26 outubro, 2012

Sobre Jornalismo

A comunicação social é, a par da actividade política, aquela a que tenho dedicado mais atenção. O Prof. Alfredo Barbosa, escreveu [semanário Grande Porto] sobre a comunicação social o seguinte:

«A crise dos média não é apenas económica e financeira: é ética, é de valores.

Os órgãos de comunicação social que julgam saber o que os leitores desejam equivocam-se no essencial : são os leitores que os escolhem. E não o fazem apenas porque querem ler o escândalo da capa ou ver a mulher nua da terceira (como no Reino Unido). Os leitores podem comprar, aos milhões, diariamente, os jornais que investem na investigação de escândalos, mas não querem que lhes vendam gato por lebre. Se os leitores estivessem disponíveis para comprar lixo e mais lixo, o magnata dos média, Rupert Murdoch, não teria de sacrificar o seu filho e a sua editora predilecta depois do escândalo das escutas». 

Dos vários parágrafos que compõem o artigo de Alfredo Barbosa, há um detalhe que o excerto acima publicado não permite esclarecer e que faz toda a diferença: os leitores e o jornal a que se referia A.B., não são portugueses, são norte-americanos. Se até aqui, o dinheiro dos portugueses era parco para comprarem jornais, agora não sobra, nem para o pão. Por isso, a forte cumplicidade que os grupos económicos americanos ligados à comunicação social conseguiram estabelecer  com os leitores está ainda longe de acontecer em Portugal. Talvez a razão principal se prenda com a formação cívica dos proprietários dos nossos grupos económicos. Tanto o Jornal de Notícias, como o Diário de Notícias pertencem à Controlinveste, de Joaquim Oliveira [dono de 8 jornais, da TSF, 4 canais da TVCabo, e 2 revistas], que não é propriamente um homem ligado por vocação às letras, e o jornal Público de Belmiro de Azevedo também não, apesar de editorialmente mais criterioso. 

Pena é que crónicas com a relevância das publicadas por Alfredo Barbosa no Grande Porto, não tenham  outra visibilidade*, e que as Direcções dos jornais diários nacionais mais lidos não tenham a coragem de as comentar, quanto mais não seja para saber o que pensam sobre regras de ética, e da discussão que nos Estados Unidos se vem fazendo sobre a "lógica fundacional ou cooperativa" da actividade dos média...

  
* O Semanário Grande Porto continua na tacanhez do quase anonimato. Mesmo eu, que sou leitor habitual, tenho dificuldade em localizá-lo nas bancas dos quiosques, tão bem escondido se encontra. Nem sei como ainda sobrevive. Um pouco de publicidade, não ajudaria, caro Rogério Gomes?  

1 comentário:

  1. É pena que o Jornal Grande Porto tenha pouca saída, porque é um jornal semanal muito bem escrito por gente do nosso burgo que conhece bem os problemas da região.
    É um jornal muito pouco divulgado e sem apoio das autarquias! é o que me parece.

    Há jornalistas e escrivas e o importante é notícias sensacionalistas de faca e alguidar para se vender jornais. Veja-se CM, o Crime, e tantos outros. Aquele género da impressa cor de rosa, que diz a cor das cuecas que o ministro usa, são esses o tipo de pasquins que ainda tem saída.
    Depois para muitos ler a política é uma maçada, e o mais importante penso eu, é que há jornais a mais e são caros para o conteúdo.
    Para muita gente sem posses, ainda vão lendo à borla por alguns cafés e ficam mais informados.
    Por outro lado as Televisões, e a Internet, também estão contribuir para o pouco interesse no livro e jornal.

    O PORTO È GRANDE, VIVA O PORTO.

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