31 maio, 2012

Hélder Pacheco e os vendidos da província

Há algum tempo atrás, o professor Hélder Pacheco escreveu no JN uma crónica magnífica onde recomendava aos  deputados da actualidade eleitos pela província a lerem a história de Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, um seu antecessor eleito para as Cortes do liberalismo. A história resume-se ao seguinte: Elói Barbuda personagem do romance cómico "A Queda de um Anjo", de Camilo, era um pacato e tímido homem da serra que assim que chegou a Lisboa criticou severamente a vida luxuosa e fútil que por lá se fazia. Mas não durou muito a indignação. Com o tempo familiarizou-se com o ambiente, constituiu família e converteu-se ao mundanismo, juntando-se à sociedade hipócrita e golpista da capital.

Nesse artigo, Hélder Pacheco pretendia chamar a atenção para os continuadores de Elói que hoje gravitam por todo o lado e em todas as actividades, particularmente gente ligada ao jornalismo, à cultura e à política. Tudo por uma razão muito simples. Ainda é em Lisboa que se vive à tripa forra, e nalguns casos faustosamente, dos recursos do resto do país. Por isso não é para admirar a metamorfose dos "aculturados"...

O que realmente admira, e aí concordo absolutamente com Hélder Pacheco, é que essa gente se converta tão rapidamente ao centralismo, mais ainda que os próprios lisboetas, ignorando as próprias raízes. O que afinal pretendia dizer H. Pacheco era que ainda há excepções. E nessas excepções elegia o jornalista Júlio Magalhães, actual director geral do Porto Canal, por ter resistido às maravilhas e aos cantos de sereia do Terreiro do Paço, mantendo-se portuense e portista, regressando à terra mãe.

Tal como Hélder Pacheco, faço votos para que a resiliência do Juca [como lhe chamou] se mantenha e mesmo reforce porque o Porto vai precisar. A propósito, HPacheco aproveitou para mandar um recado a algumas meninas do Porto Canal aparentemente colonizadas de ouvido [como ele disse] por abrirem demasiadamente os "ás" e os "ós" à maneira de Lisboa. Esqueceu-se foi do Ricardo Couto e do seu inenarrável programa À Conversa com Ricardo Couto", que mais não é do que a versão Calistoeloiana de um programa de televisão.


4 comentários:

  1. É preciso ser convictamente forte por aquilo que lutamos, para não cair naquilo que criticamos.
    Infelizmente neste país como alguém já disse: "É preciso mudar para que tudo continue na mesma".
    Aqui neste Cantinho à Beira Mar Plantado, há três castas: Os Ricos os Políticos e os outros.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  2. Helder Pacheco é um senhor, carago! Portuense e portista ilustre, não renega as origens e não tem papas na língua. Pena que ainda não saiba que o Juca não gosta que o sotaque se note no Porto Canal, acha que fica mal...

    Abraço

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  3. Boas noites Sr. Helder, soy de Galicia, espero que entienda el Español, he leído un comentario de Vd. en el que recordaba la pensión Mondariz, en la Rua Cimo de Vila, el motivo por lo que le comentó esto es porque yo con una edad de 8 o 9 años me aloje con mis padres hace ya 47 o 48 años en esa pensión, que creó que el propietario era de Mondariz en GAlicia. Me gustaría si me pudiese informar de la historia de la misma, que fue del propietario, cuando la ffundo, quien continuo, etc...etc... Mi e Mail es el siguiente administrador@gestiauto.net. Le estaría muy agradecido.

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  4. Saudações
    Na XX Feira do Livro de Valongo tive a oportunidade de ouvir a intervenção do Sr. Hélder Pacheco durante a apresentação do seu último livro. Devo dizer que fiquei bastante desapontado com o seu discurso, que só posso rotular de “bafiento” e repleto de “Filosofia barata”, com intenção clara de atacar, à semelhança de muitos outros “incendiários”, a capital do país, que na sua deturpada visão, assemelha-se a uma potência colonial que explora as restante cidades e regiões do país, incluído o Porto, lá está.
    Prepotente, tendencioso, malicioso, convencido e vaidoso. Eis a opinião que fiquei deste escritor, que também se considera um historiador, se bem que de imparcial tem muito pouco. Detentor de uma linguagem “a la Sr. Pinto da Costa”, de quem dever ser amigo, lamenta-se da centralização e defende a região do Porto de forma mesquinha como se de um baluarte se tratasse, e isolado no contexto nacional.
    Sr. Hélder Pacheco, Portugal é uma nação de corpo inteiro; Norte, Sul e Ilhas, demasiado pequeno para a formação de enclaves ou pequenos “reich” onde só têm lugar pessoas que pensam e concordam com aquilo que o senhor, e apoiantes, afirmam. E aquilo que afirma assemelha-se a uma espécie de propaganda, onde mistura cultura, história, costumes e futebol, por certo para cativar “os mais cegos”. É de profundo mau gosto a forma como dá utilidade à Cultura, para não dizer reprovável e retrógrado. Com a sua idade deveria possuir mais discernimento, caro senhor.

    António Sousa (Cidadão Português)

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