16 abril, 2008

OS RELES BOATOS DO CENTRALISMO

Nós sabemos que as televisões de Lisboa vão falar baixinho"do caso", com moderação e laconismo, mas ainda assim vão falar do caso. Sobretudo se, depois de muito rebuscarem "o caso", for possível acrescentar-lhe uns pózinhos da habitual peçonha milagreira que transforma as vítimas em carrascos e vice-versa.
As televisões, neste modelo original de democracia divisionista são mesmo assim, já não surpreendem. Amplificam até ao esgotamento as notícias que lhes interessam e tornam-se subitamente abúlicas e discretas quando o assunto não lhes é simpático.
Portanto, já sabemos que, caso a peçonha milagreira não surta efeito, nos próximos tempos não seremos massacrados, de manhã à noite, com a ignóbil notícia produzida pelo semanário "Expresso", um jornal (segundo reza a propaganda narcisista da capital), de referência...
No programa Trio de Ataque de ontem, Rui Moreira deu-nos a "boa-nova" em directo. Uma acção, que prova à saciedade, quão digno e insuspeito é o jornalismo que se faz a partir da capital para o país profundo e remoto. Rui Moreira, denunciou com firmeza e categoria a falsa notícia, de um falso jornalista, de um falso jornal de referência, que anunciava o internamento de Pinto da Costa num Hospital de Lisboa, alegadamente vitimado por um ataque cardíaco. Refinado humor, não é verdade?
É claro que, para a Procuradoria Geral da República - orgão institucional outrora sóbrio, mas agora muito dado a entrevistas -, este assunto não passará de uma brincadeira de mau gosto sem qualquer relevância criminal. Tivesse havido alguém, amigo ou famíliar de Pinto da Costa, na sequência da falsa notícia que fosse parar a um hospital ou mesmo morresse, paciência, era a vida. Para morrer basta estar vivo, não é.
Estes actos criminosos, praticados nas barbas de toda a gente, e de autoria facilmente identificável, devem ser casos demasiado simples para quem tem em mãos outros, bem mais delicados e gravosos. Os processos com nomes de Apitos... Esses, convenhámos, são bem mais artísticos porque até se podem pintar a gosto. Uns douram-se, outros prateam-se e outros finalizam-se. O único tom proíbido é o encarnado. É a arte na justiça em todo o seu esplendor...
Os portugueses (aqueles do outro país) até podiam achar cultural toda esta fantasia, esta pujante força imaginativa da Justiça nacional, se já estivessem descansados com a conclusão do Processo Casa Pia e se soubessem, se existem ou não pedófilos em Lisboa além do desgraçado Bibi. E já agora, se estão todos inocentes, ou não. Os portugueses anseiam por acreditar que não há de facto uma justiça para pobres e outra para ricos, mas com tão longo silêncio já começam a desmoralizar...
Deixar em banho-maria tais processos, e impune um crime, com provas evidentes, como o praticado ontem por um falso jornalista, de um falso jornal de referência, como o que foi cometido contra Pinto da Costa, é brincar com o Estado de Direito.
Logo, se este boato infâme passar ao lado de uma investigação célere e séria pela parte das autoridades competentes, poderá funcionar na opinião pública como um livre-trânsito para a repetição de actos paralelos.
E se caso amanhã o Renovar o Porto titular um post dizendo que Sua Exa. o Presidente da República se afogou no Rio Douro, ou que está entre a vida e a morte, é bem possível que por este andar, passemos também a gozar do estatuto de um blogue de referência. Como o jornal "Expresso".

1 comentário:

  1. É isso mesmo nunca nos calaremos.Espero que o assunto da parte do F.C.Porto e do Presidente não termine neste pedido de desculpas e a queixa siga para a frente.
    Esta gentinha pensa que brinca com nós, mas está enganada, porque há sempre alguém que resiste...
    Um abraço

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