09 agosto, 2013

A ponte

Casa Milá de Antoni Gaudi
Durante os quase 50 anos que levamos de democracia, o argumento que mais  se ouviu e que serviu para branquear os repetidos fracassos governativos, foi a sua tenra idade. Tal argumento até seria aceitável, se fosse sério. A questão é que em Portugal, até os argumentos a prazo se tornam intemporais. Não nos admiremos portanto que daqui a 100, ou 200  anos, os nossos bisnetos e trinetos, continuem a ouvir o CD  da idade materno-infantil da democracia portuguesa. É uma encenação "filosófica" do tipo pilha Duracell, passe a publicidade, que dura, dura, dura, e que vai dando garantias de permanência no poder aos incompetentes e  corruptos, para além do prazo de validade.

Mas, além da eterna juventude, a democracia em Portugal [e também noutras latitudes, admita-se] tem outra característica: não admite evolução. É aqui que entra Winston Churchill no papel de fiador involuntário dos que ainda hoje se agarram à sua máxima para nada fazerem pela democracia.

Quando Churchill afirmou que a democracia era o pior de todos os regimes, exceptuando todos os outros, fê-lo numa época terrível, de guerra e de convulsão social em que, de facto, fazia todo o sentido aquela declaração. O que duvido, é que hoje dissesse o mesmo. Churchill, era um Homem de inteligência requintada, como hoje não há igual. Além de fumar charutos [a sua imagem de marca], era alguém de vistas largas que levou a sério e honrou a sua carreira de político. Portanto, o que esta canalhada faz hoje, não é mais do que tirar partido da fama do grande estadista, para o plagiar e se deitar à sombra dela, e para nada fazerem.

Como tudo é composto de mudança, a democracia não pode fugir à regra. Podemos construir pontes de todos os feitios e com materiais diversos, o fundamental é que a ponte não caia. Mal estaria a engenharia, a ciência ou a arte, se alguém se lembrasse de se agarrar à máxima de Churchill como a uma fatalidade, ou como um processo acabado. Assim, não haveria evolução, nem nunca seria dado o devido valor a Salvador Dali, a Picasso, ou a Gaudi. Só o preconceito, e o pavor pelo novo, atrasa o reconhecimento da competência.

Das pontes, a última coisa que queremos é que elas tombem. O modelo podemos deixá-lo ao gosto do criador. Da democracia, também só queremos é que ela funcione. Mas para funcionar, o modelo ideal será sempre o que melhor contemple a felicidade das pessoas. Agora, deixá-la abandalhar a coberto do prestígio de Churchill, pode fazê-la cair.

4 comentários:

  1. Silva Pereira09/08/13, 19:34

    Boa tarde,

    Bonito mas parece-me que se equivocou e este post era para saír em 2024.

    Um abraço e não leve a mal este reparo

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  2. Talvez tenha razão...

    Um abraço

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  3. Em Portugal, com esta nova inteligência...talvez dois séculos. O que vale é que já não estamos por aqui...mas pairamos e rimos.

    Abraço e bom fim-de-semana

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  4. Simples. Acaba-se com a obrigatoriedade de pertença a um partido político para se ser deputado; acabe-se com o financiamento dos partidos e dos sindicatos através do orçamento de estado (que se governem com o que os militantes ou associados proporcionam), que se acabe com a disciplina de voto dos partidos e, a discutir noutros moldes, que se concretize o artigo 255º da CRP, que se concretizem as regiões administrativas...Chega! Queremos autonomia administrativa e financeira!

    Cumprimentos,

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