05 junho, 2013

De Lisboa, nem bons ventos, nem bons casamentos

As fronteiras são o melhor testemunho de afirmação, e simultaneamente de discórdia na história  dos países. Se as fronteiras foram criadas, não foi seguramente por motivos pacíficos, ou por amor recíproco entre povos vizinhos. Localizado na periferia ocidental da Europa, e com o flanco maior da sua costa marítima virada para o Atlântico, era inevitável para Portugal ter como principal inimigo a Espanha. De momento, não importa saber se a entrada na União Europeia, com o consequente desmantelamento das fronteiras, foi uma decisão positiva, ou não, o que releva mesmo é que, desde então, os atritos entre os dois países parecem ter serenado.

O certo é, que as relações entre Portugal e Espanha, principalmente o Norte nacional e a Galiza, só não estão melhores, quer em termos culturais, quer económicos, porque os governos centrais não quiseram nem querem. Mas os governos centrais, na simples acepção do termo, não foram, de per si, um obstáculo, o obstáculo foi o hiper-centralismo das suas práticas governativas, que levaram o resto do país a uma profunda desigualdade social e económica, que dificilmente será superada nos próximos anos, mesmo com a Regionalização. 

O curioso, no meio de tudo isto, é chegarmos à triste conclusão, que a maior fronteira, a mais hostil e agressiva, vem sendo traçada dentro de portas, pelo Terreiro do Paço, baluarte simbólico do divisionismo do país. E é inútil revitalizar o velho fantasma do complexo do Porto em relação à capital, porque essa não é mais do que uma desculpa idiota para eternizar o problema cujas consequências podem ser uma desgraça.

Folguei em saber que um grupo de notáveis decidiram finalmente juntar-se para discutir o Norte, e subscrevo a ideia de Rui Moreira de combater a portofobia, evitando os erros de Lisboa. Só que, observando, um a um, o perfil dos intervenientes, parte dos quais viveram de costas voltadas para o Norte, interrogo-me se a iniciativa [louvável], terá pernas para andar. 

Gostava de me enganar [gostava  mesmo], mas tenho a certeza que, chegada a hora das grandes decisões [se lá chegarem], alguns destes protagonistas abandonam o barco. Não detecto ali, pelo menos, nalguns dos participantes, a mínima vocação para seguir em frente, custe o que custar, até que o Terreiro do Paço perceba que não se trata apenas de um inofensivo processo de intenções, para provinciano alegrar. Isto de dizer que o Norte tem importantes agentes económicos, e um empresariado qualificado, soa bem, mas de pouco serve se não se decidir o que fazer com eles. Diz o JN que existe consenso sobre como deve actuar-se para o Norte e o Porto se afirmarem, concluindo que apenas nos falta o poder político... Faltará? Então, não há, e não houve sempre, nos variados governos e no Parlamento, gente do Porto e de outras cidades nortenhas? Os que ainda lá estão, servem, ou não, para este projecto intitulado pelo JN de "revolucionário"? Se não servem, como pensam lá chegar [ao poder político]?

Sinceramente, gostava muito de ser optimista, mas como sê-lo, conhecendo como conheço esta tendência mórbida de alguns "notáveis" nortenhos [não só do Porto, sublinhe-se], para o beija-mão reverencial  ao Terreiro do Paço, e à sua mais poderosa arma, chamada comunicação social? 

Não querendo meter o futebol na política [mas onde é que ela não está?], é importante que o usemos sem complexos para nos defendermos do centralismo, como os centralistas o usam contra nós e sem cerimónias, para nos silenciar e enfraquecer. E como nós só agora temos o Porto Canal, ainda em modo de estágio, a réplica é inofensiva.  Dou-vos só este singelo exemplo. No jogo de andebol para a Taça de Portugal, disputado sintomaticamente em Tavira, houve uma arbitragem incompetente e tendenciosa que fez tombar a Taça para o lado do Sporting. Por que é que um jogo de final tinha de ser em Tavira, tão distante dos portistas, 300 Kms. mais distantes que os do Sporting? Faz algum sentido?

Segundo o jornal desportivo O JOGO, Adelino Caldeira recusou-se a cumprimentar o presidente do Sporting antes do jogo, devido a declarações sobre fruta, por altura da venda de J. Moutinho ao Mónaco.. Hoje, em todas as estações de tv lisboetas a notícia era contada assim: "Sporting corta relações institucionais com o FCPorto". E a seguir, sem ouvirem a outra parte, prosseguiram com a declaração do dirigente leonino com pompa e circunstância, como se tratasse de uma verdadeira declaração de guerra. 

Significativo também, é que essas mesmas televisões, incluindo a que se diz pública [RTP], que se fartaram de cheirar o rabo ao Mourinho em Madrid, acompanhando todas as conferências de imprensa do treinador, como se o Real Madrid fosse um clube português, ignoraram por completo o artigo do jornal MARCA abaixo publicado, só porque não suportaram ter de reproduzir o que os nossos «inimigos» espanhóis escreveram do Presidente Pinto da Costa. Nem os comentários venenosos de Octávio Machado mancharam o artigo, onde era reconhecida a competência do líder portista. É caso para dizer que nuestros hermanos de Espanha são mais patriotas que os lisboetas...

Escusado se torna prever as explicações dos media para tanto desrespeito, porque ele assenta no facto de o FCPorto  ter perdido, há muito, e com razão, a confiança na isenção dos media lisboetas, e como tal, prefere não lhes falar. Sim, porque, dissesse o que dissesse o dirigente portista, é certo e seguro que só serviria para ser manipulado e gerar ainda mais confusão. Como já escrevi em post anterior, este é o panorama de um país governado por gente sem qualificações intelectuais, cívicas e honoríficas. E depois, o futebol é quem gera a violência. Não, não é! São estes governantes de merda! 

PS-Acho muito bem que Adelino Caldeira não tenha cumprimentado o aprendiz de feiticeiro do Sporting, um rapazinho de voz grossa com mente de ervilha, que também se deixou seduzir pelo síndroma anti-pintista, iludido que assim sobe ao reino dos céus mais depressa. 

Spotinguistas, desconfiem, lembrem-se que foi assim que Vale e Azevedo virou a cabeça aos benfiquistas, e depois foi o que se viu... Ah, e Vale e Azevedo está na cadeia.

3 comentários:

  1. De lisboa não se pode esperar nada de bom, ainda por cima os deputados eleitos pelo Porto quando lá chegam, ficam abismados, e nunca mais se lembram das origens, mas eu acho que a culpa não é deles, mas de quem vota neles, e se amanhã houver eleições, ganham os mesmos, é a nossa sina.
    Quanto ao sporting,com amigos destes, quem precisa de inimigos, mais um vale e Azevedo, com voz grossa, qualquer dia começa a rasgar contratos como o outro.
    Abraço
    Manuel moutinho

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  2. Eu tenho duvidas, que estes revoltosos leões da nossa praça da cidade do Porto, em relação ao gamanço descarado dos democratas absolutistas da centralidade Lisboeta, amanhã e como do costume não passem de uns sendeirozinhos.

    O Vale Azevedo verde, a cortar relações com o fCP dá cá uma chatice do carago, até vamos chorar lágrimas de crocodilo.
    Apetece-me dizer: Ó pá vai dar vai dar banho ao cão.

    O V.A. verde bananas, só não disse que o andebol do FCP (como sempre) foi roubado por uma dupla de sujos madeirenses sem escrúpulos.

    Os portuenses estão cansados de serem roubados, espoliados, vigarizados por uma quadrilha de centralistas governantes.

    O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.

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  3. Boa tarde,

    Mais uma vez comungo das ideias.
    Penso que o que vou descrever se enquadra.
    Mais um exemplo do FACSIOSIMO/ÓDIO/ NÃO ISENÇÃO QUE A BOLA DEMONSTRA PELO FCP E SEUS DIRIGENTES
    A Bola TV tem na sua grelha um programa chamado ´Revista de Imprensa Internacional editado diariamente às 11:15, focando normalmente imprensa de Inglaterra, Espanha, Itália, França, e mostrando normalmente tudo que é editado de bem sobre José M, SLB, CR e no caso do FCP as notícias que a Bola da relevo (escárnio e maldizer).
    Vem isto a propósito que ontem (dia 13/06/2013) esse programa não foi editado, estranhei mas rapidamente percebi a razão como o jornal a Marca (de Espanha) é um dos jornais sempre em evidência nesse programa e nesse dia (como sabem) editou um extenso artigo (3 folhas) sobre o FCP em que basicamente diziam que o FCP é um exemplo (copiado por clubes de referência como RM) de gestão desportiva e económica chegando-se a comparar ao Rei Midas (que transformava em ouro tudo que tocava), percebi a razão pela alteração da programação, como não poderiam evitar em falar cancelaram o programa e hoje (Sexta) retomaram.
    Serve este exemplo para mais uma vez reforçar a ideia que tenho de que os putativos portistas (colaboracionistas)como Miguel S Tavares, Rui Moreira, só colaboram porque são mercenários (o vil metal tem muito peso).

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Abrimos portas à frontalidade, mas restringimos sem demagogia, o insulto e a provocação. Democraticamente...