03 janeiro, 2012

Chamar os nomes aos "boys"

No seguimento de entrevistas anteriores a figuras públicas do Porto sobre a macrocefalia de Lisboa, o JN publica hoje a opinião de outras personalidades, àcerca  das declarações do bispo do Porto, D. Manuel Clemente feitas no Natal, inseridas no mesmo jornal, desse mesmo dia.

A avaliar pelas respostas, quase podíamos garantir que o Norte está finalmente determinado a libertar-se do velho jugo centralista, mas daí a transformar as palavras em iniciativas, tudo indica que ainda há um longo caminho a percorrer. Quando a palavra de ordem devia ser a União do Norte, com manifestos de claro repúdio às provocações a que temos sido sujeitos por sucessivos governos, continua a constatar-se da parte de alguns entrevistados pareceres ostensivamente reverenciosos, como foi o caso do Presidente do C.A. da Casa da Música, José Manuel Dias da Fonseca: " Lisboa, deve manter o seu caminho de crescimento e de referência nacional e internacional, sem esquecer as outras regiões"... Não sei de onde é este senhor, se é do Norte, do Porto, ou de Lisboa, mas pela resposta, só pode ser mais um oportunista. Se fosse eu o Director do JN era a última vez que o abordava para falar sobre o centralismo. Mas o JN deve entender o contrário, talvez por considerar "construtiva e democrática" a opinião de falsos regionalistas, como tudo indica ser este cavalheiro.

Já Júlio Magalhães foi bem mais frontal. Disse que as pessoas de Lisboa não conhecem o resto do país, mas acrescentou que "as mais decepcionantes que encontrou em Lisboa foram portuenses ou nortenhos". Vendem-se rapidamente ao centralismo e adoptam um discurso ainda mais duro em relação ao resto do país. Como querem entrar no circuito do poder, adoptam o discurso deles". 

Aquela que optou por um discurso mais "revolucionário" foi Beatriz Pacheco Pereira: "Já é tempo de as pessoas do Norte se insurgirem contra o actual estado de coisas". Apesar disso, faz-me espécie ouvir estes tipo de comentários, sabendo que um grupo de cidadãos anónimos [entre os quais eu me incluía] liderados pelos ex-deputados Pedro Baptista e Anacoreta Correia, criaram um Movimento político [Movimento Pró Partido do Norte], com vista a devolver à discussão pública o tema da Regionalização, e que, como devem estar lembrados, não conseguiu atrair às suas fileiras muitos dos que agora se "assumem" regionalistas e... se insurgem.

Talvez por isso, e também pela miserável adesão de muitos portuenses [e portistas] à assinatura de uma petição pública que visava responsabilizar as directorias da RTP pela discriminação feita ao FCPorto, subscrevo - com alguma mágoa, confesso -, as palavras do futuro Director do Porto Canal. Na realidade, os homens do Norte já não são o que eram. No entanto, para Júlio Magalhães ser conclusivo, faltou ao ramalhete, apontar os nomes desses tais portuenses e nortenhos que o decepcionaram. Eu por acaso, até conheço um, que é seu amigo e jornalista. Chama-se Manuel Queiroz, escreve as "Crónicas do exílio"  no Semanário Grande Porto de cariz circunstancialmente regionalista, mas é incapaz de se impor ao seu colega Valdemar Duarte, quando está a comentar os jogos do Futebol Clube do Porto na TVI com um fanatismo digno de talibans, em... Lisboa.

Vamos esperar que Júlio Magalhães também fale dos centralistas lisboetas, porque isto de dar uma no cravo e outra na ferradura, também não esclarece muito. É verdade que há muita gente do Norte a trair a região, mas também é verdade que os lisboetas ajudam à missa. Nada de branqueamentos, portanto. É tempo de dar os nomes aos bois, ou seja, é preciso começar a deitar cá para fora o nome desses políticos e jornalistas que nos envergonham a todos. Eu começo: Cavaco Silva, Rui Rio, Sócrates, Soares...


  

4 comentários:

  1. Hoje estamos como estamos, graças a estes vendilhões das suas origens em troca de uns tachos.
    Tenho nojo que esta gente diga que é da cidade do Porto ou de qualquer outra região do Norte.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO

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  2. Creio eu que deve ser a 1ª vez que opino neste blog, que acho nuito interessante por duas belas razões: é regionalista e é portista!
    Contudo o que me faz opinar é sobre a questão do tal Movimento nortenho liderado por Pedro Batista e Anacoreta Correia e que, ao que consta não tem seguidores!
    Pois bem, mudem os lideres e se calhar o Movimento crescerá como uma árvore que de mirrada passou a dar excelentes frutos. Sou pela regionalização desde que me conheço e já levo 51 nesta vida, mas detesto Jihads, Talibãs ou pastores IURD's de falsos milagres!

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  3. manuel moutinho03/01/12, 20:30

    É pena as pessoas não se libertarem dos que nos têm prejudicado durante tantos anos,vamos continuar a ser explorados para que a capital do imperio continue a brilhar,os exemplos são muitos,mas só vou citar este,o metro de lisboa fez um tunel no terreiro do paço que dava para toda a linha de metro do Porto,mas não há dinheiro para a linha da Trofa,porquê? quando é que as pessoas abrem os olhos?
    Abraço
    manuel moutinho

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  4. Caro Felisberto,

    sendo o amigo portista e regionalista, como diz, repare bem na expressão que usou para discordar do Movimento PPartido do Norte:

    "MUDEM os líderes e se calhar o movimento crescerá..."

    Presumo que o amigo estará à espera que alguém escolha por si líderes à sua medida, e isso é muito cómodo. Mais me espanta quando o povo continua a oferecer de bandeja o poder àqueles que o têm desgovernado todos estes anos, e que são sempre os MESMOS, tanto os Partidos como quem os representa.

    Essa dos Jihads e dos talibans precisa de ser melhor explicada, porque sinceramente não faço ideia a quem se está a referir.

    Eu vejo a coisa assim: primeiro actua-se, depois corrige-se. O que é preciso é sair deste sufoco, porque pior do que o regime actual é impossível.

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...