15 abril, 2008

Um "demónio" chamado PitBull

Para os imediatistas do burgo, peritos a retirar as piores conclusões do que os outros pensam, começo por declarar a minha total solidariedade com todas as vítimas de ataques de cães considerados potencialmente perigosos.

Estão nesta lista negra os pitbull, os rottewailler, os doberman e muitos outros que para o caso não interessa agora referir. O que interessa realmente salientar é - como devia ser sempre - a origem das coisas, neste caso concreto, a origem da suposta agressividade "natural" deste tipo de animais.

A título de exemplo, e para não ser maçador, falarei apenas de uma raça: da pitbull.

Esta raça, teve origem em meados do século XIX e foi inspirada num "passatempo" da realeza inglesa que se divertia a lançar outros canídeos, chamados bulldog numa arena para atacar touros com a intenção de tornar a sua carne mais macia.

Mais tarde, o bicho homem esse "animal eternamente inocente", lembrou-se de aproveitar a valentia dos bulldogs e cruzá-la com outro tipo de cães com características diferentes, mas mais ágeis e igualmente poderosos como os "Terrier", gerando outras novas espécimes não menos destemidas, como os Pit Dogs e os Bull and Terrier sendo estes últimos utilizados expressamente para atacar outros cães.

Posteriormente passaram a ser diferenciados por raças, o que aconteceu aos PitBull. De todas estas "produções" inventadas pelo bicho homem, há uma característica que é praticamente comum às outras raças igualmente bravas: todas dedicavam uma imensa afeição aos donos.

Serve esta breve explicação, para avivar a memória daqueles que gostam de soluções drásticas para estes problemas (como mandar abater os animais e até exterminá-los), que têm causado graves danos em humanos, que deviam ser estes, enquanto proprietários dos animais, os primeiros a ser responsabilizados pelos danos por eles causados.

Diz o JN de hoje, que a CMP mandou retirar o ano passado de alguns bairros camarários 39 destes bichos, que provalvelmente terão como destino a câmara da morte e, como é costume, vai aligeirar a resolução do problema a nascente, que tem a ver com a violência existente do tecido social onde grande parte dos donos destes cães treinados para matar se inserem.

Tanto a Câmara como o próprio governo são também parte do problema, porque pouco ou nada têm feito para combater a exclusão social e a miséria que estão na base dos guetos da marginalidade.

É sempre assim, já se sabe, mas as autoridades insistem em assobiar para o lado e a atirar poeira para olhos da opinião pública levando-a acreditar que os fenómenos de violência são meras questões de genes.

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