Vitor Gaspar |
Agora, todos falam em crise, incluindo muitos dos que a geraram, mas só alguns estão verdadeiramente a sentir na pele as suas consequências. Curiosamente, à medida que os experimentalistas do Governo vão ampliando o lastro social com as suas penalizações fiscais homicidas (mas ainda assim injustas), cresce o descontentamento entre as classes que até agora se achavam blindadas para tamanho saque. Só escapam os bancos, e os próprios responsáveis do Estado, que apesar de pregarem a austeridade á população não dispensam as viaturas topo de gama para se deslocarem, mais que não fora para dar provas de boa vontade e de algum altruísmo. Não percebem que o momento não é de campanha eleitoral, que é preciso praticar os sacrifícios antes de os exigir aos outros. Não há nada a fazer, a classe política não perde tempo com as questões de carácter. Para ela, o carácter apregoa-se, não se revela.
É por «exemplos» destes que, ao contrário do que a generalidade da comunicação social e dos comentadores políticos andam a pregar para entreter a populaça, nunca me contentarei com o diagnóstico das doenças [o défice, e a crise] sem antes ter garantias que alguma coisa se está a fazer para as prevenir no futuro. Se alguma vez a resolução dos problemas passar por esta ordem [prevenção/diagnóstico], então talvez tenhamos finalmente condições para simplificar a cura. Não estou a dizer nada de insólito. Se esta receita é recomendada pela comunidade médica para o bem estar da saúde pública, por que motivo não há-de ser aplicada à política?
Por outras palavras, como cidadão eleitor, o que mais me me interessa não é saber se determinado membro do Governo está profissionalmente bem cotado, o que me interessa é saber se tem qualificações éticas e características para o desempenho das respectivas funções. Consta que o actual ministro das Finanças tem uma excelente folha curricular, mas até ao momento não tem conseguido transparecer essa imagem. E não é preciso ser doutorado na especialidade para perceber que não há austeridade que resista ao asfixiamento da economia e ao consequente crescimento do desemprego. Pode dar-se o caso [neste exemplo, como em muitos outros] que para Victor Gaspar o cargo de Ministro das Finanças constitua o ponto "proibido" da sua carreira política, o seu Princípio de Peter.
Isto até pode parecer populista aos olhos dos mais conservadores, a verdade é que desde o 25 de Abril de 1974, os portugueses não têm um único mandato governativo de verdadeira estabilidade social e económica para recordar e contar aos netos, com orgulho... Houve muito folclore, muita auto-estrada, muita propaganda política, muito oásis, mas nunca deixámos o país sair da crise, ela sempre cá esteve, independentemente de haver mais emprego que hoje. Portanto, para garantir competência governativa, não chega exibir um bom currículo profissional e académico . É importante, mas não é fundamental.
Sendo dado adquirido que ninguém se revela completamente antes de ser posto à prova, o que importaria no futuro era que os eleitos, além de resilientes, fossem dotados de grandes doses de bom senso e outro tanto de humildade, para saberem afastar-se do poder mal se apercebessem não ter capacidade para o desempenhar com mestria. O drama, é que eles pensam que abdicar do poder é sinal de fraqueza, talvez porque ninguém lhes ensinou que nalguns casos, recuar um passo pode significar à posteriori avançar dois. Ou então, pura e simplesmente não querem largar o poder.
Porque tenho como sagrada a convicção que um governante é um mero [mas respeitável] representante do povo [vivemos uma Democracia representativa], nenhum direito lhe assiste de se prender ao poder contra a sua vontade, seja porque ainda não atingiu o limite do mandato, seja porque não foi exonerado em sede parlamentar. Compete à sua boa consciência perceber quando é chegado o momento de sair. Façamos um exercício de memória e vejamos quantos é que o fizeram nas circunstâncias que citei.
Ora, como a boa consciência de cada um, por enquanto, não é curriculável, nem legível, e o risco de termos de passar por experiências angustiantes como as que vivemos nos últimos anos [antes com Sócrates, e agora com Coelho] é enorme, só vejo duas maneiras de evitar que elas se tornem crónicas: levar a tribunal os governantes corruptos e irresponsáveis e puní-los de forma exemplar. Se aceitamos a austeridade para a economia não podemos exigi-la para a Justiça? Caso contrário, meus senhores, é corrê-los à vassourada como antigamente se fazia com os ratos. Se nada fizermos, podemos ter a certeza que só nos resta o desabafo como expressão democrática. Mas o desabafo por enquanto não derruba maus governos.
Mas eles não querem sair do governo, enquanto não terminarem a missão que os levou para lá, que é destruir quem trabalha, para depois terem mão de obra barata,e quanto a serem julgados, só se fôr num tribunal internacional, porque eles controlam os nossos tribunais, até aquela procuradora adjunta que eu nem digo o nome, disse na festa do PSD, que não havia corrupção em Portugal, perante isto,só um tribunal internacional os poderá julgar, e mesmo assim tenho dúvidas.
ResponderEliminarAbraço
manuel moutinho
ResponderEliminarBoa tarde.
Eu fui um dos que me enganei a votar em PC. Na altura já não exercia o voto para as legislativas desde o 2º Mandato de Cavaco, porque sabia que não era possível o país continuar as políticas sucessivas de deficits contínuos. Perante o estado da situação pensei que com a pressão externa e com alguma independência de PC perante os barões “amigos” de Cavaco, talvez fosse possível reformar o Estado.
Puro logro, santa inocência…
Sabia que teríamos que fazer sacrifícios, mas não estava à espera de tanta inépcia, tanta falta de realismo e de conhecimento do país, tanta desigualdade nessa repartição.
Ficou claro para mim que quando PC afirmou que teríamos que empobrecer que a sua fixação e do Gaspar era só uma, diminuir o poder aquisitivo de quem sustenta as finanças públicas (classe média) para equilibrar a balança de pagamentos.
Perante esta visão e perante esta conjetura não vejo saída para Portugal.
Não estou a ver ninguém com capacidade de fazer o necessário combater:
- A ideia que a Europa nos está a ajudar com prejuízo. O BCE e os credores estão a ganhar fortunas com a divida externa, emprestam dinheiro a juros altos e compram a dívida dos países intervencionados (no mercado secundário) a um valor entre 50% a 95% do valor nominal da divida.
- Não é possível esta política de diferenças estupidamente gritantes na política fiscal, quando existe liberdades de capitais e mercadorias, deveria haver um equilíbrio fiscal ou então como acontece nos EU uma compensação por via de transferências. Qualquer estudante de economia sabe que esta politica só é possível aplicar em países com moeda própria, fronteiras de maneira a controlar a pauta aduaneira e políticas cambiais.
ASSIM SENDO SÓ HÁ UMA VIA
Internamente, não é possível o estado português estar reorganizado desta maneira:
Como é possível sermos o único país dos 27 que não se fez a regionalização será que a macrocefalia deste país penso como aquela mãe que via o filho a marchar ao contrário e pensava que os outos 99 em que estavam enganados.
Esta regionalização implicava reorganização territorial: autarquias, extinção das CCDR, tribunais, fusões faculdades, diminuição de representantes do estado (como é possível a AR ter 230 deputados e os Açores 67 e outos tantos a Madeira)
As forças armadas. Pergunto se os nossos credores acham que somos uns tesos, qual a razão de fazermos parte das missões militares no estrangeiro? Por que razão temos mais generais do mundo, isto por comparação de rácios de 100 soldados. As nossas forças armadas deveriam ser organizadas em função dos deveres patrulha e vigilância do nosso território terrestre e marítimo.
Para quem não tem uma indústria militar deveria organizar-se como a Suíça.
Como é possível não se combater a corrupção a fuga aos impostos e economia em paralelo.
Aprende-se no 1º ano de economia que quanto maior forem os impostos maior é a fuga.
Isto era o que esperava que um governo minimamente capaz de fazer e não o mais fácil que é taxar os que não têm capacidade de fuga.
Poderia dar mais exemplos como a reorganização da justiça o combate ao cancro da burocracia…
Nota: fecham urgências maternidades, postos de saúde mas a RTP continua enfim ...
O CDS diz que vai votar a favor do Orçamento para evitar crise política!... Sendeiros, covardes, vendedores de banha da cobra.
ResponderEliminarAgora falta o banalidades do presidente da Republica vir com aquele ar de coitadinho, dar o golpe de misericórdia.
Temos um ministro das finanças limitado, para não dizer outra coisa, e um 1º ministro de escola primária que não percebe patavina disto.
Espero que apareça um Redentor que ponha mão nisto e que meta esta corja toda na prisão.
Estamos a ser escravizados, a ser mão de obra barata. estão a vender o nosso património a preço de saldo.
Portugal está a morrer aos poucos.
O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.
«Só escapam os bancos, e os próprios responsáveis do Estado...»
ResponderEliminarOntem ainda tentei ouvir o F.Ulrich, mas a defesa do governo e deste orçamento, mais o BPI está disponível para receber desempregados, mas com o estado a pagar, que não aguentei e tive de mudar, antes de me dar qualquer coisinha... Um vómito, estes tipos não têm nenhuma sensibilidade para tanta e tanta gente que passa dificuldades extremas, que faz das tripas coração para sobreviver, que tem de sair para não mendigar ou roubar...
Abraço
O Dragão Vila Pouca tem toda a razão. Ouvir estas ditas elites a fal(adr)ar até mete dó. Um verdadeiro asco.
ResponderEliminarUlrich que nunca conseguiu acabar a licenciatura (verdade se diga que também não se insinua como Dr.)chegou ao actual estrelato pela via dos lençóis pois casou com uma senhora da família Burnay, detentora do Banco Burnay que mais tarde se juntou ao Fonsecas & Viana e deu origem ao Banco Fonsecas & Burnay. Este, juntamente com o Borges & Irmão e o Fomento Nacional, foram absorvidos pelo actual BPI. Daí a posição de Ulrich, as acções dos sogros valiam muito.
Mas, entre as muitas "boutades" que mandou para o ar, indignou-me essa de poder absorver mão-de-obra, desde que fosse o Estado a pagar. Ora bolas, com gente desta estamos fritos!!!