18 abril, 2008

O gambito de Menezes

Tudo leva a crer que será um pouco apressado começar a fazer já os preparativos para o funeral de Luís Filipe Menezes, um político que já nos demonstrou ter sete vidas e ser capaz de ressurgir após a morte política que lhe foi sentenciada pelos comentadores quando, no rescaldo do discurso dos “sulistas, elististas e liberais”, abandonou um congresso do PSD a chorar e debaixo de um imenso coro de assobios.

Com a surpreendente convocação de novas eleições directas, para 24 de Maio, cerca de sete meses depois das que o elegeram, Menezes desafia os seus inúmeros adversários a falarem agora ou a calarem-se para sempre.

O anúncio, feito ontem à noite, falhou o “prime time” dos telejornais, mas tem o condão de obrigar os opositores internos a sair da toca e avançarem em terreno aberto com as candidaturas pré-anunciadas.

Pedro Passos Coelho e José Pedro Aguiar Branco não ficarão bem na fotografia se não derem agora um passo em frente e se apresentarem perante o eleitorado laranja.

E Marcelo Rebelo de Sousa, cujas actividades conspirativas foram reveladas na última edição da Sábado pela sua amiga Maria João Avillez, foi ontem à noite colocado na delicada posição de ter de decidir já se Cristo vai ou não descer novamente à terra.

No xadrez chama-se gambito ao sacrifício de uma peça com o objectivo de obter uma vantagem nas jogadas seguintes. A convocação de novas directas é o gambito de Menezes.
Se for bem sucedido, ganhará o estado de graça até às legislativas (que a oposição interna lhe negou após a sua eleição para a liderança) e deixará “knock out” os barões do PSD.

Se perder, retirar-se para Gaia onde ficará as lamber as feridas e a ponderar se o ser vítima agora lhe poderá render dividendos futuros. Mas, por favor não lhe façam já o funeral.

Jorge Fiel

(do Bússola)

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