28 maio, 2012

Nós e os gregos

É claro que os processos prescritos de Isaltino Morais, de Ferreira Torres, de Fátima Felgueiras e de Domingos Névoa [só para citar os que vêm hoje a público no JN], como diriam os conformistas do costume, não passam de faits divers, nem tão pouco espelham toda a classe política e empresarial do país. Mas o que é certo, é que servem para provar que o Sol, ou melhor, a Justiça, quando nasce não é para todos, pois se estes trastes fossem outros, pobres, e acusados pelos mesmos crimes, já estariam há muito a ver o sol aos quadradinhos. E não vale a pena fazer fé nas declarações da Ministra da Justiça por dizer que "vai acabar com a prescrição dos processos", porque também ela [coitada], não é para levar a sério.

Também não é para levar a sério a alteração à lei que regula a contratação de bens e serviços por entidades públicas com os privados porque simplesmente o poder político não quer. Os velhinhos ajustes directos sempre permitem cambalachos mais "promissores" para a engorda bancária dos intervenientes do que os concursos públicos partilhados limpos e transparentes. Outrossim, não interessa à classe política alterar o regime legal que responsabilize financeiramente os gestores públicos, porque isso equivaleria a responsabilizá-los mesmo... Aliás, a obrigação das entidades públicas de apreciar propostas de três fornecedores distintos acompanhada da respectiva fiscalização já esteve prevista na lei, e ficou tudo na mesma. Por isso, mesmo que Cavaco Silva promulgue a versão entregue pelo Governo, nada de concreto mudará visto que continuará a ser permitido assinar contratos de grande valor a uma empresa "seleccionada" pelo gestor sem a obrigatoriedade de consulta a outras. Oito mil milhões de euros foi SÓ o valor  gasto em ajustes directos sem lançamento de concursos de 2009 a Maio de 2012 pelo Estado!

Tudo isto são não notícias, já pertencem ao caruncho político, às rotinas do mafioso noticiário do Estado. Só não se entende é porque a população ainda consegue obedecer às pequenas sacanices da Lei, como os impostos, as multas de trânsito, as portagens, os reboques de viaturas mal estacionadas, o gás, a electricidade, a água, etc., etc.

Tratando-se de seres humanos e não de cabras, o normal, a reacção expectável a esta pouca vergonha seria a desobediência civil, e deixar de pagar o que quer que fosse ao Estado [e à Troika]. Afinal de contas não faríamos mais do que imitar os exemplos dos nossos "queridos" políticos em termos de transparência e de civismo. Mas a verdade é que nós não somos a Grécia, como alguns dizem com "orgulho" . Lá isso não. Somos muito piores. Gostamos muito de pastar, como as cabras. 

2 comentários:

  1. Cada vez há mais corrupção,a troika só vem cá para cobrar impostos,o resto continua tudo na mesma,viva a carneirada da direita!
    Um abraço
    manuel moutinho

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  2. Oh amigo Manuel!Já no tempo da carneirada da esquerda era a mesma merda!
    Portanto viva a carneirada da direita e da esquerda!É vivas a torto e a direito!

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...