26 novembro, 2007

DEMOCRACIA OU PACTOS COM MENTIRAS?

Aqui, como um pouco por toda a blogoesfera, discutem-se todo o tipo de questões relacionadas com a centralização e o consequente empobrecimento económico e social do Porto e do interior norte de Portugal. E daí?
Será esse o melhor caminho para mudarmos a situação? Francamente, não creio.
De forma mais ou menos contundente ou pacífica, vamos debatendo todo o tipo soluções para estes problemas, desde a descentralização efectiva dos vários orgãos de poder até à simples regionalização do país, mas na verdade esquecemos a sua essência, que também passa pela cumplicidade dos cidadãos para com os graves e repetidos erros governativos provocados por constantes atropelos às leis e a promessas eleitorais.
Com receio de sermos intolerantes ou acusados pelos fantasmas do radicalismo, vamos convivendo mal com as habituais artimanhas governativas com uma fatídica inevitabilidade em nome de uma aparente obediência cívica.
Mas, afinal, será mesmo este nosso comportamento o mais sensato? Será ele condizente com a letra do regime democrático? Quanto a mim, não é. Há demasiada subserviência da nossa parte - e que nada tem a ver com exemplos de boa cidadania - perante aspectos básicos essenciais às regras da democracia, entre os quais consta um da maior importância, como seja o da exigência de seriedade de processos, pela parte de quem governa (e como nos governa).
É justamente neste ponto, tão simples quanto óbvio, que reside a nossa cumplicidade face ao desempenho governativo. Sabemos que o regime democrático é (em tempo útil) parco em mecanismos reivindicativos e de rejeição governativa, mas embora discutindo, vamo-nos conformando parcimoniosamente com este tão espartilhado "trunfo" de cidadania democrática como é o voto eleitoral, deixando à oposição o papel retransmissor do nosso descontentamento.
Ora, todos sabemos que o défice de pragmatismo democrático não se tem circunscrito à actividade governativa, mas que também se estende ao desempenho das oposições, igualmente acomodadas e pouco interventivas. Entretanto, os anos passam, o país vai-se atrasando, o povo vai vivendo cada dia pior, ainda que ao som de uma "colorida" música regimental que lhe fala de progresso e reformas que porventura jamais chegará a usufruir.
Não se compreende a contestação diplomática quando se lida com ilegalidades. A diplomacia é um convívio que se alimenta e revigora com princípios de seriedade recíproca, mas que é inócua face a intervenientes desleais. O que sucede, é que este modelo de democracia em que vivemos não é compatível com protagonistas falsos. Poderá até funcionar razoavelmente com governantes idóneos (como sucede nos países nórdicos), mas é uma perigosa utopia quando praticada em países cujos principais responsáveis são os primeiros a romper compromissos.
Pessoalmente, na minha qualidade de cidadão, não me dá qualquer conforto moral saber que os nossos governantes mentem (é este o termo correcto), que mentiram e vão continuar a mentir aos eleitores. O conforto moral só acontecerá quando tiver a oportunidade democrática de os levar à barra de um tribunal e os condenar com equivalente gravidade pelos prejuízos causados à Nação.

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