28 novembro, 2007

O nosso destino muda-se combatendo o embuste

Muito antes do referendo pela Regionalização de 1998 já a defendia. E por quê?

Primeiro, por estar prevista na Constituição, e depois, por me ir apercebendo, que a Regionalização era mesmo uma reforma necessária. Foram as sucessivas acções políticas de alternados governos, quer do PS, quer do PSD, com tendências para acentuarem a concentração do poder na capital que me retiraram as poucas dúvidas que ainda podia ter sobre o assunto e me fizeram interiorizar a sua necessidade.

O nosso país é pequeno para regionalizar, diziam e ainda dizem - com o descaramento de quem está impunemente habituado a vender banha da cobra - os defensores do status quo do regime. A seguir, cantavam-nos ( e ainda cantam) o fado vadio da "descentralização" e assim davam a volta ao eleitorado mais ingénuo e aos respectivos aparelhos partidários, ao bom estilo dos homens dos carrinhos de feiras de diversão: "nova corrida, nova viagem, freguês!"

A Regionalização não é cura para todos os males do país, mas só pode ser um sistema político/administrativo muito mais justo e eficaz do que aquele que agora vivemos. A sua maior vantagem, é a de aproximar o cidadão dos orgãos do poder e das suas reais necessidades. A outra, é a de lhe permitir também uma maior participação e controle do desempenho governativo.

Dizia há dias António Arnaut no lançamento de um livro seu, que hoje, há falta de carácter na política e que a astúcia se lhe sobrepõe... Pois sim, estamos fartos de saber que assim é, mas para quê usar expressões tão simpáticas como carácter e astúcia quando as podemos traduzir numa frase mais grosseira mas não menos honesta como: temos de acabar com a vigarice na política?

E por que é que o senhor dr.António Arnaut, que tanto se bateu pelo Serviço Nacional de Saúde, não disse nem explicou aos eleitores quem foi e o que foi que abortou esse seu desígnio quando esteve no Govêrno? Só se fala dos obstáculos criados (quando é o caso) passado muito tempo, quando a memória do povo começa a encurtar... Por que será? Ou terá o senhor doutor guardado segredo até hoje para nos esclarecer com a venda do seu livro?

Já repararam que hoje, há poucos políticos que tenham a dignidade de se demitir dos seus cargos e a coragem de explicar publicamente, preto no branco, as causas que estão na origem do boicote às suas reformas políticas, chamando os "bois pelo nome"? Mas então, estará a obediência partidária acima do dever de esclarecer os eleitores? Os partidos interessam mais que as pessoas? Se assim é, então não precisamos dos partidos políticos para nada, porque deixam de ser um organismo ideológico de representação pública para passar a ser um seu adversário, um entrave à cidadania.

Os próprios debates televisivos (muito bem pagos) onde participam governantes e ex-governantes são igualmente um processo cínico e simples para estes branquearem as suas incompetências e incumprimentos e ao mesmo tempo para restaurarem a sua credibilidade. Mas, o que nos obriga a aceitarmos isto? A televisão terá porventura mais força que a vontade do cidadão?

É óbvio que tem. Os cidadãos agora, comunicam (virtualmente) mais através da Net, mas mobilizam-se pouco. Por aqui, já podemos ter uma ideia mais realista do nosso efectivo poder e como será extremamente difícil mudar o nosso destino a mantermo-nos neste teatro de governabilidade.

Com a Regionalização, estou seguro, o nosso destino estará muito mais próximo das nossas mãos e das nossas legítimas ambições.

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