídica. Preferem alimentar a canalhice dando-lhe uma credibilidade pública que não merece, a atirar para o cesto dos papéis um assunto que já não o é. Como, nunca o chegou a ser.