É a minha opinião, e vale o que vale uma opinião. A questão é que, até ao momento, não encontrei opinião melhor, e que é a seguinte: enquanto o regime capitalista, goste-se ou não, continua - como disse Karl Marx - a inspirar-se na exploração do homem pelo homem e nas sociedades de consumo, o comunismo tem realmente uma ideologia, que não sendo perfeita, defende exactamente o contrário, isto é, a desmistificação feudal das sociedades elitistas.
O grande defeito do regime comunista, como aliás de qualquer outra ideologia política, são os homens, frequentemente incapazes de seguir um ideal sem sucumbirem à sedução que a seguir ao poder os enreda na corrupção, e daí na ditadura. O capitalismo, não é humanista, é negócio puro e duro, de preferência desregrado. Não possui qualquer ideal social. É pragmático com o dinheiro, mas injusto e elitista com a sua distribuição. Não será por acaso que é nos países capitalistas do Norte da Europa mais civilizada, onde os assuntos de ordem social são mais respeitados, que também se vive melhor. Se os governantes e os empresários dos países latinos tivessem a mentalidade dos escandinavos, talvez as coisas fossem um pouco diferentes para melhor. Mas isso, é uma utopia, os latinos são geneticamente avessos à ordem e às questões de justiça social. Os latinos têm uma ideia de justiça e de dever muito individualista, praticamente só se preocupam com esses assuntos quando tal lhes interessa, particularmente. Isto é um facto.
Mas há um aspecto que me repugna em certos povos como o nosso, que é não compreenderem que o presente mais venenoso que um governante lhes pode oferecer, é o elogio. Se há discurso que me enoja, é ouvir um político glorificar a serenidade do povo, ou orgulhar-se dos emigrantes. Mas pior, muito pior, é saber que ainda há muita gente a comover-se com estes piropos. Aí, meus caros, confesso, chego a ter vergonha de me saber português.
A propósito, e como falei de comunismo, vou citar um exemplo que extraí dum livro que estou a reler e que se relaciona com o conformismo e a cobardia de certos povos, neste caso, o russo. O livro chama-se "O Arquipélago de Gulag", fala do regime stalinista, das perseguições, de detenções indiscriminadas, e do medo. O autor [A. Soljenitsine], que também esteve preso e viveu portanto a repressão, sugere-lhe imaginar o seguinte: "Em pleno dia, a detenção é inevitavelmente um momento breve, que não se repete, em que o levam através da multidão, entre centenas de outros homens, igualmente inocentes e condenados como você. E a sua boca não foi tapada. E você pode e deveria absolutamente GRITAR! Gritar que vai preso! Que há malfeitores disfarçados que andam à caça das pessoas! Que as apanham com base em denúncias falsas! Que uma surda repressão é desencadeada contra milhões de pessoas! E, ouvindo esses gritos, inúmeras vezes durante o dia, e em todas as partes da cidade, talvez que os nossos concidadãos se revelassem! E talvez que as detenções não se tivessem tornado tão fáceis!?
Sejamos razoáveis, mas não masoquistamente paternalistas. Este pedaço de texto, onde o medo, a indiferença pelo outros é tão flagrante, reporta-se a uma época tenebrosa da história da ex-União Soviética. Havia uma ditadura e a polícia repressiva agia a seu bel prazer para levar sem explicação para a cadeia qualquer pessoa, mesmo que inocente. Em que patamar de valentia teremos de colocar o povo português quando aceita pacificamente a destruição das regalias sociais e a redução de reformas já de si baixas? Quando aceita, ou está disposto a aceitar ser governado por gente que se habituou a mentir-lhes sem lhes pedir garantias? Quando a pretexto da crise, diz que sim a salários cada vez mais reduzidos, sem exigir sacrifícios a quem os impõe? Que povo é este? Nem as crianças são tão ingénuas. De um povo assim, tenho vergonha.
Sr. Rui Valente
ResponderEliminarÉ por isso, mas não só, que sou regionalista convicto.
Não estou. nem nunca estive, ligado a partido algum, precisamente, por compreender, que não representam, hoje em dia, quaisquer augustas gentes. Pelo menos, não me representam a mim. Acredite, talvez tenha perdido muito por ser como sou, mas não me arrependo. Houve um dia dia que tive os respectivos líderes da JS e JSD, bêbedos que nem dois cachos, cada um a tentar convencer-me, perante a vergonha a que os remeti. a entrar para o seu partido. Mas, a minha alma tripeira, não está, nem nunca esteve À venda.
Posso morrer pobre...eu já nasci e vivo assim!Mas uma coisa lhe garanto...Serei um legítimo herdeiro bélico de Saldanha...para bom entendedor...
Cumprimentos,
Há muitas ideologias falidas e outras assim assim, é um mundo falido. Há muitos idiotas e idiólatras, e pulhice política cada vez há mais. Cada povo tem aquilo que merece, e, este não foge à regra.
ResponderEliminarO grande problema de muitos partidos ideológicos são os chefes e seus seguidores fanáticos que não ouvem ninguém. A democracia é o paraíso para estes dejectos políticos idiotas, que engordam com o dinheiro roubado de quem trabalha.
Já não acredito em nada, a não ser em mim, e mesmo assim no meio desta corja, já começo a ter medo da minha própria sombra.
O PORTO É GRANDE, VIVA O PORTO.
Tempos de medo, remete-me para o Portugal de hoje e em certas situações, estes democratas, entre aspas, claro, são piores que o ditador Salazar.
ResponderEliminarÉ uma vergonha o que se está apassar neste país.
Abraço
"...O capitalismo, não é humanista, é negócio puro e duro, de preferência desregrado. Não possui qualquer ideal social. É pragmático com o dinheiro, mas injusto e elitista com a sua distribuição...."
ResponderEliminarFaleceu hoje 25 de Agosto, Antonio Borges!
Alguém que na minha opiniao personificava o que acima retirei do post.
Acredito que fosse um técnico de qualidade mas, lá está, lado humano muito dèbil, nos ultimos tempos deu n tiros nos pés.
Uma pessoa que diz o que disse passando completamente ao lado e desprezando os que passam mal...
Nao me revejo nestas mentalidades que reduzem tudo a numeros, estatisticas, resultados.
Independentemente da gula para manter fachada, uma coisa é certa, a vida ainda nao se pode comprar!
RIP!
Deacon Blue
Deacon Blue,
ResponderEliminarDe facto, de "técnicos de qualidade" estamos nós fartos. Mas, do que nós precisamos, é de governantes de qualidade, que entendam de vez, que governar um país, não é um mero exercício de contabilidade, onde os números se confundem com pessoas. É muito mais do que isso.
Lá estão os hipócritas dos jornalistas a forjar outro mito. António Borges, era um simples economista. Ponto. Que descanse em paz.