12 agosto, 2012

O "anjo" Luisão

Sem falsas modéstias, penso ter uma ideia bastante realista acerca das virtudes e das imperfeições dos portugueses. No que concerne as virtudes, suponho ser a solidariedade a maior delas, embora esta se evidencie com mais espontaneidade nos nortenhos que em Lisboa, ou no sul do país. Não me quero referir àquela "solidariedade" trauliteira que podemos verificar em certas pessoas quando por perto anda uma câmara de televisão, porque essa é do mesmo tipo que leva alguns a participarem em programas como o Big Brother. Não. Refiro-me àqueles pequenos/grandes gestos, como parar na estrada para socorrer alguém com avarias no carro, ou que foi vítima de um acidente, ou àquela pessoa que nos convida a passar à frente na caixa do supermercado por reparar que levamos poucos produtos, ou até o vizinho que nos trata como se fossemos da família.   

Os defeitos, no entanto, são tantos que às vezes nos levam as esquecer essas grandes qualidades. Um dos que mais me irrita nos portugueses é ser um povo facilmente influenciável, que não gosta muito de pensar pela sua própria cabeça, preferindo adoptar para si a opinião que os media ou a má língua fazem passar. Falando nisto vem-me logo à memória aquele aparato circense das bandeirinhas nacionais em tudo quanto era janela, e dos cortejos de campinos e motards que circulavam pelas estradas lá de baixo por sugestão à propaganda patrioteira da comunicação social, e de um seleccionador que além de não ser português só conhecia o sul do país. Outra das más facetas deste povo é a resiliência face às regras. É verdade que essa resiliência tem inspiração histórica nos governantes, que tal como os livros de Eça de Queiroz bem testemunham se mantém até aos nossos dias, mas é verdade também que se o povo tivesse outros graus de exigência e não fosse tão negativamente influenciável, hoje teríamos mais respeito pela legalidade.

É por isso que me enoja profundamente viver num país onde a qualidade dos media se tenha de medir por baixo, tal como permite o povo e quem o governa. Ontem, em jogo particular com uma equipa alemã, Luisão, um defesa do Benfica agrediu comprovadamente um árbitro, derrubando-o deixando-o por momentos inanimado. Toda a comunicação social, principalmente a RTP [órgão do Estado] tudo fez para branquear o acontecimento, prestando um deplorável serviço público, usando premeditadamente termos desajustados com a ocorrência, como: «o árbitro caiu, ou o árbitro chocou com Luisão, ou Luisão agrediu alegadamente o árbitro...».

Por outro lado, os comentadores de serviço, em vez de reprimirem veementemente o gesto do atleta, como fazem, aliás, e na maioria das vezes, sem razão, com o FCPorto, perderam-se em exercícios de cálculo e em previsões para descobrir alguma fórmula para evitar a eventual punição do jogador...  

Francamente, se o que as imagens de televisão mostram já não servem para nada, então também não servem para transmitir telejornais, telenovelas, debates políticos ou jogos de futebol. E o que se passou ontem não foi obra de imagens manipuladas, ou de emboscadas em túneis, foi uma agressão clara e altamente reprovável de um jogador a um árbitro, e isso só devia merecer da parte dos media uma única atenção, que era uma firme censura ao jogador. Defender posturas destas, é defender a violência no desporto, e quem está a fomentá-la por branqueamento são os próprios media do Estado, a RTP, ou seja: o Governo.

Obs.1 - O minuto 2:15 do vídeo aqui em baixo é o mais nítido da agressão de Luisão ao árbitro alemão. Há primeiro, uma "peitada" seguida de uma cabeçada. 

Obs.2 - Não menos censurável, nem tanto pela originalidade, mas pela rotina com que estas situações se repetem impunemente na liga portuguesa com jogadores do Benfica, foram os empurrões de  Maxi Pereira e Carlos Martins ao árbitro que antecederam a agressão de Luisão.


 

4 comentários:

  1. Vergonha é pouco, isto é prostituição jornalística. Ontem não vi telejornais e portanto não me posso dizer nada sobre o que foi dito, mas não me admira nada que o OMO esteja a ser utilizado com toda a força. Pena, repito, mas é importante repeti-lo, que muitos se mostrem escandalizados, incomodados, e na hora da verdade, por exemplo, a petição contra a RTP, não façam nada. Assim fica difícil, somos muito poucos a lutar e a denunciar esta cambada d vendilhões do templo.

    Abraço

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  2. É um Clube de Caceteiros: começa no Presidente ( que mandou bater a um empresário no aeroporto, num banco em Lisboa alguém se manifestou que o presidente tinha o carro a estorvar levou também), o treinador que dá murros a jogadores adversários, o pseud/homem do futebol que cria armadilhas nos túneis, e os jogadores que dão porrada até dizer chega. Já agora vamos também falar do "Canal Vermelho" que só sabe insultar o FCP, e que um advogado vermelho extremista de "cor de cenoura" incita à violência mandando dar cacetada aos portistas
    Isto que vimos do Luísão foi uma pequena amostra para alemão ver.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  3. Já não há mais nada que o clube do regime possa fazer para ocultar a verdade anti desportiva ,que eles praticam por esses campos de futebol ,quer dentro do relvado quer fora, já não há OMO que chegue para lavar tanta sujeira, se tivessem um pouco de dignidade, pediam desculpa, e esperavam em silêncio o que pudesse acontecer desportivamente aos seus jogadores, mas isso era impossível numa agremiação tão rasca, basta ver as declarações do carraça, para ver o que a casa gasta.
    Um abraço
    manuel moutinho

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  4. Boas,
    Este Luisão é mesmo um anjo! esta cena é uma completa vergonha... enfim...

    Cumprimentos

    Ana Andrade

    www.portistaacemporcento.blogspot.com
    www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com

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