23 fevereiro, 2010

Perguntar ao bandido se é inocente

Deixo para os snobs gananciosos do burgo a patética ilusão de viverem num país positivo. Não há nada a fazer quando se confunde o país com o umbigo. A «pátria» dessa gente tem fronteiras bem delineadas: a conta bancária, um faustoso emprego, mais o confortável espaço das suas casas. A verdadeira pátria  destes indivíduos resume-se praticamente a isto. Curiosamente, é a este género de pessoas a quem são encomendados pareceres sobre o estado da Nação. O "Prós e Contras" é só um dos paradigmas que atesta e prova o que acabo de afirmar. E todos - ou  pelo menos grande parte de nós -permitem que lhes enfiem o  «isco» pelas goelas abaixo, engolindo-o à força.

O futebol e as rivalidades que suscita é, para além do próprio espectáculo, um excelente veículo de observação de muitos paradoxos das sociedades actuais. Em Portugal, seguindo a tradição fadista de copiar o que de pior se faz no mundo, somos mesmo «bons»... Querem exemplos? Irei apresentá-los adiante,  mas antes quero colocar-vos perante um quadro imaginário mais radical para perceberem o nível de aberrações que o conceito informativo da comunicação social está a atingir.

O quadro imaginário que vou exemplificar é um tanto grotesco, mas talvez  por isso mesmo, ilucidativo. Então, é assim: imaginem uma quadrilha de ladrões ou assassinos mais ou menos grande, conhecidos naturalmente pelo exercício de práticas criminosas, começarem a aparecer em programas televisivos para debater a própria criminalidade para supostamente nos "explicarem"  a forma de a combater... Estão a ver?

O que seria natural da nossa parte, era perguntarmos se o país, incluindo os seus insignes orgãos de Poder, não estaria completamente louco. Pois é... Mas, se em vez de ladrões, colocarmos políticos a falar de política, como será? E se nalguns debates futebolísticos, como por exemplo sucede na RTPN, tivermos dois comentadores, um do Benfica e outro sportinguista a dar pareceres sobre o FC Porto, será razoável esperar comentários isentos ou, minimamente democráticos? Não, pois não? Pois, mas é isso que acontece nas nossas barbas, num canal que, só por mera  casualidade continua a fazer questão de nos lembrar que o N que tem no fim das 4 letras de identificação [RTPN]  já não é - como foi - de Norte mas «apenas »de Notícias... E, se para cúmulo da paranóia colectiva, tivermos um fanático benfiquista como Presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Futebol, o que dizer? Pois é, mas não vos estou a falar de realidade virtual, fálo-vos da realidade pura e dura.

Só falta descobrir como reagiremos nós, se um dia destes uma SIC qualquer nos impingir programas de suposto interesse público com pedófilos a «recomendarem-nos» métodos avançados para protecção de crianças...

Quem com o silêncio os "absolve" [aos pedófilos], também pode promovê-los.

2 comentários:

  1. Pois é meu caro Rui, damos voltas e mais voltas e vamos sempre dar ao mesmo: os meios que nós temos, para fazermos valer os nossos direito e ouvir a nossa voz, são claramente inferiores.

    Um abraço

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  2. Eu não sei se esse quadro imaginário, está assim tão fora da realidade.
    Estamos num país do vale tudo, quem
    pode manda, e o resto são os coitadinhos os tolerados ignorantes
    e vai ser assim até o dia Final.
    Só estou a imaginar.

    O PORTO É GRANDE VIVA O PORTO.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...