30 setembro, 2010

Austeridade feita à pressão

Aleluia! Subitamente, fez-se "luz" no espírito dos nossos (des)Governantes! Aí estão elas, as incontornáveis medidas de austeridade! Austeridade que tardou, mas não faltou, embora acompanhada do rol de prejuízos que todas as decisões tardias infalivelmente comportam. Mas não há nada a fazer, os políticos que temos preferem recorrer à fantasia do embuste a agir por antecipação para a resolução dos problemas que eles próprios criaram. Já sabemos que debaixo da manga trazem sempre bem guardada uma crise global, ou paranormal, que utilisam quando a casa já está a arder. No entanto, nem tão utilitário trunfo basta para encobrir a dimensão da incompetência.

Folheando o jornal Público de hoje e passada a primeira página repleta de medidas "salomónicas, lemos logo na seguinte que o Governo vai [finalmente] propor um conjunto de medidas de combate à evasão fiscal, o que significa, tal como com o famoso PEC, que as que "foram" tomadas anteriormente não valeram grande coisa. Limitar a dedução de benefícios fiscais, rever a lei de dedução de prejuízos para facilitar a cobrança são iniciativas que agora serão levadas a sério por antes se terem encarado a brincar... O IVA, que sempre foi dos mais altos da U.E. vai subir 2 pontos percentuais e contribuir para o aumento do custo de vida. Enfim, mais do mesmo.

Mais adiante, no capítulo da Justiça, o Procurador Geral da República continua o combate quixotesco pela permanência do seu vice  alertando a nação para o dramas que o seu abandono constituirá para o Ministério Público.  Verdadeiramente dramático, é sim, o Governo  propor uma alteração ao estatuto dos magistrados do M.P. [ontem chumbada pela oposição] para viabilizar a permanência do referido vice-Procurador - que atingiu o limite de idade -, o que se pode explicar pela dificuldade em encontrar um substituto à altura... Mesmo a título excepcional, este doentio recurso à alteração das leis para ultrapassar dificuldades é a principal razão dos nossos problemas.

Veremos também se o anunciado reforço da prevenção e fiscalização de fraudes na Saúde terão qualquer efeito pratico no futuro. A Associação P. da Indústria Farmaceutica pode não ser a Instituição mais recomendável para se preocupar com as difuldades dos utentes, mas a verdade é que não será a redução de 6% do preço dos medicamentos que lhes facilitará a vida se o novo regime de comparticipações estatais for - como se anuncia -, drasticamente reduzido. Se a ideia é fechar as portas à fraude dos fármacos, louva-se, mas os meios parecem, no mínimo, estranhos... Veremos. 

1 comentário:

  1. Rui, como de tanto apertar o cinto já nem consigo falar e por isso nem digo nada.

    Um abraço

    ResponderEliminar

Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...